quinta-feira, 9 de junho de 2011

Ma Belle-Famille*

Acho que exagerei no último tópico em que falei da família do Sylvain, pois na verdade acredito que todas as familias têm problemas, e ainda mais quando não é a nossa e existe uma diferença cultural ou de educação muito grande. Ao menos, a familia dele tem uma forma muito diferente da minha de se relacionar. Não é nem certo nem errado, apenas diferente, e em muitas coisas não concordo. Mas de uma forma geral são excelentes pessoas e sempre fui muito bem acolhida.

Quanto à "não ajudar", que foi um dos temas mais tocados no post anterior, deixo claro que existem formas e formas de ajudar. A sua família é muito de ajudar em reformas, mudanças, ou para comprar alguma coisa, facilitar a vida do outro. Já no nosso caso somos bem menos "ajudados" em primeiro lugar porque Sylvain detesta pedir alguma coisa à alguém, e em segundo porque moramos "longe" e a maioria dos irmãos detestam Paris e a cidade grande, então eles vêm apenas em caso de necessidade.

Como eu já comentei, ele vem de uma familia de 8 filhos (todos do mesmo pai e da mesma mãe), do qual é o mais velho.

Depois veio sua irmã S., 5 anos mais nova, casada e com 3 filhos. Quando estávamos estudando a possibilidade de comprar o nosso apartamento, pedimos conselho para eles, pois seu marido conhece tudo de eletricidade (atualmente trabalha com automação na indústria automobilística, mas quando começou seus estudos foi na elétrica e fez toda a eletricidade de sua casa, da casa dos demais irmãos e vários amigos, tudo de graça) e teríamos que fazer essa reforma. O orçamento mais barato que nos deram ficava em 15 mil euros, mas ele nos disse que não nos incomodássemos que ele faria toda a eletricidade, e desta forma só pagariamos o material, então valeria a pena comprar o apartamento. Em agosto ele tirou 3 semanas de férias, das quais 10 dias ele "doou" à nossa reforma, trabalhando todos os dias das 8 da manhã até 3 ou 4 horas da manhã, sujo de farelo de concreto da cabeça aos pés, dormindo no máximo 4 horas por noite em um conchão no chão (nosso conforto não era melhor, pois tudo estava embalado e protegido da sujeira). Tudo isso sem perder o bom humor.

Também tem N. o seu irmão que eu mais gosto e que sempre foi muito simpático. Mesmo no início, quando meu francês era muito ruim, ele e sua esposa sempre vinham tentar falar comigo. Até que encontramos dois assuntos em comum: fórmula 1 (agora estou completamente atualizada, mas até 2008 não perdia uma corrida!) e comida!!! A comida por razões diferentes: ele é cozinheiro e eu adoro comer! Então sempre que vamos visitá-los ele já programa com antecedência todas as refeições que vai preparar especialmente para mim!

Em uma ocasião na qual não pude acompanhar Sylvain (tive que trabalhar de última hora), seus irmãos foram todos pescar e me enviram uma quantidade enorme de peixe, pois sabem que adoro, ainda mais esses que a gente pesca de forma amadora. E sabendo que no Brasil comemos milho cozido, eles também foram atrás de milho nas fazendas e me enviaram um saco com uns 10 quilos de milho... Confesso que a maioria estragou pois não consegui comer tudo (mesmo comendo todos os dias!), mas isso felizmente eles não sabem...

E ainda para ilustrar o afeto que eles têm por mim, fui convidada para ser a madrinha de uma das crianças da família... E isso que na família deles não se convida o casal junto, mas um homem e uma mumlher que não formam um casal (isso para dizer que não fui convidada só para acompanhar Sylvain, mas porque queriam me convidar mesmo).

E essa minha cunhada que está aqui em casa, ela gosta de mim, imagino, pois de vez em quando comento algo que gosto, e aí quando eu menos espero ela vem com um presente para mim! Não é pelo presente, mas isso prova que a pessoa é atenta às minhas opiniões e gostos, e aí quando ela quer agradar recorre à sua memória. Lembro que quando estávamos em Londres, vi em uma loja uns "animais" daqueles que a gente bloqueia a porta e comentei que eu adorava! Mas como era pesado, estava chovendo e achei meio caro, não comprei. E então no meu aniversário ela me presenteou com esse lindo cachorrinho:

E outro dia estávamos visitando lojas de animais e plantas, comentei que adoro a lavanda e que um dia gostaria de ter na minha sacada, e semana passada ela chegou com 3 vasinhos de lavanda...

Problemas de família, quem nunca teve? Mas por outro lado tenho muita sorte de ter uma belle-famille  que sempre me aceitou apesar das minhas diferenças e com quem posso contar na falta da minha...

* belle-famille : como se chama a família do conjuge

10 comentários:

Anônimo disse...

Olhe confesso que não li o outro post que você reclamou deles, mas, pelo o que eu acabei de ler, acho que eles ajudam quando podem e aparentemente gostam muito de vc. Bj

Alma disse...

Adorei seu post!
E realmente, quem nunca teve problemas de família?
O mais legal é que vcs são carinhosos uns com os outros.Acho que isso é o que vale realmente, pois agradar a cada instante ninguém consegue.
No mais é ter paciência e aproveitar o lado bom das coisas.
Um xero.

Beth Blue disse...

Olha, eu acho que você até tem sorte de ter uma família dessas aí na França!

A família do meu ex (que também tinha problemas e muitos) morava na Inglaterra então quando tivemos bebê (e nos anos seguintes) nunca tivemos ninguém por perto disposto a nos ajudar não...

Era eu e meu ex-marido revezando todas as tarefas: casa, filho, etc. Não é à toa que o casamento não aguentou a pressão.

Beth Blue disse...

Eu posso estar delirando, mas alguém já te disse que você tem cara de francesa?!!

Eu duvido que em Paris eles achem que você é brasileira, rsrsrs. Ainda mais com tanto francês de cabelos castanhos (aqui não é assim).

Carla (Arroz de Minhoca) disse...

É a vida Milena :)
Lindo o post, pela tua beleza de olhar... continua assim, vivendo!

ruma disse...

Olá.
Suas obras reconfortante fascina meu coração.

Por favor, olhe bonito garotas japonesas.

Comemoração das meninas KIMONO linda

A oração de toda a paz ...
Por favor, Tenha um bom fim de semana.
Saudações.and ABRAÇO FORTE!

A partir de Saga, no Japão.
ruma

Milena F. disse...

Karol, o que me incomoda é que atualmente a minha cunhada estah morando aqui em casa, e ela não faz praticamente nada para ajudar. Suas roupas ficam espalhadas pelo chão, ela não ajuda a lavar a louça, nem a dela de quando ela come sozinha. Quando vou limpar a casa, a unica coisa que ela faz é levantar os pés para que eu passe o aspirador no quarto dela ou quando vou limpar o solo. Tem uma hora que cansa, pois trabalho fora e me sinto sobrecarregada, pois ela não é minha filha, nem é minha irmã...

Milena F. disse...

Beth, mas eles infelizmente não moram "perto". Moram a 2h30 de trem daqui... Então não dah para contar no caso de ter filhos, e é essa uma das razões pelas quais fico adiando (ter que me virar sozinha sem poder contar com ninguém!)
Xi, acho que não tenho nada a ver com o estereotipo francês!!! Os franceses sempre dizem que fisicamente sou diferente, mas geralmente acham que sou italiana ou espanhola (para eles as italianas são morenas, olhos castanhos e com "formas"). Alguns jah dizem que sou da America, como do México, Peru (!?!)
Já os arabes que vivem aqui acham que sou arabe também (Tunisia, Argelia ou Marrocos, principalmente!)

Milena F. disse...

Ellen, Carla e Ruma, obrigada pelo carinho!

Beth Blue disse...

Engraçado este lance de estereópico né? Eu quando mudei pra cá e era magra (sim, já fui magra) também sempre achavam que eu era espanhola.

Tenho cabelos cacheados e olhos amendoados e por isso também tinha que achasse que eu era de Israel (cachos) ou do Marrocos ou coisa parecida (olhos amendoados).

De qualquer forma, fique tranquila, as mulheres da Tunísia e Marrocos são muito bonitas! hehehe ;-)