quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O que ler?

Nessa época do ano por aqui, após as férias de verão, é como se um ciclo tivesse terminado e um outro esteja começando!
E como tem muita novidade, é a época também em que são lançados no mercado muitos novos livros ou versões. Mesmo si os editores falam de uma certa "recessão", ainda assim 654 romances chegam às livrarias nas próximas semanas (a maioria nos próximos dias!), contra 701 na mesma época no ano passado.
Como não se perder no meio de toda essa quantidade de livros?

Mas como livros é sempre algo pessoal e por assim dizer muito subjetivo, o que eu gosto não quer dizer que você goste e por aí vai... Vou repassar algumas dicas da revista Elle da semana passada, mas com os títulos que vão sair aqui na França, pois não tive tempo de procurar os títulos originais, mas quem se interessar pode procurar no google pelo nome do autor:
- Um dos livros mais esperados é o "Limanov", do escritor Emmanuel Carrère.
- 3 escritoras estão no topo da lista: Marie Darrieussecq com "Clèves", Sophie Fontanel com "L'envie" e Delphine de Vigan com "Rien ne s'oppose à la nuit".
- "Les amandes amères" de Laurence Cossé, "Je ne suis pas celle que je suis" de Chahdortt Djavann.
E na literatura estrangeira:
- "Freedon", de Jonathan Franzen, o livro de cabeceira de B. Obama.
- "Room", da canadense Emma Donoghue
- "1Q84" de Haruki Murakami
- "Désolations", de David Vann

Eu ainda não sei por onde começar, mas essas dicas ficam aqui para minhas próprias consultas futuras quando estiver buscando uma nova leitura! Por enquanto, com tanta coisa acumulada aqui para ler não sinto falta nenhuma da TV, que por sinal estou sem desde março!

Classificação do 29 de agosto de livros mais vendidos, pela Virgin Megastore:
1. "Tuer le père", de Amélie Nothomb
2. "Freedom", de Jonathan Franzen
3. "1Q84" de Haruki Murakami
4. "Avant d'aller dormir", de S.J. Watson
5. "La femme au mirroir", de E.-E. Schmitt
Fonte: Elle nº 3425 do 19 de agosto de 2011 (França)

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

David Guetta

Como já deu para perceber, sou bem eclética, e hoje gostaria de falar de David Guetta, que está com um novo álbum, Nothing But The Beat.

Não posso dizer que sou especialista no assunto, mas David Guetta é considerado o maior DJ francês e o segundo do ranking internacional, apreciado por muitas personalidades do mundo dos famosos. Além de DJ, é um excelente homem de negócios e com a sua esposa (com quem está casado há quase 20 anos e com quem tem 2 filhos) eles organizam festas com convidados de peso e que são o maior sucesso.

Muito criticado por alguns que consideram a sua música muito comercial e pretendem que ele não tem nenhum talento, o que posso dizer é que sempre que o vejo em entrevistas ele passa a impressão de ser uma pessoa supersimples e que vive realmente para o que faz, que ama o que faz, além de ser muito inteligente e de ter uma cultura musicial de dar inveja!!!

Escolhi falar dele hoje porque muita gente acha que música francesa é apenas Aznavour, Jacques Brel e Edith Piaf, mas tem muita coisa moderna e a juventude francesa aprecia toda uma outra coisa que não os clássicos franceses. Além disso, muita gente pode ter ouvido falar nele mas nunca se ligou que era um francês!!!

Então, na França tem muita música e festa animada sim... Mas só não me perguntem onde, ainda não fui convidada!!!
Alguém consegue colocar o meu nome na lista?

sábado, 27 de agosto de 2011

'Aznavour, Toujours' ícone da música francesa

Aznavour está com um novo  (e último?) disco que será lançado no final do mês, mais exatamente no dia 29 de agosto e começa em setembro uma série de shows no renomado Olympia. Junto com o disco está saindo seu livro "D'une porte à l'autre".
Trata-se de Aznavour  Toujours, com duas músicas ("Va" e "Viens m'emporter") que nos fazem pensar em um adeus, ao menos aos palcos. Aos 87 anos, ele já pode pensar em se aposentar!

Adeus ou não, estarei lá em setembro no Olympia para conferir essa lenda da música francesa. De origem armênia, seus pais fugiram o grande genocídio em seu país e e estavam na França por acaso, a espera de um visto para os EUA (que nunca saiu) quando o pequeno Charles Aznavour nasceu.  Então é praticamente por acaso que ele não se tornou quem sabe um grande cantor americano!

Em uma entrevista recente ele teria dito:
"Ce qu'on pense de moi, je m'en fous. Qu'un jour on doit partir, on le sait. Mais faut pas trop y penser, ça diminue les forces."
"O que pensam de mim, eu não me importo. Que um dia a gente deve partir, a gente sabe. Mas não devemos pensar nisso, pois diminui nossas forças" (tradução livre)

Depois conto para vocês sobre o show e o novo disco, assim como do livro, se eu conseguir ler em seguida!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

JOSEFOV: o bairro judeu de Praga

O bairro judeu é um dos locais mais visitados de Praga.  Como muitas cidades da Boêmia e da Morávia, Praga acolheu uma grande comunidade judaica desde a Idade Média. Entretanto, os judeus eram "tolerados", mas viviam na insegurança, sofrendo diversas perseguições ao longo dos séculos. O bairro era fechado por muros até 1848 (função tanto protecionista quanto segregacionista), constituindo o que chamamos de "gueto". Por muito tempo os judeus não eram autorizados a viver fora desses muros.
Josefov é composto por seis sinagogas, a prefeitura e o velho cemitério judeu, fundado no século XV, que acolhe, dentre outras, o túmulo do rabino Juda Loew ben Bezalel (falecido em 1609), hoje local de peregrinagem. Com exceção de alguns momumentos importantes, o gueto foi totalmente destruído no final do século XIX e reconstruído de acordo com as normas higienistas da época. Com largas avenidas (como a rua de Paris) , atualmente o bairro abriga os prédios mais elegantes do estilo Art Nouveau de Praga.

          A sinagoga Velha-Nova (Staronová, à esquerda) guarda manuscritos hebraicos de valor inestimável. Considerada a mais antiga da Europa (século XIII) ainda em atividade. A direita podemos ver a antiga prefeitura judaica, com seus números em hebraico e os ponteiros que giram da direita para a esquerda!
 Sinagoga Klaus, à entrada do cemitério
Cemitério judeu, com suas 12 mil lápides "amontoadas", do século XV ao XVIII.
Sinagoga espanhola, a mais recente.
Imóveis estilo Art Nouveau
A nova arquitetura do bairro representou uma nova Idade de Ouro para o local, que se termina de forma trágica com a chegada dos nazistas em 1939. A maioria dos judeus da região foram enviados ao campo de concentração de Terezin e de lá nunca mais voltaram. Atualmente todo o complexo é gerenciado pelo "museu nacional judaico", que preserva as sinagogas e a memória desse bairro.

google imagens
Segundo a lenda, o rabino Loew teria dado vida a partir do barro à criatura conhecida como o Golem.

Gostou de Praga? Saiba mais sobre o mosteiro de Strahov,  a cidade ou sobre a Catedral São Vito.

Informações práticas: 
A visita do bairro é gratuita, claro, mas para visitar as sinagogas e o cemitério é necessário adquirir um ou mais ingressos (visitas isoladas ou um ticket completo). Lembrando que os monumentos são fechados para visitação aos sábados e feriados judaicos.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Strahovsky Kláster, Praga

          Um dos lugares que mais gostamos de visitar em Praga foi o mosteiro de Strahov. Esse célebre mosteiro fica na parte alta da cidade, no bairro Hradcany, perto do castelo e foi fundado no século XII pelos premonstratenses (ou norbertinos, pelo que pude traduzir), uma comunidade de ordem católica. E lá estão localizadas duas bibliotecas excepcionais, cuja riqueza e ornamentos nos deixam sem palavras.

 Sala de teologia, a "maravilha de Strahov", decorada em estilo barroco exuberante em 1671
e afrescos do início do século XVIII. Abriga mais de 15 mil volumes.
Sala de filosofia, com um teto alto e estreito. Abriga mais de 50 mil volumes

          A biblioteca é constituída de salas de teologia e de filosofia. Nas salas anexas podemos observar algumas iluminuras medievais (século IX) e um "mini-museu" de história natural.

                                      Reservando com antecedência é possível visitar o interior das duas bibliotecas, eles nos emprestam umas pantufas e a visita é guiada e limitada a 30 minutos. Para fotografar é necessário pagar um "extra", o equivalente a 2€, e 4€ para filmar. Diante de tanta beleza não nos importamos em pagar, pois acreditamos que o dinheiro é investido na manutenção do local, que merece mesmo, para continuar assim belo e aberto a visitas!
Além da biblioteca, é possível visitar a Igreja Nossa Senhora da Ascensão na qual teria tocado Mozart, a Capela São Roque (dedicada às exposições temporárias) e a Galeria Strahov, consagrada a telas religiosas e de paisagens, indo do estilo gótico ao romantismo (pinturas do século XV até o XIX). Ao fundo do mosteiro, o jardim nos beneficia de um dos mais belos paronamas de Praga.
Portão de entrada do monastério, construído em 1742 e decorado com estátuas de São Norberto e dois casais de anjos portando os emblemas do santo.
 Nossa senhora da ascensão
No pátio interno do mosteiro.

Gostou de Praga?
Saiba mais sobre a cidade, a Catedral São Vito, seus personagens ilustres ou o bairro judeu

sábado, 20 de agosto de 2011

Praga e a catedral São Vito

Um dos pontos altos da visita do castelo de Praga é a Catedral São Vito (Guy, em francês), cuja construção começou em 1344 com o rei Carlos IV e foi concluída em 1929! Claro que nesse meio tempo ela sofreu tudo que é tipo de sorte (melhor dizer azar!), como incêndios, guerras, bombardeamentos, raios, etc...

Pelo que entendi a visita da catedral muda de acordo com o vento... Isso para dizer que cada informações foi contraditória, e que em agosto de 2011 quando estive lá, podemos sim entrar e visitar gratuitamente a catedral, mas essa visita se limita à entrada da mesma, antes dos bancos. Para fazer a volta, é necessário ter um ingresso, que não é mais vendido individualmente, mas é incluído no ingresso completo do castelo (ou seja, o bilhete mais caro).
A fachada é a parte mais recente, de estilo neogótico, com uma enorme rosácea que relata a criação do mundo. Os portais de bronze datam de 1927. O interior é de aspecto clássico, com 3 "naves" (nefs), e capelas ao redor.
Destaque para a capela St Venceslas., la cripta, o mausoléu real e o grande sino de 1549 (287 degraus para chegar ao relógio astronômico de 1597) e os os vitrais do artista tcheco Alfons Mucha (1930), um dos principais fundadores e representantes do movimento Art Nouveau (ele trabalhou principalmente com ilustrações).

 Um impressionante mosaico chamado "O juízo final", realizado pelos artistas de Veneza em 95m2 utilizando principalmente cristal de Bohêmia e quartz, mas que exigiu muitas renovações ao longo dos séculos, a última recentemente.



Visita imperdível, independente da religião (ou falta da mesma) do visitante!!!

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Praga, a cidade das 100 torres

Aproveitei o feriado aqui na França do dia 15 de agosto para dar uma esticadinha em Praga. Eu que sou adepta do trem para viagens curtas, fiquei supercontente em pegar o avião e desembarcar em Praga menos de 2 horas mais tarde, e assim poder aproveitar ao máximo tão pouco tempo que tive para conhecer a capital da República Tcheca.

Indiscutivelmente Praga é uma cidade linda e extravagante, uma concentração em arte onde por muito tempo coexistiram 3 comunidades distintas e que fizeram dela o que é hoje: a comunidade alemã (que "dominou" durante séculos, seja na política, seja na literatura, seja nos negócios, isso até 1914), a tcheca (que por muito tempo lutou para ser reconhecida, oriunda de um mondo popular e rural) e a judaica (que viveu muito tempo às margens e praticamente desapareceu com o holocausto, mas que esteve no centro no novo movimento artístico e literário a partir da segunda metade do século XIX.).


Em termos musicais, Praga evoca principalmente a música clássica. Impossível não pensar em Mozart (acolhido calorosamente pelos praguenses mesmo nos momentos mais difíceis da sua carreira), Beethoven, Chopin (que seduziram os apaixonados do assunto) e Dvorak ao caminhar pelas ruas da cidade e não se sentir um figurante do filme Amadeus. Podemos assitir aos inúmeros oncertos propostos em igrejas e salas de espetáculos por preços incrivelmente "corretos". Historinha para turistas? Pode ser, mas a tradição musical por ali é muito conhecida. Mozart, que sempre reclamou do amadorismo de certas formações musicais mesmo as mais prestigiadas da Europa, não tinha nenhuma dúvida quanto à qualidade dos músicos de Praga que trabalhavam nas suas óperas representadas na cidade. 
 Placa diante da casa em que Beethoven residiu quando esteve em Praga em 1796. Os 3 violões marcam uma antiga loja (12 rua Nerudova) que ele costumava frequentar quando estava na cidade (ele reparava seus instrumentos ali com o reputado proprietário).

Praga com seu centro histórico, a rua Celetná, a Igreja Nossa Senhora do Tyn, o relógio astronômico, o bairro Art Nouveau, o bairro judeu com  suas sinagogas o cemitério judaico. a Ponte Carlos IV, a Igreja São Nicolau, a rua Nerudova, o castelo real e a catedral São Guy, a ruela dourada, a Igreja Nossa senhora de la Lorette e o monastério Strahov. O museu Mucha, a Galeria Nacional de Arte Moderna de Praga e a avenida Václavské náměstí (equivalente à "Champs Elysées").

Praga também leva o apelido de "cidade das cem torres". A vista da cidade alta (como no bairro do castelo) é linda, com as casas coloridas e os telhados em telha marrom! Tudo muito bem restaurado!

A cidade escapou das loucuras destruidoras da guerra dos 30 anos (séc. XVII) e das duas guerras mundiais, sobrevivendo a Hitler e Stalin. Mas os especialistas se perguntam se ela vai sobreviver à invasão dos turistas... Ainda mais durante a minha visita em pleno verão, a cidade estava efervecente. Mas ainda assim foi possível admirar as suas belezas e me encontrar muitas vezes longe da multidão!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Como reconhecer um francês em viagem?

Eu poderia listar aqui uma seqüência de comportamentos que a gente vê tipicamente em franceses, mas o que me chama mais atenção é que eles estão sempre com um livro de viagem na mão! Calma, vocês dirão que em viagens todo mundo tem um guia de viagens, mas eu vejo uma sutil diferença, porém marcante, que tentarei explicar. Um dos livros de viagens preferido dos franceses é o Routard (palavra que equivale ao nosso "mochileiro"), e existe de tudo que é país e todas as cidades que os franceses gostam de visitar. Uma nova versão é lançada todos os anos. Nesse tipo de livro, o mais intrigante é que ele é completamente em preto e branco (com exceção da capa), impresso em papel jornal e não tem nenhuma foto!!! Ou seja, é só leitura mesmo! E isso eu acho que diferencia um francês de um outro turista comum: além de ler muito antes, ele lê durante a viagem!!!
Durante??? Isso!
A gente encontra o francês diante de um monumento ou parado em uma rua, lendo tudo sobre aquele local. Se ele está entre amigos ou família, um vai estar lendo em voz alta e explicando aos outros o que se passou ali. E imaginem a frustração se eles não encontram em nenhum livro ou nenhuma placa toda a história de tudo que se passou ou se passa por ali!!!

Em nossa viagem a Roma, lembro que eu estava sentada no pátio interno do museu do Vaticano e Sylvain estava intrigado com um globo terrestre exposto bem no meio do pátio. Ele não sossegou e foi procurar alguma informação, e eu fiquei ali sentada esperando. Vi centenas (ou milhares, pois fiquei quase uma hora ali!!!) de pessoas passarem por ali, fotografarem e partirem... Mas sempre que aparecia um francês, ele procurava no livro alguma informação sobre a obra, queria saber porquê ela estava lá, o que significava, etc... Eu ali sentada com um livro em francês na mão e todos vinham me perguntar se eu tinha alguma informação sobre o globo!!!

Então, eu diria que um francês não visita um momumento por visitar, ele se interessa porque em uma época se passou algo ali, porque tem toda uma história ou um ato de criação por trás.

E acho que esse tipo de curiosidade começa desde cedo. Mais tarde, nós estávamos na Igreja que abriga a escultura de Michelangelo (o Moisés), e um menino francês de uns 8 anos exclama maravilhado aos pais, em um francês rebuscado que não encontramos qualquer adulto:

"Eu já vi maravilhas nesses meus 8 anos, mas a beleza desta obra ultrapassa tudo que eu poderia imaginar..."

Na mesma viagem, mais tarde em Murano, visitando o museu do vidro, uma menina de uns 8 anos igualmente lia todas as fichas expostas e explicava para a mãe todo o processo de fabricação do vidro. A mãe a estimulava, fazia perguntas, a menina lia, buscava a resposta e respondia.

Para mim o livro de viagens (quando bem feito) é fundamental, pois vai me explicar, além de detalhes básicos (como os horários de abertura, dias e horários de gratuidade, por exemplo), os detalhes do que se passou naqueles locais, e então visitar o que mais me interessa! Um monte de pedras pode não significar nada para muita gente, mas quando sabemos que se tratam de ruínas de um local importante em um determinado momento da humanidade, esse "monte de pedras" começa a ter um outro significado no nosso imaginário.

No início confesso que achava esse tipo de livro (sem imagens) superchato, mas agora me acostumei tanto que não viajo sem!


Questões a debater (quero conhecer a sua opinião!):
- Vocês costumam pesquisar antes e/ou durante a viagem?
- Você acha que existe algo que se repete no comportamento dos viajantes do seu país (onde nasceu ou onde mora), ou reparou em algo típico de outros povos?

P.S.: Esse post não é um estudo sociológico do comportamento dos franceses, mas surgiu do que pude observar MUITO até então. Claro que vocês podem encontrar franceses por aí que não estão nem aí para o que se passou no local que estão visitando (ou então muitos que nem gostam de viajar, por exemplo), ou então um outro turista superconcentrado na sua leitura e em todos os detalhes...

sábado, 13 de agosto de 2011

De viagens e de histórias

Desde muito cedo eu sonhava em conhecer Praga. Lembro que a fascinação por essa cidade começou na início da adolescência quando tive contato com os livros de Milan Kundera. O mais conhecido na época era "A insustentável leveza do ser" ( mais tarde transformado em filme) que se passa no contexto da Primavera de Praga (1968), quando os soviéticos invadiram a Tchecoslováquia (atuam República Tcheca). Mas os livros que mais me fizeram penetrar no universo desse escritor de alma boêmia (em referência a essa região da Europa Central, a Boemia, que com a Moravia e Silésia constituem atualmente o país) foram "O livro do riso e do esquecimento" (um dos principais temas do livro é a memória) e "Risíveis amores" (uma coletânea de 7 novelas do autor).

A descrição dos lugares e das pessoas eram tão diferentes de tudo que eu via e conhecia!!! Lembro que meu coração batia cada vez que alguém me descrevia a sua viagem a Praga...

Três histórias me marcaram muito quando eu tinha pouco mais de 20 anos: Uma professora que fez seus estudos de pós-gradução e falava com uma tão grande nostalgia (eu soube também que seu noivo faleceu enquanto ela estava estudando na europa, e ela nunca se casou); uma secretária que tinha morado na Alemanha durante anos e que um dia me contou que Praga foi o lugar mais incrível que ela visitou; e uma colega cujo avô, judeu tcheco, deixou Praga no início da 2ª guerra mundial para se instalar no sul do Brasil, me confiou em detalhes o recito da viagem que ele organisou com todos os filhos e netos (ela incluída) para rever a sua cidade natal 60 anos depois.
E só recentemente fiquei sabendo de uma personagem da história de Praga que se chamava Milena. Uma jornalista que ficou mais conhecida pela ligação com Kafka e que morreu em um campo de concentração em 1944. Foi uma grande surpresa encontrar o livro que conta essa trajetória, pois nunca tive a oportunidade de encontrar personagens com o mesmo nome que eu porto.

Sei que não verei essa Praga de todas essas histórias que me percorreram por todos esses anos... Conhecerei a "minha" Praga, certamente não a mesma que me contaram, mas espero que seja tão bela e fascinante quanto.

Conto para vocês assim que voltar!

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Acabei de ler, e você, o que está lendo?


Acho que nunca escrevi aqui que ler sempre foi e ainda é uma das minhas maiores paixões. Porém já faz muito tempo que não leio tudo que está na moda no momento em que está na moda. Antes tarde do que nunca!!!

Apenas recentemente consegui ter em mãos o primeiro volume da saga Millénium, "Les hommes qui n'aimaient pas les femmes", e terminei ontem já depois da meia noite. Gostei muito do livro, o primeiro que li do escritor sueco Stieg Larsson, e pretendo na próxima semana começar o segundo volume!
Não vi o filme. Confesso que mesmo o livro sendo bem interessante, achei um pouco previsível (na metade do livro eu já tinha descoberto quem era um dos assassinos) e já no início eu já tinha chegado a uma conclusão à qual os personagens só chegaram no final. Não entendo porque foi um livro que fez TANTO sucesso assim. Até o ano passado, cada vez que pegava o metrô (o que acontecia todos os dias!), acho que 9 de cada 10 mulheres que tinha um livro na mão, tratava-se desse!

Paralelamente, também li "Un amour de Swann", de Marcel Proust, um clássico francês, que terminei hoje na minha pausa para o almoço. Por um lado fiquei muito contente pois consegui lê-lo todinho e entender perfeitamente, apesar da linguagem rebuscada. Entretanto, tenho um pouco de vergonha em dizer que demorei quase um mês para concluir a leitura ((254 páginas), pois a mesma foi muito chata para mim!!! Pode parecer um sacrilégio para os amantes da literatura francesa, mas explico: o livro é tão narrativo, uma narrativa longa e entendiante... O autor chega a ficar páginas e páginas sem nem mesmo trocar de parágrafo!!! Haja fôlego e concentração!!! E ainda mais o marido a cada 2 minutos fazendo um comentário ("viu as duas francesas mortas na Argentina? viu o que está se passando na Inglaterra? Ligaram para dizer que o parquet está disponível na loja; recebi um sms de Nathalie, ela gostaria de marcar um jantar para um dia desses; reparou no novo restaurante chinês que abriu?") E a cada frase eu tinha vontade de matá-lo, pois me perdia no meio dessa narração sem parágrafos e tinha que voltar a página para retomar o fio da meada.

Então, para alternar com essa leitura chata e cansativa, li algo bem fácil e que prendeu a minha atenção do início ao fim! Na verdade gosto de alternar um livro antigo com algo mais moderninho... Podém colocar qualquer coisa na minha mão que eu leio, até livro chato (é uma questão de honra, não consigo deixar um livro inacabado!)

Não me considero uma pessoa mais inteligente agora, mas estou contente de poder dizer que li Proust!!! Mas ainda não sei quando terei coragem de começar um novo livro dele!!!

E você, o que anda lendo?

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Segredo de beleza das brasileiras, de acordo com revista francesa

Como escrevi recentemente aqui, estou sempre de olho nas revistas femininas que rolam por aqui, mesmo que eu não vá usar 99% do que elas nos dizem que é fundamental para essa estação, mas me divirto muito com tudo isso!
Então, nesses meus momentos de descontração me deparei com um artigo sobre "os segredos de beleza das brasileiras" (Revista Glaumour, nº 88, julho 2011). A reportagem começa com (a tradução é minha):

"Curvas tonicas, cabelos ao vento, pele dourada e olhar em brasa: as brasileiras têm tudo. "

De acordo com a matéria, contamos com uma boa genética, mas também com um planning de beleza bem organizado!

1. Maquiagem: ao contrário do que as francesas pensam das brasileiras (segundo a matéria), nós não nos maquiamos com cores de carnaval ou arara (para eles um dos símbolos do Brasil). A única exceção que fazemos são cores nas unhas tudo é permitido!), mas para o make up as brasileiras primam a discrição. Até o batom teria sido adotado recentemente pelas brasileiras... E a cor "do momento" no Brasil seria o batom Snob, da M.A.C. (um tom rosado que fica lindo com pele dourada);

2. Para os olhos, klhôl preto e rímel preto também, tudo a prova d'água devido ao clima. perto do mar as brasileiras preferem que seja bem leve, mas "pegam pesado" em São Paulo, por exemplo. Quando as brasileiras se abstêem do preto, escolhem a cor beringela ou um amarronzado-acinzentado (taupe, bem mais claro que um marrom);

3. Como verdadeiras latinas, as brasileiras adoram exibir a cabeleira como sinal de feminilidade. O que domina é o longo ligeiramente em degradé, e o castanho está perdendo terreno para o loiro (estilo Gisele Bündchen). Eles falam que o mercado da coloração está em extrema expansão no Brasil e que "o cabelo brancos é noss inimigo nº 1!), mas que devemos usar algo bem consistente, pois a água é muito calcária (hein??? todo mundo que vem para Paris reclama que a água aqui é extremamente calcária e que destrói os cabelos! Não entendi!);

4. Alisamento brasileiro (com queratina);

5. Prática de esportes: as brasileiras adoram se mexer, e não apenas com o samba: raticamos esportes na praia e/ou em salas de esporte;

6. A base da nossa alimentação cresce em árvores:  abacaxi, manga, mamão, coco. Também seriamos viciadas em antioxidantes, como o chá verde que bebemos "aos litros" e o açaí;

7. Nossa pele é lindamente bronzeada e sem defeitos!!! Isso porque usamos um SPF mínimo 35 na cidade e 60 na praia. além dissohidratamos a pele nem que seja com um serum (mais leve) e nossa marca preferida é Natura. Além disso, as brasileiras consultam regularmente um dermatologista e se permetem cuidaos como peeling, endermologia  (palper-rouler para o corpo), injeçães de Botox, etc. Sem contar as massagens tonicas para a silhueta!

8. Unhas: começamos a sessão de manicure com luvas em plástico cheias de cremes, depois aplicamos o esmalte de forma abundante, atingindo largamente a pele, e retirando esse excesso. Mesmo esse procedimento parecendo muito estranho para as francesas, a reportagem garante que o resultado é maravilhoso. E como foi dito, todas as cores são permitidas (laranja, azul, rosa pink, amarelo, verde, etc.);

9. Somos as rainhas da depilação, mas quem pudera, estamos na praia 7 dias por semana! A moda atual no Brasil é uma cera australiana, mas nos meios mais eninheirados usa-se mesmo a lumière pulsée (não sei o nome em português, mas parece o laser, com um flash de luz.)

10. Bisturi: a gente não recusaria jamais uma ajudinha do cirurgião plástico! O procedimento mais realizado é a lipoaspiração da barriga e ou das coxas, e logo atrás os seios (sempre para ganhar em volume, de acordo com uma cirurgiã plástica brasileira), e isso mesmo aos 17 anos.

E então, o que vocêm achas dessas informações sobre nós brasileiras?

Confesso que a maioria dessas coisas nunca ouvi falar que era moda no Brasil, mas também vai fazer 3 anos que estou fora e vai ver por isso que não entro nessa categoria de beldades brasileiras!!!

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Os maias no museu du Quai Branly, em Paris

        Muitas pessoas dizem que francês é fechado em sua cultura e só olha para o seu próprio umbigo, mas uma boa parte adora "se cultiver" (être cultivé = ser culto), aprender a respeito de outros povos, assistir filmes estrangeiros, visitar exposições e viajar para conhecer um pouco das civilizações atuais e as do passado. E disso tudo podemos perceber uma grande paixão ou preferência pelas culturas asiáticas e americanas (como as antigas civilizações incas, astecas e maias, dentre outras). Cada vez que  uma exposição envolvendo esses temas chega em Paris o resultado é sempre muito sucesso e filas imensas.
         A exposição "do momento", que dura todo o verão (até 2 de outubro) ocorre no Musée du Quai Branly (próximo à Torre Eiffel) é sobre os Maias, esse povo que apareceu por volta de 3 mil antes de Cristo. Aproveitei este domingo (primeiro domingo do mês = museus gratuitos) para visitar conferir por mim mesma!
        A exposição gira em torno de mais de 150 peças oriundas do museu national da Guatemala (berço desta civilização) e provenientes de descobertas recentes nos 17 sites arqueológicos que a Guatemala luta para preservar.


         O mistério maia que até hoje seduz milhões e milhões de pessoas no mundo todo é constituído pela sua escritura complexa, seu calendário adivinatório e sua concepção cíclica do tempo.

Um mosaico de conchas e de jade (200 d.C) representando o deus da morte, a peça escolhida para o cartaz principal. A peça é minúscula mas a expressão do olhar do personagem é incrivelmente VIVA!

A exposição em algumas imagens:



Também interessado em aprender um pouco mais a respeito de outras culturas?

Les Mayas, de l'aube au crépuscule
Musée du Quai Branly
37, rue du quai Branly, Paris 7ème

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Château de Vaux le Vicomte, na região parisiense

Com os dias bonitos, ainda dá tempo de visitar o Château de Vaux le Vicomte, pertinho de Paris: uns dos castelos e jardins mais bonitos da França!
O castelo pertenceu a Nicolas Fouquet, um membro parlamentar da época (século XVII), que contou com a ajuda de 3 personalidades importantes para os trabalhos: o arquiteto Le Vau, o pintor e decorador Le Brun e o paisagista Le Nôtre. Mecenas na sua época, Fouquet vivia rodeado de personalidades do mundo da arte e literatura, como La Fontaine, Molière, Madame de Sévigné, dentre outros, é claro.
Mas essa moradia que ele construiu e as festas que ele dava (em homenagem ao rei, diga-se de passagem, de quem era fiel), dizem que alimentaram o ciúmes do soberano Luís XIV, que mandou prendê-lo. Fouquet permaneceu preso o resto de sua vida, e sua esposa teve que se exilar. Triste trágico de um homem que sonhava com uma linda propriedade para morar e receber os amigos, e que acabou vítima de um ciúme imensurárel!

Podemos ter uma idéia do luxo:

 
E da perfeita hamonia entre arquitetura e paisagismo, ainda novo para a época (os jardins se estendem em uma perspectiva de 3 km). O primeiro jardim à la française, e que inspirou Versailles:




Ficou com água na boca? Então o domínio pode ser visitado normalmente, como se visita um castelo comum na França (pagando um ingresso). A visita inclui os jardins, o castelo (inteiramente mobiliado), um pequeno museu onde antes de localizava o curral e que comporta atualmente "veículos" dos séculos XVIII e XIX, em excelente estado de conversaçéao (muito bem restaurados). Ainda é possível subir pelas estruturas internas do telhado e chegar ao ponto mais alto do castelo, com uma incrível vista panorâmica de toda a propriedade.
Ou então ainda é possível alugar para recepções e seminários (se você estiver "podendo"!) ou para filmes. Podemos citar "O homem da máscara de ferro" (com Leonardo di Caprio) e "Maria Antonieta" (com Kirsten Dunst), Moonraker (um 007 com Roger Moore de 1979) como 3 dos muitos filmes com muitas cenas realizadas no castelo.



Interessado em outros castelos franceses? Leia aqui sobre o Château de Versailles ou sobre os seus jardins.
Informações práticas:
Atenção, o castelo não abre o ano inteiro, mas em 2011 abre do 19 de março até  13 de novembro, todos os dias, das 10 às 18h.
Aberturas excepcionais em dezembro (com decoração de Natal, mas verificar datas e horários) no site.
Acesso pelo trem: pegar um trem até Melun (25 minutos direto de Paris, partindo de gare de Lyon), ou então o RER D até Melun, mas o trajeto é bem mais demorado. Chegando em Melun, nos finais de semana e feriados existe um ônibus que faz o trajeto até o castelo, mas durante a semana não tem transporte público, então tem que ser um táxi mesmo.