quarta-feira, 30 de maio de 2012

Leopold Museum em Viena

Quando saímos do Kunsthistorisches Museum queríamos ver a exposição Klimt no Leopold Museum, cujos cartazes estavam espalhados por todos os cantos da cidade!
Mas a fome era grande e decidimos dar uma passadinha do Naschmarkt para ver os stands e almoçar por ali! Além de ser uma enorme feira de frutas, legumes, flores, etc, existem vários "mini-restaurantes" onde os vienenses (e turistas, por que não?) adoram se encontrar para um almoço tardio, um happy hour ou jantar. 
 
 Era justamente um sábado, dia de maior movimentação, e realmente era difícil escolher um lugar para comer. restaurantes de frutos do mar, tradicional austríaco, orientais, asiáticos, indianos. Infelizmente a fome era tanta (ainda mais com todos aqueles cheiros e vendo tanta gente comer) e tinha tanta gente que nem fizemos fotos dos restaurantes e acabamos escolhendo um vietnamita. O Naschmarkt é uma experiência única, realmente recomendo!
Devidamente ressaciados, nos dirigimos ao Leopold Museum, que fica no MuseumsQuartier (bairro dos museus), um dos 10 mais vastos complexos culturais do mundo.
 O Leopold é considerado um dos grandes museus da Austria, com a sua coleção de cerca de 5 mil peças dos séculos XIX e XX tendo pertencido ao Dr. Rudolf Leopold e adquiridas pelo Estado em 1994. O dr. leopold tinha uma preferência pelas obras de Egon Schiele, mas colecionou igualmente obras de Klimt e Oskar Kokoschka

Em relação à Klimt, a exposição temporária tratava principalmente da relação do artista com Emile Flöge (foto abaixo), sua musa e amante, em particular a correspondência trocada entre eles durante anos.

 A morte e a vida, uma obra muito conhecida.
 A árvore da vida, outra obra emblemática.
 Essa é mais do início da sua carreira, quando ele printava de uma forma parecida com o impressionismo e com certas pinceladas lembrando Van Gogh.
Porém, foi tanta informação que terei que ler a sua biografia para tentar entender um pouco a vida dele...

O museu Leopold, que abriga uma coleção remarcável de arte austríaca, mostrando uma evolução do Judendstill ao expressionismo (sem deixar de lado a Secessão), é conhecido mundialmente pela sua coleção de obras de Egon Schiele, considerada a coleção privada mais importante do mundo. 
O trabalho desse jovem artista, falecido aos 28 anos de gripe espanhola, não nos deixa indiferentes.
Vale lembrar que os austríacos sofreram muito durante a primeira guerra mundial e em 1918, ao final, Viena (para não dizer a Austria inteira) sofria enormemente de dificuldades financeiras, o que ocasiounou um período de fome. O dinheiro não valia maos nada, quase não se tinha mais nada para comprar para comer, e mesmo muitos ricos ou pessoas que tinham economizado a vida inteira perderam tudo. 

 Esposa de Schiele, falecida no mesmo ano (1918) de gripe espanhola, grávida de 6 meses do primeiro filho do casal.
 O artista em um de suas centenas de auto-retratos

Infelizmente a parte Schiele do museu Leopold foi uma imensa decepção para o Sylvain que admira muito a obra do artista e sonhava em conhecer esse local. Apenas umas 20 pinturas são apresentadas de cada vez. Perguntamos aos funcionários e eles nos explicaram que o museu possui mais de 400 pinturas e desenhos de Schiele, mas apresenta no máximo umas 20 de cada vez! Muitas das mais importantes pinturas são apresentadas somente em ocasiões MUITO especiais, e algumas nunca nem foram apresentadas!!! Mesmo as pinturas que aparecem na capa dos livros do museu não são apresentadas, como essa aqui, com um dos auto-retratos mais conhecidos dele:
Posso dizer que na caixinha de sugestões e reclamações deixamos algumas mensagens indignadas sobre isso, que nos sentimos enganados, já que o museu vende essa imagem das 400 obras do artista, com um catálogo completo, mas chegando lá nos deparamos com duas dezenas de obras de menor importância. Escrevemos em inglês, francês e português as mensagens, deixamos contato por e-mail, e até hoje nunca recebemos uma resposta!!!

Informações práticas:
Leopold Museum
Aberto das 10 às 18h, quintas até às 21h. fechados às terças. 
Ingresso: 12 euros. 

terça-feira, 29 de maio de 2012

A difícil arte da convivência

O dia a dia de um casal não é fácil não... Como se não bastasse as diferenças entre homens e mulheres, acho ainda mais complicado quando se trata de duas culturas diferentes... Quando falo de cultura não quer dizer somente que cada um tenha sido criado em países diferentes, pode até ter sido na mesma cidade, mas com valores e prioridades diferentes!!!

Aqui tentei fazer uma listinha do que me incomoda aqui em casa. A lista poderia ser bem mais longa, mas só listei as 10 coisas que me incomodam essa semana :D

1. Ele acha que está em um comercial de pasta de dente quando escova os dentes! A quantidade que coloca sobre a escova é enorme, com aquela voltinha e tudo!!! Quando vejo, fico tão irritada, digo que não é necessário tanto assim, mas ele me diz que não somos tão pobres assim para economizar no creme dental!!! Sem contar que não é um mito, aqui em casa o homem aperta os tubos no meio!!!

2. Essa diferença da "economia" é algo que me irrita... Sei lá, cresci onde não se esbanja nem desperdiça. Por exemplo, durante toda a minha vida tinha de tudo à mesa: carne, diversos acompanhamentos quentes e frios. Nunca faltava nada, a gente podia repetir, mas tinha que comer de tudo!!! Claro que se alguém não gosta de brócolis pode pular o dito cujo, mas ninguém podia comer apenas a carne ou apenas a alface. Aqui ele acha que cada um tem o direito de comer o que quiser. Foi criado em uma casa na qual se tinha bife e batata frita, quem quiser podia comer só o bife, o outro podia comer só a batata. 

3. Existem tantas delícias na França, e uma delas é o croissant! Durante a semana não temos tempo de comprar e também não é muito saudável comer todos os dias, mas no final de semana costumamos fazer um café da manhã desse tipo! Eu adoro aquela massinha de croissant fresquinho... mas ele "estraga tudo" pois a sua forma de comê-lo é molhando no seu chocolate quente! Eu acho horrível, me dá até náuseas de ver aquele croissant todo molengo mergulhado na tijela (pois francês que é francês bebe o seu chocolate quente da manhã na tijela, não em uma xícara!!!), com todos os pedaços para todos os lados!!! O mesmo também acontece com o pão com geléia ou outras misturas.

4. Eu adoro pão e me acostumei com o pão nas refeições... Mas o meu pão eu corto com a faca e não sobra uma migalha sobre a toalha. Mas o lado dele da mesa fica parecendo que sofreu uma guerra! Para começar ele vai cortando o pão com a mão e os pedaços ficam espalhados pela mesa! Não sei como alguém consegue fazer tanta bagunça assim para comer!

5. Ele pode fazer tudo o que peço, mas para tudo ele precisa escutar a palavrinha mágica "s'il te plaît". Podem estar certos que se a gente não usa essa regrinha com um francês, ele vai responder de má vontade, e é o que geralmente acontece com os turistas que chegam aqui, não usam essa fórmula e geralmente recebem umas "patadas" dos interlocutores franceses. E não adianta eu tentar explicar que em português do Brasil temos outras fórmulas de educação para pedir alguma coisa, como o condicional, por exemplo, e que é bem educado (tudo vai depender do tom), ele insiste em pensar que falta um pouco de educação ao brasileiro porque não falamos "por favor" de forma suficiente! 

6. Mas ok, em 90% do tempo eu tento usar essa fórmula do por favor em casa (e com colegas, na rua, etc). Adoro alguns pratos e bolos que ele faz, então de vez em quanto peço: "você poderia me fazer aquele prato X que eu tanto adoro, por favor?". Ele vai fazer com toda a boa vontade do mundo... Mas ele vai sempre inventar alguma coisa nova, um ingrediente diferente que vai mudar completamente o gosto do prato, que já não será mais o que eu tinha pedido, mas algo completamente novo!!! E eu fico ali na maior decepção, pois passei o dia inteiro (às vezes a semana toda) sonhando com aquilo! Então ele insiste que o que vale é a intenção, mas para mim, eu cresci acreditando que de boas intenções o enferno está cheio!

7. Dinheiro: ele nunca tem dinheiro na carteira, geralmente apenas algumas moedas. Então, quando vamos a um restaurante ou espetáculo (aqui é de "bom tom" deixar gorjeta para a pessoa que mostra o nosso lugar nos espetáculos), por exemplo, sou sempre eu quem tem que deixar a gorjeta... Tudo bem, tudo sai da mesma conta, mas não entendo como a pessoa pode ser tão desligada assim! Ou então, a gente viaja e eu insisto para que ele retire dinheiro antes da viagem (meu cartão tem um número limitado de saques por mês, se eu utilizo mais tenho que pagar taxas extras, e o dele é ilimitado). Telefone, envio SMS, sinais de fumaça... Ele pode chegar ao cúmulo de me fazer entender que sacou dinheiro. Depois, quando percebo que não, ele insiste que não preciso me estressar, que existem caixas automáticos em todo o canto... Ele até pode ter razão, mas uma vez estávamos em uma cidade da França, tentamos retirar dinheiro no domingo e o dinheiro não saiu!!! Ficamos sem dinheiro naquele dia e ainda tivemos todo um transtorno na volta para provar que a máquina não tinha nos dado o dinheiro! Outra vez foi em uma cidade da Bélgica: nossos cartões são Visa e tivemos que correr a cidade atrás de um caixa eletrônico Visa, que não era fácil de achar. 

P.S.: quando ele tem uma nota com ele, de 20€, que é o máximo que ele retira de cada vez, ele dobra a nota em tantos pedaços para colocar em sua niqueleira!!! Ele nunca ouviu falar que uma nota de dinheiro pode ser colocada sem dobrar na carteira (e ele tem uma bonita carteira que usa para guardar documentos e cartões, nada mais). Tenho verdadeiro horror de notas amassadas, sem contar que atrapalha a vida do caixa do supermercado que precisa "passar" a nota com as mãos para guardá-la, e na hora de contar, então? As máquinas não contam corretamente dinheiro amassado, e o bancário precisa "alisar" diversas vezes a nota para que ela passe na máquina, e a fila atrás vai crescendo. Ou seja, um depósito em banco que poderia levar apenas alguns segundos pode levar muitos minutos se as notas estão amassadas.

8. Ainda com o dinheiro, eu sei que sou ultra-rígida e cheia de manias. Sei quanto temos de contas para pagar e em média quanto gastamos em despesas de alimentação e lazer, e concordo que o resto a gente coloque na conta de economias. Mas ele não calcula nada e coloca tudo na conta de economias e vai tirando aos poucos! Para mim, conta economia é para não mexer, a não ser em emergência ou quando estamos economizando para uma aquisição especifica, mas não adianta colocar todo o pagamento lá e cada dia transferir 100€! Sem contar que acho que o extrato fica todo "poluído" com tantas "linhas" para lá e para cá. Fica bem mais complicado e demorado para verificar um extrato em caso de erros com tantas linhas de entradas e saídas. 
Outro exemplo, quando voltamos da Russia tinha sobrado uns 200€, ele me perguntou o que fazer e eu disse que a gente guardasse e usasse nas despesas do mês: isso nos evitaria de fazer pagamentos em cartão ou retirar dinheiro, sem contar que no final de semana seguinte partiriamos a Lille. Ele concordou com os meus argumentos. Dois dias depois eu olho a conta e ele tinha depositado os tais 200€!!! Não acreditei! Até hoje ele não sabe me explicar por qual razão fez isso...

9. Memória: Quando fomos passar uma semana de férias em Biarritz, eu o sugeri de levar as duas novas bermudas que tinhamos comprado naquela semana, a verde e a xadrez. Ele achou uma boa idéia, mas eu reparei que na metade da semana ele ainda estava usando todos os dias a mesma... Perguntei: porque não veste a bermuda xadrez? Quem diz que ele lembra de ter comprado a tal bermuda? Jurou de pé junto que só tinha a bermuda verde! Perguntei então porque ele concordou quando falei que ele poderia levar as DUAS, ele me disse que achou que eu tinha me confundido! Não é mais normal dizer: querida, vc fala de que outra bermuda, a única que compramos foi a verde? Mas não, ele acha que estou enlouquecendo mas não me confronta com a realidade. Obvio que chegamos em casa e a bermuda estava lá.

10. Ele adora falar, fala tanto que muitas vezes me deixa atordoada. Se estou tranquila lendo um livro ou no computador, ele faz o mesmo, mas fica fazendo comentários em voz alta (puxa! não acredito! não é possível!  Isso quando ele não vem me interromper para me ler alguma informação em voz alta). Outro exemplo de  conversa:
Eu tranquila no sofá com meu delicioso livro:
- (ele) Lembra do Michel?
- (eu) Sim.
- Aquele que conhecemos na casa da Marie.
- Sei.
- O Michel com quem fomos jantar no restaurante X.
- (eu sem paciência e sem mais poder me concentrar na minha história:) Já disse que sei quem é!!! Desembucha logo, o que tem o Michel???
Silêncio. Ele não conta mais nada. Ficou brabinho e o único jeito é insistir com muito carinho, beijinhos, etc... Duas horas mais tarde:
- Ok, eu te conto, vi o Michel hoje.
- Ah bom? E o que ele conta de novo? Como ele está?
- Não sei.
- Como assim?
- Eu vi de longe, acho que era ele. Ele estava de um lado da plataforma do metrô, e eu de outro, na direção oposta.

O que essa informação vai me acrescentar ? Não era mais fácil resumir: "hoje vi de longe o Michel, ele estava de um lado da plataforma do metrô, e eu de outro, na direção oposta."
(tá certo, implicamos um com o outro mas não conseguimos ficar um segundo separados!)

E você, existem comportamentos do companheiro (a) que não lhe agradam? 
Como vocês lidam com isso no dia a dia?

domingo, 27 de maio de 2012

Os tesouros e a tumba de Toutânkhamon

Sexta-feira aproveitei para visitar o nova exposição em cartaz em Paris sobre esse faraó mítico do Egito Antigo.

No início eu estava sem muita vontade de ir, já que nenhuma peça é original, tudo foi reconstituído, mas Sylvain acabou me convencendo e confesso que saí embasbacada!!!

A exposição começa com dois filmes introduzindo o tema e as descobertas da época, e depois somos apresentados a reconstituições exatas das salas funerárias e dos principais tesouros de Toutankhamon. Foram necessários 5 anos para reconstrituir em detalhes cada uma das mais de 1000 peças expostas, com a ajuda de egiptólogos influentes e os desenhos e notas de Howard Carter, o arqueólogo que descobriu tudo isso!

Ainda não estive no museu do Cairo para visitar os originais, mas os especialistas dizem que tudo foi refeito de forma idêntica, e que mesmo essas réplicas são de um valor imenso. Uma forma de preservar igualmente os originais, não???

Adoro Anubis, esse homem com cabeça de chacal!!! 
Deus que embalsavana os defuntos e guardião dos mortos!

A exposição é uma verdadeira viagem ao Egito de 1922, momento em que a tumba foi descoberta e seus tesouros revelados. E mais do que isso, uma viagem no tempo de mais de 3 mil anos ao Egito Antigo!!!

Quem quer viajar comigo?








Informações Práticas:
Toutânkhamon, son Tombeau et ses Trésors
Paris Expo Porte de Versailles, Pavilhão 8
Até do 1º setembro 2012
Acesso: metrô linha 12 , estação "Porte de Versailles"
Horários: de 11 às 19h.
(fechado às terças em maio e junho, noturna até às 22h nas sextas de maio e junho).

Tarifas (incluindo audio-guia):
- Adulto 15,90€
- Crianças (5 à 14 anos): 12,90€
- Menores de 5 anos: gratuito.
- Segunda-feira:  tarifa única de 12,90€

sábado, 26 de maio de 2012

O segredo do Perfume

Durante toda a minha vida não fui muito de gostar de perfume. "Herdei" esse costume da minha mãe, que sempre preferiu um sabonete ou leite corporal perfumado a um perfume de fato. Mas para alguém que nunca se perfumava, até que evolui... Ossos do oficio!
Mas é verdade que no Brasil perfume de qualidade custa caro, e quando digo qualidade, falo dos perfumes franceses, considerados os melhores do mundo. E claro que a qualidade do perfume vai depender do "nez" (nariz) como é chamado em linguagem de perfumaria e que se refere ao profissional que cria a fórmula de um parfum.

Uma fórmula, ou receita de um parfum pode conter uma dezena de notas diferentes ou mesmo centenas, formando o que chamamos de pirâmide olfativa. Nessa pirâmide encontramos: 
- as notas de tête (topo, cabeça), geralmente notas bem leves efêmeras e voláteis, ou seja, que desaparecem rapidamente, como as notas de agrumes, por exemplo.
- as notas de coeur (coração do perfume), com as notas que vão predominar, composto pelos ingredientes-chave do perfume.
- notas de fond (fundo, base do perfume), geralmente notas amadeiradas e que ficam até horas e horas após a aplicação.

Um perfume é um produto delicado e deve ser mantido ao abrigo do sol e do calor, que transformam todos os elementos odorantes. 

Para testar, jamais sentir diretamente no frasco, o que nos dá uma idéia prematura do perfume que não é a sua verdadeira natureza. Além disso, ele não deve jamais ser sentido no seu estado concentrado (ou seja, direto no frasco, por exemplo), mas deve ser sentido no ar, em um tecido ou mesmo em um papel. Depois basta aguardar alguns segundos que o álcool evapore (sim, pois perfume de verdade sempre vai ter álcool, que é o que permite que as notas em seu estado concentrado sejam diluídas e ao mesmo tempo "fixa" o perfume, o que não seria o mesmo da água). Não adianta "frotar" a pele para "sentir melhor o perfume", como vejo centenas e centenas de pessoas fazerem, pois o perfume sendo delicado, as moléculas se quebram com esses movimentos e o cheiro/ resultado não é mais o mesmo!

Então temos uma primeira impressão do perfume. Mas apenas alguns minutos ou poucas horas após o seu  "corpo" vai ser revelado, quando as notas voláteis se evaporarem. Ou então horas depois (no final do dia, por exemplo), quando as notas leves desaparecem e deixam espaço as suas notas mais profundas.

Então, diz a regra que um perfume vive no tempo, que ele tem a sua juventude, sua maturidade e sua velhice, e que ele só pode ser considerado bom se ele sente bem nessas três idades.

Além disso, também vai depender da qualidade da matéria-prima, ou seja, as essências perfumadas que constituem o perfume, que podem ser naturais ou sintéticas. Notas naturais existem apenas umas 300 e sintéticas mais de 3 mil. Assim, os perfumes apenas com notas naturais são bem mais "básicos", enquanto que misturando as notas sintéticas o perfumista (nez) consegue criar algo bem mais sofisticado. Por exemplo, o "muguet", uma flor emblemática (uma florzinha branca que se presenteia no dia 1º de maio), até o momento é impossivel de "capturar" a sua nota natural. Da mesma forma, pelo menos na Europa, os ingredientes de origem animal são proibidos, então nenhum perfumista vai usar o ambre e musc naturais, que são proibidos já há uns bons anos. Mesmo grandes maisons do perfume como Guerlain e Chanel reconhecem que utilizam igualmente notas sintéticas por essa razão e também muitas vezes pela constância dos ingredientes (caso contrário cada lote de Chanel nº 5 seria diferente, só para ilustrar).
Mas é claro que existem sintéticos e sintéticos, pois as notas sintéticas de grandes perfumistas como os dois citados acima são de excelente qualidade e imitam perfeitamente a verdadeira, mas já existem outras marcas e perfumes de baixa qualidade cujas imitações sintéticas são muito artificiais!!!

E como eu disse acima, o que vai fixar o perfume é o álcool. O nível de concentração do perfume final, em si, depende se se trata de uma eau de parfum (pode chegar até 15%, o perfume vai durar mais), eau de toilette (na faixa dos 10-12%, o perfume se sente na tal zona de proximidade, quando as pessoas se aproximam). Depois existem os ainda mais leves como eau frâiche ou eau de cologne, ainda mais leves e a utilizar em abundância, sem medo. Mais do que esses 15% de concentração em perfume o mesmo vai se tornando mais enjoativo e fica impossível de sentir o que quer que seja! 

Além disso, muita gente pensa que o álcool do perfume vai manchar a pele, mas na verdade o que pode manchar são algumas moléculas de perfume, como alguns agrumes, que são fotosensíveis. Atualmente as grandes marcas isolam e retiram essa molécula. Mas não é aconselhado se perfumar diretamente na pele antes de uma exposição prolongada ao sol.

Outra particularidade: notas amadeiradas e orientais duram muito mais tempo do que notas efêmeras e frescas, como o limão, bergamota, etc, mesmo sendo naturais. 

Eu tive a oportunidade de sentir as verdadeiras essências concentradas e conservadas em minúsculos frascos (para se ter uma idéia é necessário 10 mil rosas colhidas à mão cedo pela manhã para uma grama de extrato de rosas!), e o cheiro é normalmente insuportável. Quando o diluimos com álcool e água reencontramos o cheio de todo um jardim de flores...

Quem se interessa um pouco mais pelo tema, recomendo o filme Le Parfum, Histoire d'un Meurtrier (Perfume: the Story of a Murderer), uma co-produção franco-alemã de 2006, que se passa em Paris e em Grasse (a cidade francesa do perfume por excelência) no século XVIII. Ela conta a história de um estranho personagem que nasceu com o dom de sentir e reconhecer todos os tipos de cheiros, mas ele mesmo não possuia nenhum tipo de cheiro. Convencido de que não possuir nenhum perfume era uma das razões da sua triste existência e de não ser amado, ele utiliza todas as suas faculdades para criar o perfume capaz de fazer com que todas as pessoas o idolatrem, a partir do perfume natural de jovens que ele sentia de longe. 

O filme foi baseado no livro do mesmo nome, do alemão Patrick Süskind (1985) que retrata o universo olfativo como nenhum outro!!! Comecei pelo livro e sentia os cheiros e a podridão que ele descreve, como se eu tivesse realmente ficado impregnada daquele cheiro! Eu que sempre fui uma pessoa muito sensível aos cheiros, quase que os vi materializados! 
Fiquei fascinada!
Assisti ao filme logo após. Apesar de ser uma adaptação e não 100% conforme o livro (como sempre, e nem seria possível), não deixou nada a desejar! Muito bem realizado, percebemos um ambiente sombrio como a época e de acordo com a história. Porém como o assassino é muito instrospectivo, para podermos realmente entrar no personagem foi necessario a utilização de uma fonte narrativa (eu que não gosto de filmes narrativos não cheguei a ficar incomodada) e pode chocar o publico em suas cenas de sujeira e podridão, sem contar uma cena mais ao fim que não é recomendada a menores.

E você gosta de se perfumar? Eh fiel a um ou costuma variar ?

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Ruprechtskirche e Stephansdom de Viena

Escondida em uma ruazinha perto do Danúbio, a Ruprechtskirche é a mais antiga igreja de Viena, com a sua torre austera em estilo romano do século XII e vitrais do século XIII e XIV. Ela abre em alguns horários restritos para visitação, mas não tivemos sorte. Parece uma igrejinha do interior, e fica localizada em uma parte mais alta da cidade (que de uma forma geral é plana!)



Mas é Stephansdom (a Catedral Santo Estevão ou Saint-Etienne em francês) que impressiona e que é um dos símbolos de Viena. Conservando umas partes romanas, ela é principalmente gótica, apesar de estar no centro de uma cidade barroca. Construída entre os séculos XIV e XV, ela sofreu muito durante o cerco feito pelos turcos e mais tarde pelos soldados de Napoleão, mas foi em 1945 que um incêndio ali perto foi realmente destrutivo para a catedral. 




Uma obra de arte do que se chama estilo barroco germânico.
A torre sul (que infelizmente estava em reformas) é alta de 137 metros.

O mais interessante para mim foi visitar esses dois lugares que mais que qualquer outro eram sempre descritos nas biografias de personalidades famosas que viveram em Viena, como Freud e Mozart, além dos romances. 

terça-feira, 22 de maio de 2012

Como renovar passaporte brasileiro na França

(Atualização em maio/2015: atualmente o procedimento mudou, é necessario agendar pela internet direto no site do consulado e comparecer no dia marcado, bem mais simples, rapido e eficiente!)

A primeira coisa é consultar o site do Consulado do Brasil na França, que é bem completo, mas o layout horrível, com diversos tamanhos e fontes diferentes de letras, cores, negrito, itálico, tudo que se possa imaginar, na maior poluição visual.

Eh necessário preencher um formulário on-line que gera um número de protocolo, que fica ativo no sistema por 30 dias, ou seja, é necessário dirigir-se ao consulado nesse período ou então será exigido um novo protocolo.

Então pagamos a taxa de 80€ por passaporte (160€ em caso de perda ou não apresentação do antigo), em uma das agências do banco postal francês, Laposte.

Após isso basta juntar a documentação abaixo e muita paciência para dirigir-se pessoalmente ao consulado (quem não mora na região parisiense pode solicitar o passaporte por via psotal, mas o mesmo é válido apenas 3 anos, e não 5):

1. Passaporte brasileiro;
2. Original de um dos seguintes documentos: RG, certidão de nascimento ou de casamento;
3. Para os homens entre 18 e 45 anos: documento militar;
4. Certidão de quitação Eleitoral (quem não apresenta levará uma menção no passaporte para resolver a situação ao retornar ao Brasil);
5. Fotografia 3X4 recente;
6. Protocolo citado acima;
7. Recibo original do pagamento.

Eu digo MUITA PACIENCIA, pois para começar cheguei hoje no consulado por volta das 9h, seguindo conselho de vários brasileiros que diziam que com exceção das sextas que são particulares, os demais dias são tranquilos e praticamente não tem fila ou espera...

Lá pelas 10 horas consegui entrar e recebi a minha senha.

13 horas e ainda não tinha sido chamada mas tinha terminado de ler o meu livro...

13h30 saí para comprar algo para comer, eu que achei que me liberaria antes do meio dia, poderia ir almoçar com meu marido e ir na academia.

Enfim fui chamada depois das 15h.
A atendente olhou todos os meus papéis, começou a digitar os meus dados como nome completo, nome dos pais, número de documentos como CPF, RG, título de eleitor... peraí!!! Eu tive que preencher tudo isso on-line para quê, se na hora ela tem que digitar tudo de novo??? Assim se explica um pouco da eficência do serviço...

E para minha surpresa (e tristeza, pois preciso do passaporte), sabem quando o dito cujo ficará pronto?
Exatamente, não é um pesadelo, será no dia 13 de junho, ou seja, daqui a 3 semanas!!!

Tive uma discussãozinha básica com a atendente, pois eu falei que 3 semanas era muito tempo e ela bateu pé que são apenas duas semanas e não três! Me poupem, mas eu ainda sei fazer contas, ainda insisti que 1 semana seria no dia 29, 2 semanas no dia 5 de junho e 3 semanas no dia 12!!! Mas não teve jeito, ela insistia que eram 2 semanas, que era assim e pronto!!!

Ok, vocês podem dizer que eu poderia ter ido antes se tenho toda essa urgência, mas eu recebi minha nova carta de séjour no dia 4 de maio, então antes disso não podia fazer o passaporte pois em primeiro lugar não podia circular sem nenhum documento por aí, em segundo a minha convocação para buscar a nova carta de séjour estava para chegar a qualquer momento desde metade de janeiro, e para ir na prefeitura retirá-la ou solicitar um documento provisório é necessário apresentar o quê??? 

( X) O passaporte.        (   ) Apenas a minha cara deslavada.

Ok, poderia ter ido após o dia 4, mas aqui na França o mês de maio tem feriado toda semana e na minha cabeça dia feriado = muito mais gente no dia anterior ou seguinte. Então fui hoje, único dia de folga que consegui que não seja feriado!

Ainda por cima está escrito no papel que só pode ser retirado entre 14h e 15h30, e o site especifica que somente pelo titular. Ainda vou ter que encontrar uma data para ir lá buscar nesse horário que me corta o dia pela metade!

Ok, algumas pessoas me disseram que pode ir qualquer um lá retirar, mas também todo mundo me dizia que ficava pronto no dia seguinte, em uma semana, no máximo 10 dias... E para mim 3 semanas e 1 dia!!! Também me diziam que não precisava ir cedo e que em uma meia hora era atendida... No máximo 2 horas em dia de grange grande grande afluência...

Então, não façam como eu!

Se precisarem de um dos serviços do consulado brasileiro de Paris, melhor ir MUITO mais cedo, prever um entretenimento para as horas e horas de espera, prever de almoçar por ali mesmo, e se for urgente, nunca deixar para a última hora!!!

E depois não digam que não avisei! :)

domingo, 20 de maio de 2012

Grand Palais e Noite dos Museus

Ontem foi a noite européia dos museus (la nuit européenne des musées), um evento que ocorre todos os anos na Europa. E sendo Paris uma cidade repleta de atividades culturais, a lista de opções todos os anos é extensa e de qualidade.

O princípio é que os museus ficam abertos até tarde da noite, alguns até 1 hora da manhã, e as entradas são gratuitas. Melhor olhar a programação pois nem todas as exposições temporárias abrem ou são gratuitas, e os horários podem variar.

Apesar da chuva, vestimos um impermeável, tiramos o guarda-chuva do armário e fomos mesmo assim. Levei um livro fino na bolsa, pois sei que nesses eventos sempre encontraremos muita fila, uma barra de cereais e uma garrafinha de água (não saio de casa sem água!).

Nosso destino foi o Grand Palais de Paris, esse edifício construído para a Exposição Universal de 1900 em estilo Art Nouveau, aliando pedra, aço e vidro. Seu teto de mais de 200 metros de largura é de vidro, elevando-se até 45 metros do solo, o que confere uma luminosidade incrível.

Palco de muitas exposições temporárias (várias ao mesmo tempo, em cada uma de suas salas), o Grand Palais acolhe todos os anos multidões. 

Começamos pela exposição EXCENTRIQUE(S) do francês Daniel Buren para aproveitar o restinho da luz natural:

Daniel Buren é muito conhecido sobre o seu trabalho sobre as linhas (quase todo mundo conhece as "colunas" em preto e branco que ele fez para o Palais Royal de Paris), mas desta vez ele decidiu trabalhar com círculos coloridos!!!

A particularida dessa exposição é que o Grand Palais já apresenta um teto, um "alto" magnífico, não tem como ele fazer melhor do que o que já foi feito, mas por outro lado o que o local tem de feio é o solo, em "contrapiso". Com o jogo de cores e luzes (naturais ou não) que ele criou, ele pode transformar o solo! Mágico, não??? Por que eu não pensei nisso antes???

A idéia dele é de transformar o espaço visualmente. E o que deu?
 São 13.500m2 de espaço, além dos 45 metros de altura que podem ser utilizados pelo artista.
 Outra particularide de Buren é que cada uma de suas obras nasce DO espaço no qual ele vai ser inscrito. Quer dizer que ele pensa cada uma de acordo com o espaço em que ela vai ser apresentada.
 A luz é outro conceito importante na obra de Buren, que brinca com certos materiais, refletindo ou fazendo sombra, por exemplo, transformando a obra cada instante.
 Aqui encontramos as suas linhas em preto e branco.
Sem contar o aspecto lúdico de poder interagir com a obra, o que geralmente agrada crianças e pessoas que não gostam de visitar "museus" tradicionais.
(desculpem as fotos, que foram tiradas com o celular!)

Dali seguimos para a Exposição "Beauté Animale" (Beleza Animal), igualmente no Grand Palais. Como são espaço distintos, ali sim tivemos que enfrentar uma fila de 1 hora para entrar, mas não chovia, pude avançar na minha leitura, falar um pouco com as pessoas ao redor e o que mais gosto de fazer, escutar as conversas e observar os outros!
Para a nossa agradável surpresa, dentro da exposição não tinha nenhuma multidão, os organizadores preferiam deixar o público esperar do lado de fora e manter um conforto do lado de dentro para que os visitantes pudessem realmente aproveitar. Acho certíssimo até pela segurança.
 Cartaz da exposição, com a bela leoa de Géricault em destaque.

A exposição explora, através de grandes obras desde o século XVI até os nossos dias, a relação de grandes pintores e escultores com os animais. São 120 peças expostas.

A mais antiga é o rinoceronte de Dürer:
Sabemos que um rinoceronte não é assim, mas na época de Dürer não se via rinocerontes pela Europa. Ele por exemplo, nunca viu um!!!

A exposição nos questiona igualmente por que alguns animais são visto como belos e outros feios? Todo mundo considera um cavalo um símbolo de beleza animal, mas por que não um sapo ou um morcego?

Géricault foi um apaixonado por cavalos e encontramos entre as suas obras uma das mais fortes expressões do cavalo.
Nessa aqui ele conseguiu tranformar o animal em praticamente um ser humano.

Picasso conseguiu transformar o sapo em um animal bonitinho e engraçado!!!
 Ou esse morcego de Van Gogh!
 E esse do escultor Cesar. Com a luz, a sombra do "animal" era impressionante!
Vários livros antigos emprestados pelo Museu de História Natural (Paris), da época em que os desenhos dos livros eram desenhados a mão, ou então gravados (sem cor) ou gravados e pintados a mão. Uma fineza de detalhes!!!

Sem contar nossos amiguinhos caninos, como esse de François André Vincent (século XVIII). Encontramos uma senhora diante dessa obra que nos disse que possui cachorros dessa raça e que eles adoram posar durante horas e horas, os artistas adoram, e ela empresta os seus para aulas de arte!

Ou essa escultura em madeira de Jeff Koons (1991):
Esse cachorro não tem mais nada de "natural", ele segue os padrões de beleza atuais! 
Adoro poodle, é meu cachorro preferido, mas aqui na França é uma raça fora de moda e todo mundo ri de quem tem um poodle ou sai na rua com um!!!

Mas se o cachorro é o melhor amigo do homem, já não se pode dizer que o gato teve o mesmo privilégio na história...

Gato em bronze de Giacometti. Foto daqui.

Se você como eu conhece o Bugatti do automóvel, talvez como eu não saiba (até ontem) que seu irmão Rembrandt Bugatti foi um grande escultor. Apaixonado pela fauna e após ter trabalhado em Paris, ele parte ao zoológico de Anvers (Bélgica), considerado o mais importante da sua época. Os animais selvagens eram seus amigos de todos os dias. Porém com a chegada da Primeira Guerra, todos os animais do zoológico foram mortos, ele se engaja na Cruz Vermelha, é contaminado pela tuberculose, retorna à Itália onde se alista. Com as galerias de artes fechando, não recebe mais encomendas nem dinheiro... Reformado, retorna a Paris, vivendo da ajuda financeira do irmão, que ele também está em dificuldades. Ele se suicida em 1916.

E é claro que não podemos falar em animais no mundo da arte sem lembrar do grande escultor Barye com essa obra que o tornou famoso:
Ou o seu leão:
Foto tirada no Louvre.


E não podemos esquecer de Pompon:
Quem não conhece o famoso urso branco de Pompon? 
(fonte aqui)

Gostaram?
Recomendo as duas exposições e recomendo a próxima Noite dos Museus (em maio de 2013, fiquem atentos)!!! Apesar das filas, é uma oportunidade incrível de fazer parte das atividades culturais da cidade. Se o objetivo é economizar, melhor escolher atrações que normalmente são pagas, já que algumas já são gratuitas sempre, como os museus municipais de Paris. Além disso, recomendo lugares realmente espaçosos, como o Grand Palais, Louvre ou Pompidou, que podem acolher muitos visitantes sem ficar desconfortável.

Informações práticas:

Beauté animale
Até 16 de julho de 2012 no Grand Palais, em Paris
Aberto das 10h às 20h. Quartas até às 22h. Fechado às terças.
Ingresso: 11€, gratuito para menores de 13 anos.

Excentrique(s) de Daniel Buren
Até 21 de junho de 2012, no Grand Palais, em Paris
Aberto das 10h às 19h segundas e quartas, de quinta à domingo até meia-noite. Fechado às terças.
Ingresso: 5€ (2,50€ tarifa reduzida)

Precisões: a exposição Buren podia ser fotografada, já Beauté Animale não. A maioria das fotos foram do site http://www.photo.rmn.fr/ ou então a fonte está abaixo. Confesso que não resisti e fotografei os dois cachorros. As esculturas de Barye eu tinha no meu acervo pessoal, de outras visitas.