terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Reims: arte, cultura e Champagne !!!

Para quem ainda ignorava, Reims merece uma visita pour alguns excelentes motivos:

- No coração da região francesa chamada Champagne, suas caves (de champagne, é claro!) são símbolos de refinamento à francesa pelo mundo afora!!! Nomes como Veuve Clicquot, Mumm, Pommery, dentre outros, fazem a volta ao mundo...
- Um patrimônio excepcional  inscrito em parte na UNESCO, dentre eles a Catedral. Clovis, o primeiro rei francês (após a queda do império romano) foi batizado em Reims em 498, por São Remi, selando desta forma a aliança entre a Igreja e os reis dos Francs (antes de se tornarem franceses). A cena foi reproduzida na fachada da catedral, como vista ao lado.

- A apenas 46 minutos de trem de Paris, pode ser visitada em apenas um dia para os mais apressadinhos!

A principal atração é a Catedral Notre-Dame, mundialmente famosa.
A linha de reis representadas ao alto podem não impressionar de longe, mas cada estátua tem mais de 4 metros e pesa 6 toneladas!!!
Após multiplos incêndios e reconstruções, o edifício atual começou a ser construído em 1211 (já se foram 800 anos...), sendo concluída 100 anos mais tarde (e as torres foram finalizadas em 1480). Como sofreu desgastes seríssimos durante a Primeira Guerra, foi completamente restaurada nos anos que se seguiram.

Possui uma das mais belas fachadas góticas. Para quem compara com as catedrais de Chartres e Amiens (ainda não tive tempo de falar dessas cidades!), nessa de Reims os rostos das estátuas e personagens são expressivos, vivos. O "rosto" mais conhecido é o do anjo sorriso "ange au sourire", que foi decapitado, coitadinho, em 1914 durante o incêndio da catedral. Um religioso teria recolhido os pedaços e guardado até ser descoberto anos mais tarde. Esse incidente foi utilizado como propaganda francesa contra a destruição alemã durante as guerras. Desta forma, esse anjo se tornou bem amiguinho e conhecido dos franceses!
Toda a sua galeria de anjos com as asas abertas concederam essa beleza única e deram o apelido de "catedral dos anjos". Todos "uns anjos"!!!
 11 vitrais são ainda de origem (século XIII), mas com a destruição dos demais, alguns foram substituídos, como esses abaixos assinados por Marc Chagall.
Ao lado da catedral encontra-se o Palais du Tau, outro local magnífico a visitar, mas como tinha começado a chover, fiquei sem fotos! Era a residência dos arcebispos. Além de visitar o patrimônio arquitetônico, o local acolhe o "tesouro", estátuas e tapisseries ("tapetes" tecidos com imagens e desenhos, que era geralmente colocado para forrar as paredes).
A Porta de Mars

 Uma espécie de "arco do triunfo", datando do século II da nossa era, marcando a potência da cidade na época romana.

Basílica São Remi
Construída no século XI

Ao lado fica o museu, um prédio muito bonito e que valoriza muito bem as suas obras!
Museu-hotel Le Vergeur e a sessão Museu do Antigo Reims
O museu apresenta um excelente coleção de 50 gravuras originais de Dürer!!!

Museu de Belas Artes de Reims
Merece a visita pelos desenhos de Cranach. Excepcionais e no total de 13, queria ver todos, mas para proteger as obras que são muito frágeis, apenas 2 são expostos de cada vez. Ou então aguardar uma exposição completa.
 (fotos do site do museu, sendo proibido fotografar no local)
 Adorei essa pintura de Charles Landelle, a Juive de Tanger (1874)
Essa  do Jacques Louis-David é bem famosa!
A morte de Marat. Marat foi um mártir da Revolução Francesa, assassinado em 1793.

Não conseguimos visitar as caves de champagne (e não era o nosso objetivo nesse dia pois tinhamos pouco tempo) pois no inverno poucas abrem para visitação e no dia mesmo não tinha mais vaga. As visitas são pagas.
 Quem quiser pode escolher o Champagne de seus sonhos em uma das lojas espalhadas pela cidade... e pagar até mesmo mais de 500 euros por uma garrafa!!! 
(tem mais baratinha, mas resolvi chocar mesmo com os preços mais altos!)

Também não visitamos a Capela Foujita, com os afrescos desse artista francês de origem japonesa que se converteu ao catolicismo e teve sua obra influênciada por essa "revelação". Algumas obras dele são expostas no museu de Belas Artes.
Um típico dia de inverno! Aqui com a estátua de Colbert ao fundo, um dos mais importantes "financistas", tendo trabalhado para o reino de Luís XIV. 

sábado, 25 de fevereiro de 2012

O que ando fazendo por aqui, querendo ou não...

Estava fazendo uma atividade muito chata e aí lembrei do post recente da Glenda do Coisa Parecida. Não pelos mesmos motivos, mas me identifiquei um pouco porque realmente pouquíssimas pessoas sabem o que estou fazendo aqui na França. A curiosidade vai desde "como ocupo os meus dias" até "como ganho a minha vida.

O mais engraçado é que muitos comentários in off das pessoas que não me conhecem realmente, mas que tiveram contato (direta ou indiretamente) comigo pelo defunto orkut, que dão uma olhadinha no blog ou que simplesmente me viram uma vez de longe em um evento por aqui vão em dois sentidos extremamente opostos: a) Existe uma parte que acha que sou dondoca, que era rica no Brasil ou então que me casei com europeu rico!!! Ah, e que não faço nada o dia inteiro; b) Existe também uma outra parte que acha que passo trabalho aqui na Europa, catando lixo para sobreviver (essa estou exagerando!), trabalhando em subempregos mal-pagos e/ou clandestinos.

Infelizmente terei que decepcionar esses dois públicos! Madame aqui só no estado civil, já que em francês toda mulher casada é Madame (e agora até querem que só exista essa opção de "madame" nos fomulários oficiais, como você pode ler bem explicadinho no blog da Mirelle). Mas também não estou aqui fazendo faxina para sobreviver (mesmo que admire quem o faça, pois além de ser um trabalho digno e cansativo, ainda é bem-pago por essas bandas). Faxina já chega a da minha casa!!! Se um dia eu precisar, farei, mas até hoje pude escolher e me sinto contente de trabalhar em um grande grupo francês, com um salário correto e diversos benefícios interessantes, apesar de ter lá os seus "contras" do sistema francês e de não estar exercendo exatamente o que eu gostaria. Na empresa em que eu trabalho para crescer além de ter que ter uma formação em uma Grande Escola de Comércio (as mais reputadas são caríssimas, difíceis de entrar, mas é lá que são formados os futuros diretores nos diversos setores e dirigentes de empresa), ainda temos que ter um perfil top model fashion, o que não é exatamente meu perfil... 

Então, nem milionária nem pobretona, faço parte da classe média francesa. Somos um casal onde os dois trabalham, o que nos permite de aproveitar um pouco em termos de passeios e atividades culturais de certa forma que no Brasil o mesmo padrão de vida exigiria provavelmente um "supersalário". Por outro lado, sem filhos estamos na classe que paga mais imposto (em janeiro ainda tivemos mais um susto!) e para aproveitar de outras formas abrimos mão de certos confortos que muito brasileiro de classe média tem, como faxineira, manicure e cabelereiro toda semana!

Para manicure e cabelereiro me falta paciência mesmo! Para mim o serviço tem que ser rápido e eficiente, e o tempo vai passando e esqueço de telefonar para marcar hora... Ou então temos que ir sem hora marcada e esperar com toda as mães que levam toda a criançada que faz a maior bagunça no salão... Ou então me falta tempo mesmo (por exemplo, quero ir na sexta antes de viajar, mas na última hora acabo saindo muito tarde do trabalho e o salão está fechado!)

Mas já uma faxineira eu adoraria ter, não porque sou uma exploradora de escravos modernos, mas porque se tem alguém procurando trabalho em uma área na qual não sou qualificada ou que não quero trabalhar, prefiro dar o trabalho a essa pessoa... Mas além de pensar duas vezes antes de desembolsar no mínimo 10 euros por hora para esses serviços domésticos, tenho muita dificuldade em confiar em alguém na minha casa. Minha mãe sempre tentou e sempre fomos testemunhas das decepções, de gente que roubava calcinha e meia-calça vestindo umas sobre as outras na hora de ir embora, ou uma que roubou 50 reais da minha reserva. Outra vez voltamos de um feriadão de carnaval e a pessoa tinha "desaparecido" com tudo que tinha no congelador, geladeira e despensa, sem contar todas as garrafas de vinho, espumantes e whisky! A última foi uma nova que veio indicada, alguém da família dela disse que ela precisava trabalhar, o marido estava desempregado há meses. Minha mãe entra em um acordo financeiro com ela, que aceita, mas que pediu um adiantamento pois não tinha dinheiro para o transporte nem para nada. Minha mãe que nunca foi boba, não é de fazer caridade mas ficou penalizada, deu o dinheiro e está esperando a moça até hoje...

E nessas atividades domésticas que querendo ou não tenho que fazer, se tem uma coisa que me tira fora do sério (ok, sou muito intolerante mesmo, admito que tem muita coisa que me tira do sério!) é ter que pregar botões!!! 

E por aqui, até mesmo nas marcas consideradas de boa qualidade, sempre preciso reforçar os botões! Eh verdade que praticamente nada mais em vestuário é fabricado na França, na etiqueta vem geralmente escrito "criação francesa", mas "fabricado no Marrocos, Tunisia, Turquia, China, Paquiatão, Sri Lanka... Mas pro que não ensinam esse povo a pregar botões? (seu um dia eu ficar desempregada, mesmo com meu péssimo desempenho na atividade de pregar botões e total desconhecimento da profissão, quem sabe consigo uma vaguinha da área?)

A preguiça me impede de reforçar sistematicamente, mas então é aquele "corre-corre" quando o botão cai no mau momento. Como em pleno passeio pela Ilha de Murano, na Itália. E eu que não era nada disciplinada e nunca tive kit de costura na vida, tive sorte de encontrar um no supermercado da ilha!!!

 Eu ali completamente sem jeito vendo que dois botões estavam por um fio só, tentando ao mesmo tempo manter o casado fechado com o friozinho que estava fazendo... 
Um desconforto só até conseguir resolver esse probleminha!

Desta vez ataquei um casaco que ainda não tinha usado esse inverno pois tinha caído um botão no ano passado! (mais 2 casacos, sem contar uma camisa do marido que ele veio todo queridinho me pedir para pregar um botão da manga, acho que tenho trabalho por mais de uma hora!!!)

E você, o que não gosta de fazer mas não consegue evitar no dia a dia?

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Comidinhas de Londres

Não sei se já falei para vocês, mas sempre que viajamos, um dos meus passeios preferidos é conhecer o supermercado local!!! 
Não sei explicar, mas adoro ver as pessoas fazendo compras, o que eles compram, o que se vende... Então a visita de ao menos um supermercado local é sagrada para mim! Quando viajamos de trem é ótimo pois na volta podemos trazer tudo o que desejamos, não existe um limite real de bagagem ou líquidos. O problema é quando viajamos de avião... 
Quando viajamos de avião priorizamos não despachar bagagem na ida desde que possível, pois sempre acaba demorando para a recuperarmos (e não quero perder tempo em aeroporto!), sem contar a possibilidade da mesma não chegar! Mas na volta geralmente somos "obrigados" devido às comprinhas que sempre acabam envolvendo líquidos.

Mas desta vez em Londres, sabendo que voltaria de trem e já conhecendo alguns endereços, eu já tinha uma listinha do que queria trazer para casa.


Já tinha me apaixonado pelos bolos de "caixinha" que são vendidos lá, principalmente o de cenoura... Os de chocotale juro que não foram para mim e nem toquei neles!
Mas não dá para trazer muita coisa, pois são produtos perecíveis que não duram muitos dias... Esqueci de colocar na foto os "crumpets", que descobri que podemos encontrar na França em alguns Monoprix (mas o preço chega a ser 3 vezes mais caro). Para quem não conhece parecem umas panquecas para comer no café da manhã... Adoro esquentá-las com um pouco de manteiga!

Em Londres, uma parada obrigatória é nos supermercados TESCO. Encontramos em todos os cantos da cidade pelo que pude perceber, alguns são menorzinhos e outros maiorzinhos, mas sempre encontro de tudo. Não conheço os preços na Inglaterra, mas os preços do TESCO cabem no meu bolso... 
E por acaso sempre passo por uma loja da Tesco que fica bem em frente do metrô Russel Square e pelo que pude entender essa aí fica aberta 24h por dia, 7 dias por semana!!! Uma maravilha para o consumidor, mas não para os funcionários, imagino...

Também gosto muito da Sainsbury's, mas tive a impressão que os produtos ali são alguns centavos mais caros que no Tesco... Mas também tive a impressão que as instalações são mais bonitas...

E sempre dou uma passadinha na Mark & Spencer, dessa não posso me passar! Além das calcinhas que adoro comprar ali (não vou mostrar as fotos, ok?), tem toda a parte de alimentação. Até abriram uma loja do grupo em Paris, na Champs Elysées, mas além de ser muito pequena, os fãs de carteirinha dizem que não tem nada a ver com o que tem na Inglaterra (como os acessórios básicos e uma escolha muito limitada na ala dos alimentos). Acabei comprando também uma forma para bolo em formato de coração, no tamanho ideal para o meu forno e que tinha sido impossível de encontrar por aqui!

Além de uma parada obrigatória no Burger King (não precisa de foto, não é? Todo mundo sabe com o que se parece um fast food do grupo?), para mim não pode faltar uma refeição em um ambiente estilo pub. Desta vez fomos neste, que ficaca pertinho da National Gallery e ao lado do teatro onde está em cartaz o musical "Singing in the Rain" (eu quero!!!)
A vantagem desses ambientes é que geralmente a gente pega o cardápio, pede no balcão, paga (não tem taxa de serviço extra!), e depois nos trazem na mesa. Percebi que alguns turistas não compreendem o sistema, ficam um tempão sentados esperando um garçon e abacam indo embora porque ninguém veio atendê-los! Desta forma o "turista de base" vai embora brabinho e acaba sobrando uma maioria de ingleses ou clientes habituais... Como bebida, sempre peço "Lemonade" (agora não lembro como se escreve!). 

E que raiva que me dá de quem é magrinho e elegante, até mesmo as roupas mais baratinhas caem bem!!! Para mim é um sufoco encontrar uma calça ou qualquer coisa que me vistam bem, e para outros é tão fácil...

Para os franceses, é chique ser British!!!

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Museus de Dijon

Uma excelente descoberta é que os museus municipais de Dijon são gratuitos! E alguns de muito boa qualidade! Então não temos essas desculpas de que "arte é caro" ou "cultivar-se é caro". Todo mundo pode! basta escolher o seu estilo e pronto!

Museu de Belas Artes 
Enorme e quer ser novamente um dos melhores da França após as reformas que devem ser concluídas em 2013. Por enquanto muitas salas estão infelizmente fechadas ao público. A idéia do Museu é "dialogar" arte e arquitetura, já que ele se encontra no prédio do antigo Palácio Ducal (podemos visitar as antigas cozinhas em estilo gótico civil).
A coleção é enorme, passando pelos primitivos italianos, arte na Europa (Titien, Rembrandt, Bassano, esculturas de Rude), e entre os modernos: Pompon é claro (com uma sala inteirinha dedicada a ele!), Manet, Sisley, Boudin, Picasso, etc.
 Louis XIII, pour François Rude
 Jan Brueghel


 James Tissot

Pompon (qualquer semelhança com o urso do Musée D'orsay não é mera coincidência!). As crianças adoram, pois ele tem um estilo super lúdico.



Museu da Vida Bourguignonne
Fui no último dia, 2 horas antes de fechar, simplesmente porque tinha sobrado esse tempinho, mas ADOREI!!! geralmente não gosto desse tipo de museus, mas esse é realmente muito bem feito e interessante, reconstruindo a vida dos moradores no século XIX, com uma excelente representação de bonecos em cera muito bem-feiros, além de toda uma galeria que reconstituia lojas antigas, com objetos verdadeiros! Uma parte do segundo andar imitava uma rua com diversos comércios (farmácia, atelier de costura, de peles, açougue, mercadinho). Uma verdadeira atmosfera da época! As crianças que estavam lá estavam realmente encantadas, assim como eu!





Ele fica no antigo monastério Bernardines.
Museu arqueológico de Dijon
Localizado na ala principal da antiga abadia benedictina ao lado da Igreja St Benigne. Podemos visualizar peças da pré-história até a Idade Média. Todo um andar acolhendo as esculturas da época romana. A visita se termina pelo térreo, com um ambiente um pouco sinistro que pode deixar alguns visitantes com medo, mas que me deixou com aquela sensação gostosa de friozinho na barriga! Uma coleção de esculturas em madeira datando de antes da ocupação romana! Monumentos funerários e fragmentos que representavam a vida nessa época tão distante dos nossos dias...






Museu de Arte Sagrada
O menos interessante para o meu gosto, mas já que era gratuito e colado ao Museu da Vida Bourguignonne, fiz uma volta em 15 minutos. Ele é instalado na antiga Igreja Sainte-Anne, com seu domo verde que vemos de longe na cidade.  Trata-se de uma construção "redonda" de uma peça principal, por isso é possível dar uma volta completa em pouco tempo se não olharmos atentivamente os detalhes. O museu apresenta esculturas, pinturas, móveis e vasos litúrgicos, assim como uma coleção considerada importante de relíquias santas, roupas e ornamentos litúrgicos.


Feliz da vida por ter feito tudo o que eu queria no espaço de um final de semana!