terça-feira, 14 de agosto de 2012

Os prazeres simples dos chineses


Sempre nos passaram a imagem dos chineses atuais correndo atrás do dinheiro e do tempo perdidos, talvez seja uma caracteristica dos chineses expatriados ou dos bairros de negócios de Hong Kong e Shanghai, mas o que vimos em Pequim e nos demais lugares que visitamos na China foi uma busca pelos prazeres simples da vida: o tai chi pela manhã nos parques e jardins públicos, casais e grupos de todas as idades dançando nos mesmos parques e praças desde que a noite tomba, um tigela de arroz ou de noodles nas mãos.




No nosso passeio por Mutianyu também conhecemos igualmente uma alemã que mora em Pequim (com o marido que é professor de Kung Fu) e com quem fomos degustar um delicioso Pato Laqueado de Pequim, e no meio da conversa, ela toda entusiasmada com a sua nova pátria (a China), eu perguntei o que ela mais gostava nesse país e ela me falou que eram os chineses e a sua forma calma de levar a vida sem estresse apesar de viverem em uma cidade de mais de 18 milhões de habitantes!!!

E foi exatamente isso que sentimos nos nossos 5 dias em Pequim! Ao lado de enormes avenidas com seu trânsito caótico, ainda vemos antigas ruazinhas (hutongs) que ficaram parados no tempo e pessoas simples que mais nos lembram o "interior", mas tudo isso dentro mesmo da cidade, néao estou falando da periferia!

Um povo que apesar de ter experenciado muito sofrimento e um grande período de fome nos anos 60, considerado o pior de toda a humanidade, vive ainda uma vida simples e de cabeça erguida.



P.S.: para quem vê os chineses como um povo que só pensa em moda e grifes ou em tirar vantagem de tudo e "corrompido", vale lembrar que cerca de 1 bilhão de chineses (isso mesmo, quase 5 vezes a população do Brasil) são ainda camponeses e vivem praticamente sem nenhum contato com as civilizações ocidentais e o mundo dito "capitalista".  O restante vive nas grandes cidades e uma pequena parte desses podem fazer parte do grupo dito "capitalista" e/ou que tenta "tirar vantagem". Ou seja, uma parcela muito pequena da população que, então, não serve para generalização, na minha opinião.

13 comentários:

Enaldo Soares disse...

Beleza,mas cá para nós, essas musiquinhas anos trinta e dancinhas são meio cafonas, rs...

Milena F. disse...

Enaldo, eu adorei! Para mim "vintage" nunca é brega ou cafona!!! Brincadeiras à parte, foi realmente essa sensação de um país que anda a mil (e a gente vê isso em todas as esquinas, ficamos impressionadíssimos), para outras coisas parece que o tempo não passou!

Camila Navarro disse...

Sou contra todo tidpo de generalização. É impossível julgar um povo como se ele fosse homogêneo. Que bom que você descobriu uma China diferente da que é alardeada por aí. E sabe que ela é bem mais parecida com que a que eu imaginava? :)

Beijos!

Ana Maria Brogliato disse...

Os posts sobre a China estão ótimos, estou adorando.
Essas músicas e as danças de ruas dão um ar tão ingênuo, bem diferente do que a gente imagina para a capital chinesa. Bjs e parabéns pelas postagens.
www.viagensebeleza.com

Beth Blue disse...

Engraçado você dizer isso porque é bem diferente da imagem que tenho pelo que vejo na tv, leio nos jornais e ouvi de uma chinesa que mora aqui na Holanda e não quer mais voltar pra China!

Explicando, a China tem se desenvolvido enormemente (como o Brasil, de certa forma, o tal BRIC) e tem surgido uma classe ambiciosa e que gasta tudo que tem em grifes, por exemplo. Vi na tv e fiquei impressionada mas também tive uma sensação de deja vu porque isso sempre existiu no Brasil, os famosos nouveau riche.

Então eu acho que é tudo relativo e claro que existem estes chineses que você viu mas acho que "a beleza está nos olhos de quem vê" e o turista as vezes já viaja com uma idéia preconcebidas que afeta a maneira como ele vê e analisa tudo ao seu redor. Ou seja, a maneira como vemos o mundo e as pessoas é sempre subjetiva!

Mas gostei do seu relato, viu? Bem diferente da minha idéia dos chineses e da China moderna!

Beth Blue disse...

E a tal chinesa que conheço sempre que vai a Pequim fica chocada como as pessoas estão correndo atrás de todos os valores capitalistas...consumismo desenfreado, grifes vendendo mais do que nunca, gente correndo pra cima e pra baixo pra ir ao trabalho ganhar o salário que ai gasta logo nas roupas e bolsas novas...enfim, parece até Brasil!!!

Mas eu acho que no interior da China sim é mais como você descreveu! Pequim? Tenho minhas dúvidas...

Milena F. disse...

Meninas, esses vídeos foram realmente em PEQUIM mesmo (na famosa rua Wangfujing que é quase uma Times Square), por isso me surpreenderam. E essas pessoas que a gente vê ali são as pessoas que a gente encontra pela cidade de manhã no metrô, nos restaurantes, etc... Para entender o que eu quero dizer com Pequim como praticamente uma cidade do interior, só lá mesmo para ver esses contrastes! Ruazinhas que ficaram paradas no tempo, pessoas lavando roupas a mão e estendendo na rua, o vendedor de frutas e legumes... Claro que existe essa busca pelas grifes (tb vi na tv), bolsas e roupas de marca, esse capitalismo desenfreado, mas talvez seja mesmo dessa nova classe que não vemos nas ruas pois eles devem estar nos bares e restaurantes da moda, e são geralmente pessoas que já viajaram para o exterior. Inclusive artigos de marca (verdadeiros ou não) a gente nem vê em Pequim. Mesmo nas montanhas de Huangshan, alto local de turismo chinês e considerado um local de turismo "caro", para chinês que tem dinheiro, não vimos nada disso. Fomos ver mesmo em Shanghai. Mesmo assim, as lojas que estavam lotadas eram as lojas mais baratas e de marcas simples. lojas estilo Prada, Louis Vuitton, vazias com vendedoras dormindo!!! hahahaha Mas mesmo em Pequim, as meninas geralmente bem arrumadinhas, mas nada de grifes famosas...

Milena F. disse...

Então eu digo que isso que nos mostram na TV é mais uma GENERALIZACAO, baseadas em Hong Kong, Macao e Shanghai. Como também vi na tv que a nova preocupação da China é a obesidade, mas em 3 semanas eu procrei mas não vi nenhuma chinesa obesa, talvez umas 3 ou 4 "gordinhas" como eu. para ter uma idéia, eu que uso M aqui na França, lá só entrava em roupa XXL. Sylvain que usa S na França (para os padrões franceses ele é magro com 66kg e 1,76m), na China ele só entrava em XL!!!

Sandra disse...

Gostei da "sua" China. No doc que eu assisti na TV, a reportagem focou bastante na China Rural e acho que mesmo nas grandes cidades ainda há resquícios da China interiorana. Mas indo de encontro ao comentário da Beth, em Zurique vejo muiiiitos russos e chineses fazendo altas compras em lojas de grife. Então não temos como generalizar, mas sim enxergar que existem várias Chinas dentro do país. É a globalização :-).

Milena F. disse...


Sandra, aqui na França é a mesma coisa, antes eram os japoneses, agora são os chineses (além dos russos, claros) que são os principais clientes do mundo do luxo. Mas como eu disse é uma minoria que consegue sequer sair do país, são privilegiados mesmo! Assim como na Russia, que é um país pobre (atualmente mais pobre do que a China) mas onde se encontram grandes fortunas. Nem mesmo em St Petersburgo que é uma das cidades mais desenvolvidas da Rússia não se vê todo esse luxo nas ruas (nem em carros, nem em roupas nem em acessórios).

Gisley Scott disse...

Essa China eu não conhecia. A "China" daqui é bem diferente dessa.É mais do tipo de Shangai eu acredito.Mas quer saber? Foi muito lindo ver esse povo tirando tempo para curtir a vida, para dançar.Na verdade eu amei a dança, pois mostra que vc pode dançar com elegância sem ter que se esfregar um no outro feito sabão em roupa.

Pq hj em dia se não se esfrega não é dança né? Se a bunda não toma a tv todinha, não é dança.Se a mulher não faz poses ginecológicas e não sabe subir no mastro e ficar de cabeça pra baixo, não é dança.Ou fazer movimentos como se estivesse fazendo sexo explícito, não é dança.Para quem acha exagero, é só conferir o vídeo Summer LOve do Justin Timberlake ao vivo.

Essa China me faz ter respeito, amor e reverência por uma nação que foi tão abusada e massacrada por outras.Eu assisti dois filmes baseados em fatos reais do treinador Ip Man.Um povo que sempre está sorrindo, a despeito do que aconteceu.Não é à toa que envelhecem tão bem :)!

Beth Blue disse...

Gisley, China abusada e massacrada por outros? Você sabe o que a China fez com o Tibet? Se não sabe, devia ler sobre o assunto...um verdadeiro massacre. Mataram, destruíram e proibiram qualquer manifestação da cultura tibetana e isso até os dias de hoje...

A China pode ter sido massacrada e explorada, mas também fez o mesmo...enfim, tudo é relativo!

Milena F. disse...

Eh difícil encontrar um povo que tenha sido totalmente bonzinho ou totalmente malvado... Quanto a essa relação China x Tibet, que é o principal ponto sensível, a verdade é que a mídia ocidental só mostrou até hoje um dos lados da história e formou a opinião de todo o povo ocidental a partir disso.