quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Museus de Liverpool

Já comentei que Liverpool me surpreendeu muito, principalmente pelo seu incrível dinamismo cultural. E o melhor de tudo é que a maioria dos museus são gratuitos!!!

Walker Art Gallery
Seu prédio em estilo neoclássico, inaugurado em 1877.

Apesar de conter peças desde a Idade Média aos nossos dias, sua particularidade é reunir um panorama completo da pintura inglesa a partir do século XVIII (paisagens de Reynolds, Gainsborough e Derby, as visões românticas de Constable et Turner, sem esquecer os pré-rafaelitas Rossetti, Burne-Jones e Millais até obras bem atuais do século XX)
Lucien Freud

David Hockney
 Movimento dos pré-rafaelitas

Albert Dock é o pulmão cultural da cidade, onde se encontram uma boa parte da vida cultural de Liverpool:

Merseyside Maritime Museum


Um museu singular, que trata da relação entre a cidade e o oceano. Vale contextualizar que milhões de imigrantes europeus (sobretudo irlandeses) emigraram aos EUA entre 1830 e 1930, a maior parte saindo de Liverpool.

O museu também trata de forma lúdica e original o naufrágio de 3 grandes navios ligados à Liverpool: Titanic, Empress of Ireland e Lusitania, cada um deles deixando para trás entre 1000 e 1500 mortos entre 1912 e 1915.

International Slavery Museum
Até o início do século XIX Liverpool teve um papel importante na escravatura pelo mundo afora, já que aqui eram comercializados e partiam muitos escravos. Muito triste, além de todo o sistema que a gente conhece, ver como eram os sistemas de transporte, onde somento no deslocamento muitas vidas eram perdidas. Triste, mas nos faz pensar.

Tate Liverpool

Um dos 4 "Tate". Coleção iniciada no final do século XIX por Henry Tate, um magnata do açucar. Arte moderna e contemporânea, com grandes exposições temporárias (essas são pagas).

The Beatles Story



Interessante para os conhecedores e os leigos (meu caso). Em ambos os casos nos deixamos embalar pelas canções e imagens. Preço um pouco elevado (15,95 libras para adultos/ estudantes 12 libras).

Liverpool conta com muitas outras atrações para os amadores de museus, mas para isso muito mais tempo é necessário...

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Gravity, Prisoners, O Mordomo e Blue Jasmine

Vamos ao cinema?

Não tenho dedicado muito tempo à 7ª arte, mas aqui seguem 4 filmes que assisti recentemente e que não me decepcionaram. 

Gravity

O silêncio "ensurdecedor" do espaço, como eu queria estar ali! E quanta coisa se passa no encontro consigo mesmo no meio de toda essa imensidão. Sandra Bullock, perfeita e muito diferente de como ela costuma atuar, e George Clooney, sempre com seu toque reconhecível, não estava nada mal.
Para quem gostou do filme Náufrago (com Tom Hanks), provavelmente esse tipo de filme não vai decepcionar. 
Meus únicos pontos negativos: sempre aquele clichê da mulher frágil (mais frágil que o homem) mas que no final consegue ultrapassar todas as espectativas; e George Clooney que eu adoraria ver sem toda aquela roupa (porque Sandra Bullock pode aparecer de shortinho e ele não?
A trilha sonora também é fascinante e saímos do cinema com a sensação de realmente termos dado uma vontinha no espaço!

Prisoners 

Duas crianças (de famílias diferentes) são sequestradas e o um dos pais, assim como a polícia, partem em busca do(s) criminoso, numa contagem regressiva para encontrar as meninas em vida. Gostei muito da forma como o sequestro foi tratado, sem cenas horríveis com as crianças. Além disso mostra as diferentes reações dos envolvidos diante de um drama dessa envergadura. Assunto para mim!
Adoro esse tipo de thriller que nos deixa atentos do início ao fim. Quase paramos de respirar, pois a qualquer momento alguma coisa vai se passar, e pode ser um desfecho feliz ou triste...
2 horas e meia que passaram voando (o início foi um pouco longo para o meu gosto, mas nos ajuda a entender as famílias).
E quem imaginaria Hugh Jackman como pai de família? Incrível essa transformação do ator, irreconhecível!
Para quem gosta do gênero, aconselho fortemente.



O Mordomo (Lee Daniels' The Butler)

Um dos filmes mais falados do momento, que teria feito chorar o presidente Obama... Durante oito presidências americanas o mordomo afro-descendente esteve presente na Casa Branca acompanhando de perto os presidentes, suas famílias e a situação política.
Tem tudo para lotar as salas de cinema. Baseado em uma história verídica, com atores incríveis (Forest Whitaker formidável no papel do mordomo, Robin Williams e Jane Fonda) e outros improváveis (Oprah Wimphrey, Lenny Kravitz, Mariah Carey), tinha tudo para funcionar. Fiquei "mexida" ao ser confrontada com o fato de que há tão pouco tempo os negros (americanos) não tinham os mesmos direitos que os outros humanos. Mesmo sabendo,  a gente não pensa nisso todos os dias. Mas ao mesmo tempo saí do cinema decepcionada, não cheguei a ver nada de novo, tudo previsível, sem muita originalidade. A mensagem moral que ele passa é muito importante, mas me deixou com um gosto de propaganda política...
Sim, Forest Whitaker é excelente e tem grandes chances de levar o próximo Oscar para casa, mas a história é sem surpresas ou sutilidades...

Blue Jasmine

Jasmine é o novo personagem de Woody Allen na pele de Cate Blanchett, bem mais profundo do que suas últimas realizações. Um novo retrato feminino, esse filme fala de status social, tão importante para os americanos quanto para os brasileiros, na minha opinião. Para o personagem, só dinheiro reflete o sucesso e a felicidade.

Bom chegar ao final e ver que podemos ser felizes sem dinheiro (que o amor não precisa disso), mas ao mesmo tempo mostra o quanto as relações são difíceis, se não impossíveis entre "classes" diferentes... Por exemplo, sem roupas de marca, elegância e conhecimento da sociedade, impossível de descolar o homem mais sedutor (ainda na minha opinião) do filme! Triste realidade...

Uma oposição entre o mundo de aparências dos milionários, frívolo, repleto de mentiras e um outro mais próximo da realidade... resta saber qual deles nos seduz...

A interpretação do ser humano que faz Woody Allen é perturbante... Mas não deixa de ser verdadeira.

Gostou de algum? Que filmes vocês me indicam nesse momento?

sábado, 26 de outubro de 2013

Manual prático de boas maneiras na França

Não é novidade que muitos brasileiros têm uma imagem bem negativa dos franceses, principalmente dos parisienses, na ocasião de sua passagem pela capital francesa.

Tenho visto ao longo desses meus 5 anos na França o outro lado da moeda. Os franceses têm muitos defeitos e não são exatamente referência em educação, mas eles possuem seus códigos, e então o estrangeiro que não respeita o básico desses códigos e fórmulas acaba passando por uma pessoa muito desagradável (justamente quem pensa que os franceses é que são desagradáveis).

Claro que ninguém nasce sabendo, mas acredito que uma boa observação do ambiente já nos fornece bons indícios de como nos comportarmos. Foi isso o que sempre me fez me virar em diversos países do mundo, mesmo quando havia uma grande barreira da língua.

Alguns pontos sensíveis:

- Dizer e responder ao "bonjour"
Em estabelecimentos administrativos, comércios, restaurantes, na verdade em qualquer lugar aqui, costuma-se dizer "bonjour" antes de toda e qualquer coisa. Infelizmente tenho percebido que os nossos conterrâneos não são acostumados a saluar "desconhecidos". Já ouvi de "amigas" que sempre foram "educadas", ao entrar em uma loja francesa, que não vão responder a um subalterno! Essa semana vi uma vendedora saluar com um "bonjour" um grupo de brasileiras, que ignoraram completamente (não responderam e nem olharam), aí a vendedora repetiu em inglês... Uma das brasileiras disse, bem grossa: "a gente se conhece?"
Se o "cliente" aqui ignora seu interlocutor, pode ter certeza que o mesmo não terá a mínima vontade de ajudá-lo, fazendo seu trabalho de forma mais impessoal possível.

- Falar alto
Eh conhecido aqui na França que brasileiros falam alto e todos ao mesmo tempo a ponto de atordoar as pessoas ao redor. Uma vez uma brasileira me disse que isso não era sinal de má educação. Bom, na minha família falamos alto, mas a minha mãe sempre nos ensinou que em casa e no meio do mato podemos falar como quisermos, mas que em locais públicos ou que temos que dividir com os outros, temos que moderar o tom. Para mim o respeito é reconhecer que não estamos sozinhos no mundo e que falar alto incomoda sim.
Falar alto e rir alto em restaurantes calmos, museus, igrejas, qual o sentido?

- Por favor
Os brasileiros não se sentem confortáveis em dizer "por favor, s'il vous plaît ou please"... Raramente ouvi isso de algum brasileiro aqui na França. Parece que na nossa cultura isso é sinal de "rebaixamento", enquanto na França é sinal de respeito. E aqui na França, isso é primordial no contato com o outro. Desta forma, se a gente pede algo sem usar essas fórmulas, o interlocutor pensa direto que está diante de uma pessoa muito mal-educada e EXTREMAMENTE desagradável que não merece nenhuma simpatia da sua parte.
Mesmo em inglês tem brasileiro que diz "I want" ao invés de "I would like"... Razão suficiente para receber um tratamento seco e ríspido.

- Pedir informação
Muito brasileiro (ou estrangeiro em geral) fica muito bravo quando pede uma informação e o outro responde que não sabe. A mania de perseguição lhe faz acreditar que o francês sabe, mas não quer dizer, por pura maldade. Já pararam para pensar que simplesmente ele não saiba??? 
Todos os dias me interrompem na rua para perguntar onde tem banheiro, mas eu não conheço os endereços dos banheiros públicos de Paris. Quando preciso, vou a um café ou algo do gênero. Tem lugares em que mesmo os franceses se sentem meio perdidos, como na região de Chatelet, que é um verdadeiro labirinto. Então, explicar a alguém que não fala nem francês nem inglês que tem que seguir 200 metros, dobrar à esquerda, depois à direita 3 vezes, atravessar uma praça... Pode ser muito complicado.

Ontem me perguntaram na Champs Elysées onde tinha uma joalheria. Disse que tinha várias ao longo da rua e que não sabia exatamente onde. A americana ficou furiosa, disse que eu iria fazê-la andar para cima e para baixo só porque eu não queria dizer! Respondi um tom mais grosso que o dela que não costumo ir nas joalherias dali, nunca entrei em nenhuma, mas que tinha certeza que no caminho em direção ao Arco do Triunfo ela poderia encontrar Cartier. Ela foi embora bufando (dizem que os franceses são especialistas em bufar) e me xingando. 
Quantas vezes também já vi brasileiro perguntando ao vendedor quanto custa um determinado produto em REAL ou então em dolar. Quem aqui vive ganha e gasta em euro, a cotação das moedas estrangeiras interessa somente para quem vai viajar ou tem negócios no exterior. Melhor andar com uma calculadora e com a cotação do dia, se quiser converter!
Isso também vale para a tax free (détaxe). A lei é clara, o cliente tem que comprar 175.01€ ou mais na mesma loja e no mesmo dia. Não é má-vontade do vendedor ou da loja que não quer fazer a détaxe para você!

- Escada rolante
Não só brasileiros, mas turistas em geral têm muita dificuldade em usar corretamente as escadas rolantes. Não me lembro quem me disse, mas desde a minha adolescência eu sabia que as escadas rolantes são geralmente largas não para que o casal suba de mãos dadas, mas para que de um lado fique quem segue o ritmo da mesma, e de outro quem quer ir mais rápido. Aqui na França é isso. Se a gente olhar só um pouquinho vamos ver que todo mundo se concentra no lado direito, e o esquerdo fica livre para quem está com mais pressa. E as pessoas usam mesmo! 
Mas porque tanta pressa, você diria? Eh realmente tão urgente? Por que a pessoa não saiu de casa 15 minutos mais cedo se está tão apressado?
Eu respondo que quando chego em casa às 22h30, prefiro chegar às 22h30 e não às 23h porque alguém bloqueou a escada rolante e isso me fez perder o ônibus por 2 segundos, resultando em uma espera de 30 minutos pelo próximo (o que aconteceu 2 vezes na semana passada).
Geralmente as pessoas aqui fazer várias correspondências de metrô, e se a cada vez elas perdem o seu transporte, no final do dia isso representa muito tempo perdido.
Algumas pessoas me falaram que nunca tinham pensado nisso, pois no Brasil só conheciam escadas rolantes de shopping, onde ninguém estaria apressado. Mas você já pensou que para 200 lojas de 5 funcionários são mil pessoas que ali trabalham? Então tem muita gente que não está ali por prazer, mas tenho certeza que muita gente não pensa nisso e sou meio radical para dizer que aí está mais um problema que é a dificuldade de se colocar no lugar do outro. Se a gente está passeando, esquece que tem muita gente que vive disso.

- Segurar a porta
Aqui se costuma segurar a porta para a pessoa que vem atrás... Mas se espera que quem vem atrás pegue a releva. Ou pensam que ele segurou a porta porque é porteiro?

- Horários
Se um restaurante (ou loja, etc) diz que fecha às 22h30, não dá para chegar às 22h30. Quer dizer simplesmente que nesse horário o serviço tem que estar terminando. No início eu me indignava muito com isso, mas agora entendo: é um respeito para com o ser humano, o funcionário que tem outras responsabilidades. 

- Idosos
Muita gente diz que na França não se respeita os idosos e que por isso os franceses não podem dizer nada em termos de "educação". O que acontece é que aqui na França o número de idosos é extremamente alto e normalmente eles estão em boa saúde. Idosos de 70 anos praticam esportes, longas trilhas (sobem na muralha da China tranquilamente com mais facilidade que um jovem). Então se pensa que se a pessoa é aposentada e em boa saúde física ela pode esperar como todo mundo na fila. 
Mas vejo muita gente deixando lugar nos transporter para pessoas idosas... Mas geralmente são pessoas que se mostram um pouco debilitadas, não o idoso super-em-forma.

- Espaço
Se não tem lugar livre, todo mundo anda apertadinho. Mas quer irritar muita gente é sentar ao lado de alguém quando o ônibus ou vagão está vazio.
Outro dia acordei de pé esquerdo e troquei de lugar quando uma mulher veio se sentar ao meu lado: tem 13 lugares vazios no vagão e essa senhora vem justamente se sentar ao meu lado?????

Para finalizar, tem muito brasileiro que acha que a melhor cerveja é brasileira, o melhor vinho, o melhor chocolate, assim como a melhor pizza e até o melhor "pão francês". Para esses, eu me pergunto se viajar vale todo esse sofrimento...

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Amizades não correspondidas

(Preâmbulo)
Quem não tem histórias para contar de Amores não correspondidos?

Dos 8 aos 12 anos estive "apaixonada" por um rapaz da outra rua, que não sabia da minha existência, mesmo eu passando 38 vezes por dia na frente da casa dele, fazendo toda uma volta desnecessária para ir na padaria ou visitar alguém. 
Até que um dia, uma amiga (minha e dele) penalizada pela minha situação, resolveu interceder a meu favor:
- você não sabia que a Milena é louca por você?
- quem? quem é Milena?
(ela aponta de longe para onde eu estava e ele responde:)
- qual? a gordinha? nunca vi...

Dos 12 aos 16 foi uma história não correspondida com um rapaz que eu via na praia, nos meses de verão... Até que aos 16 anos ele percebeu que eu existia e durante MUITOS verões fomos namorados... de verão. 
Uma história tão bonita quantos as noites estreladas de verão e que "do riso fez-se o pranto" que foi derramado na primeira chuva de outono... No Sul do Brasil temos outono, infelizmente o verão não durava o ano inteiro...

Bem mais tarde, aos 24 anos, foi amor à primeira vista... da minha parte. Alguns meses depois ele escreveu à meu respeito:

"a mais pura tradução da doçura em uma mulher. Seus encantos não estão somente nesta cor morena maravilhosa que Deus lhe deu, mas no seu íntimo, calmo e sereno, doce e decidido, capaz de abdicar de tudo pela felicidade de quem está ao seu redor. Mas nem por isso deixa de ser ela mesma, de ter sua opinião formada, de saber exatamente o que quer. Só uma pessoa forte, com muita autoconfiança, consegue servir sem esperar retribuição. Retribuição esta que deve vir de forma espontânea como esta que estou fazendo.
Muito obrigado, Milena, por querer ser minha amiga e confidente... e por ter me ensinado tanta coisa através da simplicidade e da doçura de suas palavras. "

"E de repente, não mais que de repente, fez-se do amigo próximo o distante".

Também tive três relacionamentos que duraram bastante tempo e "posso dizer dos amores que tive, que não foram imortais, mas que foram infinitos enquanto duraram". E terminaram não por minha escolha.

Não posso reclamar, pois não fosse o fim da penúltima história não teria tido coragem de largar tudo e hoje viver plenamente uma história de amor que espero que seja a mais bela e a última...

(Entrando no assunto)
Mas se hoje o meu amor encontrou uma correspondência, não posso dizer o mesmo para as amizades.
Será que todo mundo vive amizades não correspondidadas?

Ok, sempre fui muito tímida e introvertida e tinha dificuldades em fazer amigos. Na universidade fui tentando trabalhar esse aspecto da minha personalidade, com menos ou maior sucesso.

Lembro que estava fazendo um estágio de Psicopatologia, éramos umas 6 estagiárias de Psicologia e tínhamos que chegar às 8h para "nos integrarmos" até às 8h30 quando de fato as atividades começavam. Um momento de bate-papo, descontração mas igualmente de troca de experiências. Eu tentava entrar nas conversas e interagir com as meninas da seguinte forma: por exemplo, se elas falavam de um filme que tinha visto, eu entrava na conversa para perguntar mais detalhes, ou para dizer que tinha gostado ou não. Para mim nada de mais banal. Até que no "amigo secreto" (ou oculto) de final de ano uma menina descreveu assim a sua "amiga" secreta: "ela sempre entra nas conversas em que não foi chamada..." 

Não preciso dizer que estavam me descrevendo. 

Eu que já tinha um certo receio de procurar interação com as pessoas, depois disso pensei que fosse melhor mesmo ficar no meu canto, se quisessem falar comigo que viessem e pronto. O que não facilitou muito as minhas amizades futuras. 

Vivendo aqui na Europa considero ainda mais difícil fazer amizades. Os "locais" geralmente já fazem parte de um grupo de amigos e não se abrem tanto e os outros estrangeiros acabam se fechando entre eles.

Acabamos conhecendo muitos brasileiros, um vai chamando ou apresentando o outro, e eu adoro. Conhecemos pessoas tão diferentes do meio e região de onde viemos e com quem nunca teríamos dialogado, e acho o máximo essa abertura. Mas ao mesmo tempo, como muitos dizem e eu concordo, acabamos encontrando pessoas com quem não temos nenhuma compatibilidade e a "relação" realmente não vai para a frente. 

Porém, o que mais tem acontecido comigo são amizades não correspondidas. A gente sai, conversa durante horas sobre tudo, passamos um bom momento... Eu fico achando que temos muitas coisas em comum, que com essa pessoa podemos conversar... E nunca mais nos vemos. Algumas somem, como os homens que não ligam nunca mais, mas outras nos deixam ali no banho-maria (para usar em caso de necessidade, talvez, ou falta coragem para dizer que "não bateu"?)

Lembro que tive um grupo de "amigas", até que um dia elas se encontraram entre elas, colocaram as fotos no facebook e escreveram: só faltou a Milena. Não resisti e escrevi: "talvez eu tivesse ido se tivesse sido convidada", afinal não tenho sangue de barata e pode ser que estivesse na TPM também. Sempre aquela desculpinha "não te convidamos porque você mora longe, sendo que para mim não tem distância, não tem tempo feio, se estiver disponível eu vou.

E todas as outras que convidam e desconvidam na última hora (ou não dão notícias, não confirmam), que nunca têm tempo e aí se aficham no facebook (mais uma vez) em companhia de outras amigas na festa para a qual você foi desconvidada?

Tenho a escolha de retirar da minha lista de amigos, mas ao mesmo tempo simplesmente eu só queria entender.

Mas talvez assim como o rapaz que a gente encontrou em uma festa e que nunca mais ligou, simplesmente não tenha nenhuma explicação.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Le Chalet Savoyard ou para quem gosta de queijos

Já comentei por aqui de um prato muito apreciado no inverno francês: a raclette. Se incialmente a origem é suiça, há muito tempo ele foi se afrancesando e se incorporando nas mesas francesas.

Nada mais simples: queijo derretido que colocamos sobre batatas e presuntos. Para muitos brasileiros pode parecer estranho, mas além dos franceses apreciarem queijos e presuntos, eles adoram esse tipo de comida que é bem convivial e que não exige muito tempo de preparação. O anfitrião não passa o dia inteiro na cozinha, e sim um bom momento na mesa com os convidados. Acompanhado de conservas (pepino, cebola, etc).

Se existem uns aparelhos simples e queijos próprios para isso vendidos em fatias no supermercado, para mim nada substitui uma verdadeira raclette tradicional, com queijo de verdade, que é assim:

 A metade de um queijo enorme é inserida nesse aparelho e um dos lados vai aquecendo (resistência elétrica), derretendo o queijo.
Os queijos utilizados são os das regiões das montanhas. 
  Um dos tradicionais é a "tomme de montagne", esse que aparece à esquerda, com a casca "envelhecida" e o outro é ao laite cru (lait cru), à direita. Ambos têm sabor relativamente leve.

 Um casal de amigos preferiu o queijo defumado (esquerda), que é muito bom mas é forte para o meu paladar, não dá para comer muito. Um outro escolheu o morbier, esse queijo com uma linha "verde/azul" no meio.
 
Esses restaurantes ficam lotados no inverno, mas da última vez que fomos o tempo estava ameno, não tinha muito gente às 19h, mas meia hora depois estava lotado!

Gosta de queijo? Com o friozinho chegando por aqui, não deixe de fazer uma boquinha!

P.S.: o único problema desse tipo de refeição é que no início estamos super-felizes e animados, mas no final bate uma tristeza... Ainda mais quando saindo do restaurante me deparo com essa publicidade: não é comendo raclette que terei esse corpinho! :(

Le Chalet Savoyard 
58 rue de Charonne – 75011
Metrô: Ledru-Rolin ou Charonne

Para quem passa por Annecy ou Chambery, excelentes raclettes por lá!

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

A Cidade Real de Senlis

A 40 km de Paris, Senlis é uma cidadezinha de cerca de 20 mil habitantes perfeita para ser visitada por quem gosta de arte e história. 

No interior de seus muros galo-romanos predomina uma arquitetura medieval, Renascença e séculos XVII-XVIII.

 Apesar de ter sofrido graves danos durante a invasão alemã (2ª Guerra Mundial), Senlis continua em pé, bela e formosa.
Ao longo dos séculos ela viu desfilar pelas suas ruas pitorescas: Hugues Capet (rei dos Francs), Saint Louis, Marechal Foch (figura importante para a França na 1ª Guerra Mundial), Anne de Kiev e Séraphine de Senlis (artista, 1864-1942), entre outros personagens. 



Vestígios do Castelo Real. Hugues Capet, o primeiro Rei dos "Francs" foi consagrado em 987 no local.



Catedral Notre Dame (séculos XII-XVI)

 Vista do Parc du palais royal
 Vista dos jardins (e museu de arte e arqueologia)
 Vista do outro lado
Uma das portas (uma parte da catedral está em reformas)

Prieuré de St -Maurice fundado por São Luís em 1262.

Jardin du Roy, com a muralha galo-romana erguida no século III.

 Um passeio agradável ao longo da muralha e do riacho Nonette.

A construção da Abadia de São Vicente (assim como a igreja) foi ordenada em 1065 por Anne de Kiev, viúva de Henri 1º. O local serviu como hospital militar, caserna, fábrica de fios. Atualmente é um liceu particular, mas é possível entrar no pátio e certas dependências para visitar.


Vistas internas (acima) e externa (abaixo)

Entre os séculos XVII e XVIII diversas residências de luxo foram construídas, algumas munumentais:




Alguma dúvida de que Senlis merece uma visitinha?