domingo, 13 de fevereiro de 2011

Retrato falado

(versão em português logo abaixo da foto!)

Pour commencer,c'est un vrai bavard, il aborde tous les sujets et s'intéresse à tout. Tôt le matin il dégage de la bonne humeur, ouvre les volets et met des chansons pour préparer notre petit déjeuner. Il est toujours de bonne humeur, ce n'est pas que le matin.
Il n'a besoin que de 5 minutes pour faire la connaisance de quelqu'un. La conversation lui vient naturellement et il découvre rapidement les points fondamentaux de la vie de cette personne !
Il ne boit jamais de vin, et au sens large ne supporte ni l'odeur ni le goût de l'alcool depuis toujours, il ne mange pas de légumes et ne mange quasiment pas de fromage.
Il adore les desserts mais sa véritable addiction est sans conteste le "chocolat" sous toutes ses formes!!
Il prend sa douche tous les jours et ne se plaint jamais de la vie. Sa phrase quotidienne est : "est-ce que c'est si grave que ça ?"

Contre tous les clichés, je parle de mon chéri, né français et élevé ici tout sa vie depuis sa Normandie natale. Rien ni personne ne le remplace dans ma vie!

Bon anniversaire mon chéri!


Ele fala pelos cotovelos sobre todos os assuntos e se interessa por tudo. Ele se levanta já de manhã cedo de bom humor, abre as persianas e prepara uma trilha sonora para o café da manhã. Ele está sempre de bom humor, não é só pela manhã não.
Ele não precisa de mais de 5 minutos para conhecer alguém. A conversa flui naturalmente e rapidamente ele está conhecendo toda a vida dessa pessoa!
Ele não bebe vinho, na verdade não suporta nem o cheiro nem o gosto de álcool, não come legumes e praticamente não come queijos.
Adora sobremesa mas a sua verdadeira adição é ao chocolate em todas as suas formas.
Ele toma banho todos os dias e nunca reclama da vida. Sua frase quotidiana é "est-ce que c'est si grave que ça?" (algo como "mas é realmente tão grave assim?")

Contra todos os clichês, falo do meu chéri, francês nascido e criado por aqui (na sua Normandia natal)... Não troco por nada no mundo!

Feliz aniversário!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Bruges: refúgio para os apaixonados

Bruges para mim é uma das cidades mais românticas da Europa. Tudo convida à celebração do amor: as ruas calmas, o lago, os cisnes, os canais, a beleza de perder o fôlego dessa cidade que por muito tempo ficou esquecida. Não consigo explicar a sensação que ela me provoca, mas espero conseguir compartilhar com vocês um pouco da minha fascinação por esse pequeno paraíso belga em algumas linhas e fotos.

Bruges é a cidade mais iluste da Bélgica e na Europa uma das que melhor soube conservar sua fisionomia medieval. Seu charme está em todos os cantos dessa cidade museu a céu aberto, nas suas antigas construções muito bem conservadas e restauradas, na riqueza de seus museus onde se venera a arte flamenga e no romantismo de seus canais.
Uma escapada de barco pelos canais permete de descobrir cantinhos charmosos e inacessíveis à pé:
A foto à esquerda foi batida em 2009 e a da direita em 2011. Será que se trata do mesmo cachorro?

À direita, o Belfort, construção do século XIII em estilo gótico elegante para os dois primeiros andares. Entretanto, os demais andares foram construídos em 1482, anunciando a Renascença. São 366 degraus até o topo, que subi com muito esforço na minha primeira visita mas que acho que não farei nunca mais! A visita e a vista comprensam, mas para mim o problema foi subir pelas escadas estreitinhas. Eu tive uma horrível sensação de estar presa, subindo aquelas escadas que não terminavam mais! Achei que não chegaria ao topo! 47 sinos, pesando um total de 27 toneladas, compõem o carrilhão (esse maravilhoso instrumento pelo qual Bruges é mundialmente conhecida). Eh possivel assistir a um concerto em horários específicos, de acordo com a época do ano!

Vista do Belfort sobre a cidade com a bruma da manhã


A igreja Notre-Dame, com sua torre de pedra um pouco austera (122 metros)começou a ser construída em 1290 e foi concluída 250 anos mais tarde. A igreja guarda 2 tesouros: Uma escultura de Michelangelo (obra de sua juventude) e os sepulcros de Maria de Bourgogne e de seu pai Charles o Temerário.


O antigo hospital Saint-Jean (foto acima) e Casa de Deus formavam uma instituição de caridade dentre as mais antigas da Europa. Do século XII, trata-se de uma verdadeira construção "brugeoise" de tijolos vermelhos. Atualmente foi transformado no museu Memling, podemos visitar a capela, as salas do hospital e as "casas de Deus" (maisons-Dieu em francês), que datam do século XVII e que foram construídas para abrigar os miseráveis da cidade no momento em que a cidade se empobreceu. São casinhas brancas umas ao lado das outras que ainda hoje parecem paradas no tempo, com suas cortinas em renda.

Um outro local a visitar é o Béguinage. Le Béguinage de la Vigne (Begijnhof Ten Wijngaarde) foi fundado na primeira parte do século XIII, no reino de Marguerite de Constantinopla. Resumindo, béguinage é uma comunidade de religiosas, típico dos Paises Baixos e da Bélgica, que vivem em grupos mas que  não pronunciaram votos. Quando os maridos partiam para as cruzadas e guerras, muitas mulheres se viram obrigadas a se organizar em comunidades para se ajudaram umas às outras, mas elas eram livres para partir ao encontro de suas famílias ou mesmo para casar. Em Bruges, com a morte da última entre elas em 1930, uma comunidade de irmãs bénédictines se instalou no mesmo lugar. Essa mini-cidade de lendas e isolada da cidade pelas suas duas portas nos provoca uma sensação de paz e de meditação. As casinhas brancas ao redor do jardim silencioso com suas árvores centenárias formam sem dúvida o ambiente mais poético de Bruges.
  A porta branca sobre a ponte é uma das portas de entrada (ou saída?) do béguinage.

E do lado de dentro, é esta atmosfera que encontramos...
Reconhecida pela sua renda (renda de Bruges), no século VXII e XVIII eram as mulheres mais miseráveis que se tornaram rendeiras, esgotadas pelo excesso de atividades domésticas, que serviam para embelezar as vestimentas e decorar as casas dos mais abastados! Atualmente, a técinica aparentemente foi transferida à Asia, e os guias de turismo nos alertam que boa parte da renda encontrada à venda provêem do trabalho mal-pago e muitas vezes escravo e infantil de países asiáticos... Mesmo que os motivos e a técnica sejam realmente da renda de Bruges.

Bruges em algumas imagens:

Minnewater, também conhecido como o Lago do Amor.

A Virgem Maria é a padroeira de Bruges e podemos encontrá-la em toda parte! Do alto das fachadas, ela vela a cidade.


O teatro municipal de Bruges foi finalizado em 1869. Em frente podemos admirar a elegante estátua do escultor Jef Claerhout, representando o personagem Papageno que Mozart imortalizou na sua Flauta Encantada.

 Antigamente as casas eram assim, mas devido aos incêndios, a partir do século XVII essas construções em madeira foram proibidas. Essa é uma das poucas que restou.

Fórum civil. No detalhe, a imagem de um urso (conta a lenda que o primeiro habitante da cidade foi um urso!). No alto do prédio, diversas estátuas representando personagens do Direito.
Diriamos uma pintura impressionista!

Eu poderia ficar aqui dias e dias revendo as minhas fotos, mas melhor parar por aqui, estou já com muito assunto atrasado!
Então, para quem não conhece Bruges, consegui convencê-los?

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Lavar roupa todo dia, que agonia...

          Hoje enfim estou de folga, após várias semanas sem muito tempo livre. Por coincidência, o dia está bonito e não está muito frio, um verdadeiro convite a um passeio, certo? Errado! O problema é que dia de folga geralmente rima com colocar a casa em ordem, lavar, limpar, passar... Ou seja, para mim, o dia de folga se transforma em verdadeira tortura!!!
          Claro que eu adoro ver a minha casinha limpinha e cheirosinha, com cada objeto no seu devido lugar... O problema é que nunca tive vocação para a ação eu mesma! Sempre detestei as tarefas domésticas e sempre sonhei em ter uma empregada (ok, uma diarista já me serve),mas com os preços exorbitantes que não baixam de 10 heuros a hora por aqui, eu mesmo acabo tendo que encarar.
         E tem a roupa para lavar, estender e recolher, tudo isso quando aqui é praticamente impossível encontrar uma área de serviço em um apartamento. Tenho que estender a roupa no quarto de hóspedes, e quando o mesmo está ocupado, na sala (por isso detesto lavar roupa no final de semana!). Além disso, como a água aqui é muito calcária, temos que tomar todo um cuidado com a roupa. Consumo litros e litros de amaciante de ótima qualidade e as toalhar ainda ficam parecendo uma lixa!!!
                                                               Google imagens

          Depois tenho que passar o aspirador de pó, e é incrível a quantitade de cabelo que encontro pela casa inteira!!! Não posso nem tirar o corpo fora e dizer que não é meu, pois meu chéri não tem um fiozinho sequer!!!
          Depois é lavar o solo, e é aquele esfrega-esfrega... Aí vem limpar o banheiro, esfregar a banheira e as torneiras em inox para retirar todos os traços calcário, e não é fácil não! Um excelente exercício de musculação!!! Depois o trabalho continua na cozinha, com a gordura e mais uma vez meu inimigo mortal, o calcário.
          Os vidros que me desculpem, mas eles ficam para uma próxima vez!!!
          Após essa maratona, as unhas ficam horríveis, sempre digo que vou cuidar delas, mas nunca faço...
          E ainda tem todas as tarefas administrativas, como escrever uma milésima carta de reclamação ou de pedido de reembolso de alguma coisa que nos foi cobrada indevidamente, e telefonemas para resolver problemas.

          E assim passa um dia de folga! Meu marido chega e estou ainda mais cansada que nos dias em que trabalho o dia inteiro!
         Pois é, já são 11 horas e ainda nem comecei a minha arrumação... Eh bem mais divertido ficar aqui jogando conversa para o ar! Que chegue o próximo dia de trabalho, assim tenho uma desculpa para não fazer faxina!!!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Le Roi Soleil*

          Estamos no início de fevereiro, mas o inverno para essas bandas de cá está longe de acabar! Sempre digo que o frio por si só não me incomoda (sempre gostei!), talvez sejam resquícios de anos e anos no inverno gaúcho. Mas é verdade que não consigo me acostumar à falta de sol e de luminosidade em si.
          Neste mês de janeiro, de acordo com os serviços de meteorologia franceses, o sol apareceu 33% menos que a média da época, o que já é baixo. A média em Paris foi de uma hora de sol por dia. Ou seja, dias cinzas, chuva fina, morosidade no tempo e nas pessoas.
          Algumas pessoas podem achar bobagem, mas cientificamente é provado que a falta de luminosidade apresenta conseqüências sobre o organismo.
         Trata-se de um fenômeno bem conhecido dos psiquiatras e psicólogos: a depressão invernal ou sazonal (transtorno afetivo sazonal de acordo com a classificação oficial), que ocorre em relação com um período particular do ano e que apresenta sintomas como uma necessidade maior de sono, fissura por carboidratos, aumento de apetite e peso, e fadiga extrema. O transtorno é mais facilmente encontrado em localidades em que existem reduções significativas das horas de sol nos períodos outono/inverno. Esse fenômeno atinge muito mais mulheres do que homens e começa cedo, geralmente entre os 20 e 30 anos.
          Tudo isso para dizer que acho que entro nesse grupo de pessoas que apresentam esse transtorno durante o período invernal. Sinto-me cansada, sem energia, sem vontade de fazer nada. Meu humor é instável, qualquer coisa pode me tirar do sério (falta de senso de humor) ou chorar. Sylvain tem dificuldades para entender o que se passa, ele não entende como uma pessoa pode ser facilmente influênciada pelo sol (ou ausência dele). Mas basta o sol brilhar lá fora e eu fico toda alegrinha, bem serelepe, coloco meu casaco, minhas luvas, cachecol e gorro (acessórios indispensáveis de inverno) e estou pronta para bater perna em qualquer lugar, mesmo que os termômetros marquem temperaturas negativas!
Enquanto muitas pessoas fazem terapias com lâmpadas especiais, ainda prefiro recarregar as minhas baterias naturalmente.
Sei que ninguém está com inveja da forma que encontrei de tomar sol!

* Le Roi Soleil na verdade é o apelido do Rei Luis XIV, mas utilizei aqui na história para ressaltar que o Sol é o rei na minha vida.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A integração passa pela linguagem (???)

          Conversando com uma amiga brasileira que mora na Itália há alguns anos, nós duas estávamos de acordo que o primeiro passo para a integração em um outro país (e a explicação do nosso "sucesso" nesse sentido) é o domínio da língua. Se mesmo para uma criança a socialização passa pela linguagem (seja ela falada, de sinais, etc.), imagina para um adulto?
          Sempre fui fascinada pela história de Helen Keller, uma americana nascida em 1880 que desde os seus  dois anos de idade era surda, muda e cega. Como apresentar o mundo da linguagem a uma criança com essas restrições? Com a ajuda de Ann Sullivan, que se tornou sua professora, tudo isso foi possível. Não falo de milagre, não! A técnica consistia na utilização da linguagem de sinais, mas como a criança também era cega, ela aprendia pelo tato. Helen Kellen não é a única a ter limitações importantes e ter conseguido vencer seus próprios limites.
          Fiz esse breve relato para dizer que não compreendo porque algumas pessoas não consideram importante aprender a linguagem do país em que vivem. Se a estadia é temporária eu até entendo, pois afinal o investimento (energia, tempo e muitas vezes dinheiro) é muito alto, mas se é para permanecer por um tempo indeterminado, na minha opinião o aprendizado do idioma deveria estar no topo da lista de prioridades.
          (Na minha opinião, sempre), é a linguagem que vai nos permitir de realizar as atividades do quotidiano, como fazer a feira, fazer compras, realizar todas as burocracias administrativas (e aqui na França elas são muitas!), seja pessoalmente, por telefone ou através de cartas! Se a gente não possui um bom nível, podemos acabar dependente dos outros (marido, filhos, etc) e essas atividades simples podem virar um martírio e roubar a nossa autonomia.
         Eh o bom uso da linguagem também que vai interferir no tipo de emprego que vamos ter. Alguém pode contratar um estrangeiro que não fala francês para fazer faxina, mas para um outro tipo de emprego, que exige contato com outras pessoas, telefone e comunicação escrita, aí vai ser difícil. Tem muita gente que trabalha como babá sem falar o idioma, porém eu não contraria uma babá que não fala francês (se eu tivesse filho!) por razões simples: se acontece um problema com a criança, qual vai ser a reatividade dessa pessoa para procurar ajuda? Como ela vai se comunicar com os hospitais, bombeiros, polícia, etc, quando ainda por cima o primeiro contato é por telefone? Como ela vai explicar o problema? Eu não teria confiança (nesse aspecto, que fique bem claro).  
          E como terceiro ponto importante (se não esqueci nenhum) está a socialização. Eh através da língua que teremos contato com locais e pessoas de outras nacionalidades que não apenas a nossa. Tem muita gente que prefere apenas contato com brasileiros, vai da escolha de cada um, mas eu prefiro não viver em guetos e poder me comunicar e enriquecer as minhas relações com pessoas que me interessam, independente da nacionalidade.
(Cécile é de origem coreana e Seko vem do Togo)

          Aqui seguem algumas dicas para aprender francês (que pode ser adaptada a outros idiomas). Não é o único, mas eu gostaria de compartilhar o caminho que utilizei:

1. Quando ainda estava no Brasil, coloquei as lições de francês e músicas em francês no meu mp3 e escutava todos os dias durante o meu trajeto de ida e volta ao trabalho. Isso me permitiu uma boa familiarização com o idioma.

2. Ainda lá, todas as noites assistia ao menos a um filme ou série em versão original francesa ou dublada em francês. Aos poucos eu ia associando as imagens com o discurso e conseguia compreender pelo contexto.

3. Comecei a ler livros infantis em francês, pois são bem simples e permetem enriquecer o vocabulário básico.

4. Já aqui na França, raramente assisti televisão brasileira. Quando ligava a TV, prefiria programas em francês para me adaptar com a linguagem e também com as "personalidades" que passam pela TV. Sempre me senti meio idiota quando alguem falava de alguém famoso, como a Gloria Pires "francesa", e eu nunca tinha ouvido falar da criatura... Ou então mostravam o ministro das finanças, da imigração... Eu não me sentia bem em um país e estar completamente alienada em relação ao contexto político.

5. E se vocês não possuem um excelente professor particular em casa (mesmo que um tantinho exigente), como eu tive a sorte de ter, impossível abrir mão de um curso de francês. O curso vai fornecer a disciplina para quem não a tem e favorecer o ambiente de comunicação em francês.

6. Eu ainda tive a sorte de ser uma devoradora de livros. Leio tudo e qualquer coisa, e desde que cheguei não tive medo de me aventurar a ler tudo em francês.

          Aprender francês é uma tarefa árdua, mas é ao mesmo tempo um combate decisivo para quem vive aqui, em todos os sentidos do verbo viver.

      E o resultado compensa, quando conseguimos vencer o silêncio e podemos traduzir nossos pensamentos em palavras que os outros podem compreender.