segunda-feira, 8 de abril de 2013

Tem pobre em Paris?

Paris atrai milhões de turistas anualmente, é uma das cidades mais visitada no mundo (se não a mais visitada), e a maioria volta para casa  com as expectativas atendidas ou mesmo superadas, mas cada vez mais tenho me deparado com brasileiros que não gostaram ou mesmo odiaram Paris. Tentei esmiuçar bem, conversando com quem pude ou lendo (blogs, relatos de viagens, foruns da internet) as razões e as principais que encontrei são as seguintes:

- Afinal, tem pobre em Paris?

Sim, é verdade, tem. Mas a pobreza aqui é diferente da que vemos no Brasil. Aqui ainda existem muitas ajudas sociais, quem está desempregado tem um longo seguro desemprego, quem não tem direito ao seguro desemprego tem uma renda garantida pelo governo (RSA), existe ajuda para pagar aluguel, existe ajuda para tudo. Então quando vemos pessoas nas ruas em situações muito difíceis, geralmente elas não estão em situação regular na França para poder contar com todas essas ajudas, ou estão em uma situação transitória até conseguir dar entrada na papelada, ou são pessoas em situação de conflito com a sociedade, que se recusam a ter um domicílio fixo, emprego ou prestar contas. Existem exceções, mas de uma forma geral é isso que indicam as associações especializadas.
Então, encontramos sim muita gente que pede dinheiro na rua (geralmente ciganos da Romênia e Bulgária, conhecido como "rooms"), no metrô, nos sinais de trânsito e tem muitos SDFs (sem domicílio fixo) que vivem nas ruas. Alguns são bem limpinhos e bem-vestidos com o seu animal de companhia (que fazem geralmente parte desse grupo que não quer se submeter às regras da sociedade), outros se encontraram na rua por N outras razões (como explicado acima) e a situação é complicada e não é simples de ser resolvida!

- Gente feia e mal-encarada, "senti medo em Paris"

Essa tenho ouvido ou lido cada vez mais. Acontece que para os muitos brasileiros (e não só) o padrão de beleza é o "europeu", ou então tem que ser uma mulata estilo dançarina de escola de samba, ou uma índia estilo Pocahontas. Se o negro chegou direto da Africa, ainda mais vestido com as roupas do vilarejo, entra automaticamente na classificação de "feio". Também associamos muito a questão da cor com a criminalidade ou violência. E nem falo só de negros, mas árabes e indianos também acabam entrando nesse rótulo. Faz parte da "história da feiúra" (recentemente li o livro do Umberto Eco que leva esse nome e que explica muito bem ao longo da história o que era considerado feio e bonito). Como quem viaja para a Russia "branca e loira" se espanta com a quantidade de mulheres "bonitas". Quem definiu esses padrões de beleza?

Uma amiga brasileira chegou na França há 20 anos, ela morava em uma cidade do interior do Paraná e foi aqui em Paris que viu um negro pela primeira vez na frente dela. 
Mas vamos concordar, gente, não é porque alguém é negro, árabe, indiano, chinês e pobre que é bandido!!!
Apesar do aumento da violência na Europa, Paris continua sendo uma cidade muito segura. O que mais acontecem são os roubos de celulares ou bolsas/carteiras, sem que a pessoa veja. Mas uma agressão a mão armada para roubar alguma coisa resta ainda um fato raro!!! 
Não dá para dar bobeira, os batedores de carteiras estão em todos os lugares, mas principalmente perto dos pontos turísticos.
A Europa está mudando, ela viveu e vive uma imigração muito forte e no futuro a imagem do francês não será mais a mesma. Só espero que a mentalidade dos povos também evolua!!!

- Paris é uma cidade suja e fedorenta

Talvez eu tenha me acostumado, mas desde a primeira vez em que estive aqui, nunca vi essa sujeira da qual todos falam. Mesmo comparando com outras cidades européias ou brasileiras que conheci. 
Em lugares com um fluxo muito grande de passantes (turistas, em sua maioria), é verdade que a cidade não é "um brinco". Mais uma vez o exemplo da Champs Elysées, que por medidas de segurança possui poucas lixeiras!!! Então os turistas deixam o lixo em qualquer lugar mesmo. 
O metrô é um outro tema de controvérsias. O metrô de Paris é muito antigo (a primeira linha foi inaugurada em 1900)  e atualmente são 16 linhas, num total de mais de 200km. Mais de 4 milhões de pessoas utilizam o metrô todos os dias. Se o número de passageiros é praticamente o mesmo do metrô de São Paulo, uma diferença básica é que em Paris, pela idade e construções dos túneis, existe muito pouca aeração. O ar não circula, o cheiro de multidão fica. Sem contar tudo o que se passou nesse solo durante séculos e séculos... O cheiro não vai embora assim!

Mas outra diferença é se a gente pega uma linha que passa pelas localidades mais pobres (= maior número de imigrantes pobres) ou uma que passa pelas zonas nobres da cidade (pode ter imigrante, mas vai ser imigrante rico), em que os passageiros geralmente são clarinhos e limpinhos... O cheirinho e a limpeza são longe de serem os mesmos...
E mesmo para os parisienses a cidade se tornou suja e fedorenta, eles reclamam medidas junto à prefeitura, reclamam em fóruns de dediscussão e em mesas de cafés ou bar... Segundo eles, o problema se agrava com o turismo (muitos turistas que jogam lixo em qualquer lugar e utilizam as ruas como banheiro público) e com uma imigração desenfreada de pessoas que não possuem os mesmos hábitos. Pode parecer exagero, mas basta verificar que os locais mais sujos são habitados justamente por essa categoria.
Lembro que quando morava em outro apartamento, uma família africana tinha mania de jogar o lixo pela janela! Era caixa de leite, pacote de cereais, restos de comida... Um horror! O síndico (gardien) tentava falar com eles, mas quem diz que entrava na cabeça deles que tinha um lugar específico para colocar o lixo?

- Os franceses são grossos, antipáticos ou mal-educados

Eu sempre digo que quem passou somente alguns dias aqui como turista provavelmente viu ou teve contato com pouquíssimos franceses!!! A cidade conta com uma imigração bem forte e geralmente os empregos da área do turismo (hotelaria, restaurantes) são ocupados massivamente por estrangeiros. Eh uma realidade, pois são considerados empregos relativamente precários, onde é necessário trabalhar em horários malucos e alternados, com salários baixos. Quem tem escolha cai fora, e geralmente quem não tem escolha acabam sendo os estrangeiros... A gente vai em um restaurante ou loja em Paris e praticamente todos os funcionários são estrangeiros (ou "filhos de", com uma cultura ainda muito forte ligada ao país de origem, muito mais ligada à ele do que à França). Exceções para os estabelecimentos de luxo, onde geralmente os funcionários vêem de grandes escolas de gastronomia ou hotelaria, mas nesses casos o atendimento é geralmente perfeito.
Outra coisa que acontece muito na França é que existem muitos contratos de trabalho para "estudantes". Então também encontraremos muitos jovens estudantes que precisam ou querem trabalhar e fazem um "bico". Nesse caso eles mesmo dizem que o trabalho é "puramente alimentar" (= para pagar as contas) e alguns não fazem o menor esforço. Além disso alguns trabalham apenas um dia por semana, então nem conseguem se manter atualizados de tudo o que se passa na empresa. No verão (julho e agosto), época de férias européias, praticamente só vemos estudantes e contratos temporários, e na minha opinião o atendimento é mais precário.
Tudo isso para dizer que cada vez que alguém me citou um caso em que foi mal-atendido, perguntando daqui ou dali, ou quando estive presente, o tal mal-educado nem francês era!!!

E o pior lugar onde fui atendida foi justamente... em um restaurante brasileiro!!! Chegamos às 21h conforme reservado, pediram a nossa identidade (que não devolveram até o final da refeição, mesmo que a mesma já estivesse paga antecipadamente) e nos deixaram 40 minutos esperando, ninguém veio nos ver, nem perguntar se queríamos uma bebida, nada. Fui falar com jeitinho com uma atendente, que, para a minha surpresa, não falava francês (ops, estamos na França) nem português, mas espanhol (?!?). O dono veio falar comigo, um tapinha nas costas e disse que enviaria alguém... Que não chegou! Quando ele passou, minha amiga estava um pouco irritada e disse que já estávamos esperando há mais de 40 min, e ele respondeu bem arrogante "é mentira, vocês não estão aqui há 40 minutos". Eu disse que sim, que a reserva era às 21h e já eram quase 22. Ele disse que teríamos que esperar, que tinha muita gente. Então chega um grupo na mesa ao lado que é servido antes de nós!!! Aí sim falei que não era normal que servissem quem estava chegando agora enquanto estávamos ali há muito mais tempo, e ele disse que se não estávamos contentes, poderíamos ir embora. Mas como já estava pago, acabamos ficando. A nossa felicidade foi que um dos garçons (que não era brasileiro, ele só falava francês com uma pronunciação perfeita) que passava o rodízio de carnes fez de tudo para nos servir bem e passamos um momento agradável com a carne no prato.

- na França ninguém fala inglês

Se os franceses possuem realmente um dos piores resultados da Europa no domínio de línguas estrangeiras, mais uma vez em qualquer lugar turístico vamos encontrar quem fale um pouco de inglês! A começar pelos hotéis, a não ser que seja um hotel bem simples e que não pertença a nenhuma rede. Mas para se ter uma idéia, estive algumas vezes no Novotel Paris Chatelet-Les Halles, e o pessoal da recepção, além de falar inglês e espanhol, ainda tinha alguém que falava português, justamente porque o número de brasileiros tem aumentado consideravelmente todos os anos. Nas lojinhas de lembrancinhas perto dos pontos turísticos, eles falam tudo que é lingua, e até arranham o português. Existem muitos indianos nesse tipo de comércio, e eles são bilíngues (inglês), apesar de às vezes ser um pouco difícil de entender. Em grandes avenidas comerciais como Champs Elysées, se o vendedor não fala inglês ou enrolou na entrevista ou veio tapar-furo de último minuto. Muitas marcas até preferem contratar estrangeiros para trabalhar em lojas turísticas, mesmo que não fale francês. Por exemplo na Ladurée, famosa por seus macarons, sempre que vou ali é até difícil encontrar alguém que fale francês!!! Certa vez eu queria perguntar quanto tempo poderia conservar os macarons, e quem disse que a menina falava francês? Ela era russa (lembrando que os russos são um dos turistas que mais gastam dinheiro na França durante a estadia). Ou seja, se um francês hoje em dia deseja comprar macarons, melhor ele falar inglês, ou até mesmo russo! Inversão da história!

23 comentários:

Ana Maria Brogliato disse...

Oi Milena, adorei ler este post e conhecer um pouco mais sobre a realidade francesa. Eu estive apenas uma vez na França, em maio de 2010. Passei 1 semana em Paris e amei tudo. Nem eu e nem meu marido falamos francês e nos comunicamos perfeitamente em inglês. Todo mundo foi cordial e atencioso com a gente. Num único lugar não fomos bem atendidos: em uma pequena lojinha no Quartier Latin, perto do nosso hotel, onde quem atendia era um menino turco de uns 9 ou 10 anos, que estava assistindo um desenho na tv e queria que a gente saísse logo para ele voltar ao seu desenho na tv. Não sei onde estavam os adultos...
Temos amigos franceses e eles mesmos reclamaram que a cidade estava muito suja, mas não percebi tanta sujeira assim, exceto pelas bitocas de cigarros no chão, essas sim eram muitas. Mas isso nem conta, não tirou o brilho, a beleza e a maravilhosa boa impressão que eu e meu marido tivemos de Paris e dos franceses. Bjs,
www.viagensebeleza.com

Beth Blue disse...

Milena, aqui em Amsterdam não é diferente de Paris não, como você bem pode imaginar (sem falar que já esteve aqui né?).

Eu confesso que fico impressionada como os brasileiros em geral tem uma visão errada (e limitada) de como é a vida na Europa. Por outro lado, admito que alguns coisas só mesmo vivendo aqui pra saber...e eu vivo aqui há quase 19 anos, cheguei em Amsterdam em julho de 1994.

Aqui nas 4 maiores cidades da Holanda por exemplo tem muito pobre e a pobreza tem aumentado a cada ano, assim como o número de desempregados (7,5% é o índice atual e o mais alto em 30 anos, graças a esta interminável crise do euro). Mas é como você mesma disse: não dá nem pra começar a comparar a pobreza daqui com a pobreza no Brasil ou em outros países. Nem menos com a pobreza no sul da Europa, que já virou epidemia!

Beth Blue disse...

Agora esta estória de gente feia e mal encarada merece um comentário à parte, né?!! Porque tem muito brasileiro que pensa que todo europeu é branco (e todo holandês é louro de olhos azuis). Aí desembarca na Gare du Noord ou na Estação Centrakl aqui em Amsterdam e leva um susto enorme!!!

É que brasileiro além de ser notoriamente racista, nào sabe que existe um número cada vez maior de imigrantes nas principais capitais européias. Na Alemanha são os turcos, aí na França marroquinos e algerianos, na Holanda marroquinos, turcos, povo das Antillhas e Suriname! Isso significa que em Amsterdam por exemplo, tem muita gente morena e negros. Só que os brasileiros em geral ainda acham que Holanda só tem branco e louro e eu acho muita graça disso!

Só pra esclarecer: pra mim branco, preto, amarelo é tudo a mesma raça: a raça humana. O que distingue uns de outros não é a raça e sim valores éticos e culturais. Enfim, gente feia ou bonita, bem ou mal humorada tem de toda cor e em toda parte, né?

Agora que os brasileiros em geral tem uma visão muito deturpada da Europa e dos europeus, isso é verdade!

Sandra disse...

Bem interessante este post! Tempos atrás perguntei para o meu marido: "tem pobre na Suíça"?, ele responde: "sim, muitos". Eu perguntei: onde eles estão que eu não os vejo??? Ele falou, enrolou, mas não soube me responder claramente!! A verdade é que sim existem, mas não sei se a maquiagem é boa demais que os esconde, onde se eles realmente estão escondidos da sociedade!! Ok a Suíça é um país pequeno, Zurique que é a maior cidade, você não vê pobreza aparente. O que eu vejo, principalmente no verão, são punks que pedem dinheiro, mas acredito que esses estão na categoria que vc mencionou, de conflito com a sociedade :-), eles estão buscando outros entendimentos.
Das outras (poucas) vezes que pedintes me abordaram, eram pessoas "normais" ou como vc citou, alguns bem limpinhos e com seus animais de estimação, muito bem tratados por sinal!! Aqui tb existem ajudas do governo, seguro desemprego longo e etc... Muitos imigrantes também vivem aqui, mas eu não conheço muitos, então não posso avaliar qual a real situação deles. Talvez exista uma outra Suíça que eu ainda não descobri, talvez não...

Sandra disse...

Ah, outra coisa, o brasileiro médio começou há pouco tempo a ter condições de viajar mais, principalmente para o exterior, assim a realidade que era apresentada pra eles sobre a Europa era muito distante do que se vê hoje, por isso o "espanto" quando chegam e Paris, ou qq outra metrópole européia, e se deparam com gente "feia" :-).

Trilhamarupiara disse...

Interessante Milena, nunca estive em Paris mas imagino um lugar limpo, cheio de pessoas bonitas, construções imponentes etc, acho que é isso que nos fazem acreditar, porém o "feio" o "pobre" existe em qualquer lugar, nós é que decidimos se na nossa viagem vamos valorizar e ressaltar o belo ou o menos belo rsrs! Bjooooosss

Enaldo Soares disse...

Gostaria de dar uma opinião mais longa, mas a conclusão da minha dissertação me chama ao dever.

Surpreendi-me que a Londres "conservadora" e "neo-liberal" oferece melhor qualidade de vida do que a reformista e estatizante França de 1789 e maio de '68. Os londrinos vivem, na média, melhor do que os parisienses.

Paris é a cidade mais visitada do mundo, seguida de Londres e Nova York, segundo levantamento de uma entidade internacional de turismo (não tenho mais a fonte).

De cada dez parisienses com que tive conversas longas ou funcionais, nove foram muito simpáticos. De cada dez londrinos, onze foram muito simpáticos. ("Ah, Enaldo, você superestima muito (sic) os londrinos normais (sic)")

Um abraço,

Enaldo.

vievivi.blogspot.com disse...

Interessante o post. Como alguém pode acreditar que não há pobre em algum país nesse mundo? Será que tem?? Não sou tão viajada, mas só de ler blog mesmo, sei que nem a Suiça escapa. O Mundo está tão cheio que muito poucos conseguem levar uma vida rica em todos os sentidos. Quando estive em Paris já tinha ouvido falar muito mal do metrô, assim como falam do mesmo em Nova York,mas é ali que se vê mesmo a Paris de Verdade, a grande massa indo e vindo, tal qual aqui a Central do Brasil. Deve haver muito turista que nunca precisou passar pela Gare Du Nord,e pra esses a Paris deve ser diferente. Eu gostei de Paris, achei-a linda, cheia de surpresa a cada virada de rua, e tudo o mais que meus olhos viram... pena não saber falar francês ainda.

Milena F. disse...

Ana Maria, a cidade tem duas facetas: os bons bairros, onde geralmente os turistas andam, e os bairros ruins... A nossa imagem vai depender de onde andamos...

Beth, estive poucas vezes em Amsterdam e tb tinha a impressão de que quase só tinha gente loira e de olhos azuis! :) Mas sei que é apenas na aparência.
Na última vez tinha um jogo de futebol e a cidade estava um caos, horrivelmente suja, cheiro de xixi(as pessoas fazem xixi na rua!) e subiam sobre o tramway e sacudiam, foi um sufoco. O tipo de coisa que a gente nunca imagina da Holanda!

Sandra, tb ainda não vi esse lado pobre da Suiça, deve ter mas bem diferente de como é a pobreza no Brasil. Quando estive em genebra, achamos tudo tão caro e comentamos com o recepcionista do hotel. Ele disse que fazia todas as suas compras na França e nas raras vezes do ano que ele podia ir ao restaurante, tb atravessava a fronteira, pois em Genebra era impossível de viver com um salário de recepcionista de hotel.

Kellen, isso mesmo, tudo depende do nosso olhar.

Enaldo, não tenho nada a dizer dos londrinos, pensei muito e não conheço nenhum londrino (nem inglês em geral). E todas as vezes em que estive em Londres, quase todos os meus contatos tb eram com os estrangeiros que trabalham nos locais turísticos, hotéis e lojas. Porém a minha cunhada teve uma experiência horrível com a familia de acolho onde ela ficou em Brighton, o que me deixou com uma certa má imagem, mas como não foi comigo (relato de terceiros), não me deixo contaminar!!!

Wilma, é verdade que quem passa pela Gare du Nord não entende que está na França! E é isso que eu adoro, mas penso que poderia sim haver menos sujeira em alguns lugares. Quando você vê um maloqueiro no corredor do metrô abrir a calça, colocar os documentos para fora e fazer xixi ali mesmo, eu fico indignada! Ou essas meninas que roubam no metrô ou nas ruas, isso tem piorado muito e deveriam fazer alguma coisa para que a situação não fuja de controle.

Vanessa à Paris disse...

Milena vou discordar de vc no quesito Ladurée. Frequento o do 6ème ( rue Bonaparte) e la todos falam francês. Inclusive a única oriental da parte de perfumes, sabonetes e afins.
Deve ser por conta do Champs essa questão do idioma.
Fora isso concordo contigo, francês não é grosso. Talvez as pessoas encarem essa questão da distância como grosseria. Afinal essa de brasileiro assoviar para chamar o garçom não pega nada bem. Já vi situações e a cara de ódio do cara.
Qto ao inglês mudou muito mesmo. Os jovens falam mtas das vezes. Os mais velhos um pouco mais complicado.

Amantikir disse...

Milena,fui pra Paris,adorei! Não percebi nenhum dos comentários que vc fêz...apenas uma parte do metrô bem antiga,cheio de escadarias ,outra bem moderna.Percebi só um corre corre perto da Torre Eiffel,que me assustou um pouco. Fiquei na PRAÇA DE ITALIA,no Mercure,tomei muitos ônibus e metrôs. Conheci,dos ônibus,bairros pobres e onde mulheres estavam vestidas com os trajes de seus países,muitas carregavam seus filhinhos nas costas.Adorei! Quero voltar! bjs.Inté! www.amantikir-amantikir.blogspot.co.nz

Vanessa à Paris disse...

Ooops erros horriveis, assobiar por exemplo.
Sorry

Beth Blue disse...

Milena, se você só viu louros de olhos azuis aqui em Amsterdam, é porque só esteve mesmo nos bairros bons (como em Paris, aqui também existem bairros "bons" e "ruins").

Acho que este é um dos maiores problemas das principais capitais européias e o turitas, como só circula nos pontos turísticos, raramente tem a oportunidade de ver o outro lado (melhor assim).

Eu moro num bairro ruim onde 90% são imigrantes, então você não verá crianças louras na rua (meu filho sempre foi uma exceção aqui). Mas tenho certeza que você morando em Paris, isso não te surpreende...porque aí tem os famosos banlieues né? Proibido para turistas!

Outro dia mesmo vi com o Liam o filme Entre les Murs e ele mostra muito este aspecto social da Europa dos últimos 20 anos (a terceira geração de imigrantes).

beijos

leandro wenner disse...

Os neegros na França são muitos descriminados seja sincera rsrs. abraço adorei o blog.

Milena F. disse...

Sim Beth, é o mesmo problema por aqui!

Leandro, aqui na França os "negros" são classificados em 3 categorias: 1) o negro que está adaptado (domesticado, segundo alguns) e se veste de acordo com a moda local, que se exprime corretamente no idioma, que trabalha, estuda, essas coisas, ou seja, que vive como um francês acha que se deve viver; 2) o negro que chegou da Africa e que fala com um forte sotaque africano (sei que existem muitas línguas, mas a sonoridade é bem fácil de reconhecer), que se veste com as roupas africanas, tem diversos filhos e os "amarram" ao redor do corpo, vivem de ajudas do governo, jogam lixo pela janela ou pelochão, não sabem dizer por favor, obrigada e outras fórmulas de sobrevivência aqui na França; 3) o negro francês que vem de uma das ilhas (Martinica, Guadeloupe, Reunião, etc) que eles mesmo não admitem nenhuma comparação ou referência à Africa, e que é considerado preguiçoso e lento no imaginário francês, além de ter alguns privilégios, como férias pagas para toda a família nos serviços públicos e direito a 5 semanas de férias seguidas, direitos que nenhum outro francês ou estrangeiro têm. Então você já viu que a categoria 2 sofre sim muito preconceito e a categoria 3 um pouco, em melhor proporção.

Anônimo disse...

Ola Milena

Nossa de onde vc tirou essa classificação dos negros? Da forma que é exposta parece até que é sub-raça, classificado em categorias!!!!

Milena F. disse...

Anônimo, eu quis dizer que infelizmente existe preconceito sim, e principalmente para as pessoas com os sinais físicos que descrevi acima. E que não existe "um negro", mas muitas e muitas diferenças entre eles (como entre os "europeus", "árabes", "asiáticos"). Ou seja, ser classificado em categorias não quer dizer que seja algo inferior ou superior.
Mas não pense que o preconceito vem só dos "brancos", pois entre os negros um não fala com outro de outra nacionalidade ou etnia, um se considera superior ao outro. E nem pense em confundir um francês negro com um africano, ele faz um escândalo! No Brasil os afro-descendentes são orgulhosos de usarem esse título, mas um francês das ilhas, de jeito nenhum. ELES dizem que foram civilizados (como algo positivo) e consideram os africanos como selvagens (usando essas palavras). E os africanos os detestam dizendo que foram "DOMESTICADOS" e são orgulhosos de serem "selvagens" (nessas palavras deles). Estou repetindo palavras deles, de centenas e centenas conversas que participei e que observei.
Os demais, que se misturam bem à cultura francesa, são bem aceitos (na minha opinião melhor do que no Brasil), e esses que conheci dizem que nunca se sentiram diretamente discriminados pela cor da pele.

Milena F. disse...

Como o estrangeiro, que é muito bem-vindo se tiver dinheiro ou as competências profissionais que são necessárias no momento, mas que é discriminado se for pobre ou uma competência profissional que no nomento não é necessária.
No período pós-guerra, para a reconstrução e com a quantidade de mortos no país, os estrangeiros eram os bem-vindos nessa etapa de reconstrução e povoamento. Mas agora, em tempos de crise, os franceses de base não entendem como, em meio a tanto desemprego, os estrangeiros continuam chegando, além de aceitarem condições de trabalho e de salário que o povo francês demorou décadas e décadas para abolir. Muitas empresas acabam preferindo contratar um estrangeiro que vai trabalhar quase como um escravo e não vai reclamar...

leandro wenner disse...

Nossa muito obrigado por me responder tenho planos de um dia ir para a França sou afro-brasileiro estou cursando Comunicação Social e vou iniciar as minhas aulas de francês por isso perguntei gosto muito da musica dos franceses, do idioma isso me encanta.
Só não sei como que vou fazer para validar o meu diploma na França ainda se você puder me ajudar rsrs agradecido. Beijos

Anônimo disse...

É interessante essas diferentes visões que temos de um povo. Moro aqui na França tb, mas ao contrário de vc acho sim o FRANCÊS (ESSE DE PELE CLARINHA E LIMPINHO, NÃO É O ESTRANGEIRO NÃO!!!) rude. Eles funcionam no modo automático BONJOUR, S'IL VOUS PLAIT, MERCI e pronto. Não jogo lixo pela janela e sigo sempre as regras dita de POLITESSE. Na realidade FRANCES tá de saco cheio mesmo é de estrangeiro de toda qualidade!Lógico que o nível de simpatia melhora quando se vai pra o interior.
De toda forma muito bom os assuntos que vc coloca em questão no seu blog, serve pra muita gente que pensa em vir morar aqui ter uma idéia do sonho e realidade.

Obrigada

Milena F. disse...

leandro, se você gosta do idoma e da cultura já é umbomcaminho andado!!! Sobre avalidaçéao do seu diploma, aconselho a pesquisar muito, pois aqui é muito complicado. Tudo depende se a profissão é regulamentada (no meu caso, Psicologia, é muito complicado) e em muitos casos é necessário fazer um master (pós graduação diferente do mestrado/doutorado) para ter o diploma reconhecido. Em épocas de desemprego desenfreado, a prioridade acaba sendo para quem estudou aqui e tem uma experiência aqui. Em funções onde faltam profissionais é diferente.

Milena F. disse...

Anônima, bom ler o seu depoimento e seu ponto de vista. Felizmente não vivo a mesma coisa que você (até agora), caso contrário a minha vida seria muito mais difícil. Mas reconheço que nessa conjuntura econômica, quando só se fala de crise e desemprego, os estrangeiros se tornam o primeiro alvo. Vejo os franceses em uma situação de "saco cheio", eles estão em cólera. Eu frequento muito o interior, a Normandia principalmente, e estive lá há uma semana e todo mundo se mostrava revoltado com o governo. Idosas de 85 anos diziam que sempre acreditaram que a França fosse um país rico, e nessa fase da vida, tendo trabalhado a vida inteira e sobrevivido mesmo aos períodos de guerra, elas dizem que nunca se sentiram tanto sem esperança, e com o dinheiro da aposentadoria mal dá para viver...E então essas pessoas não entendem, se não tem dinheiro nos cofres nem para os franceses, porque continuam aceitando tantos estrangeiros e ajudando tantos outros países? Para cada um que vem em situação difícil tem que encontrar moradia para todo mundo, construir moradias sociais ou ajuda para aluguel, escolas, hospitais, ajudas da CAF, RSA para quem não tem emprego e todas as outras ajudas para quem não tem filhos... Eles acham que se existe um desemprego muito forte entre os jovens, que seria um erro incentivar a ter tanto filho.
Eu reconheço que é uma forma de pensar "xenofóbica", mas tento me colocar no lugar dessas pessoas e entender o ponto de vista delas.

Anônimo disse...

Fiquei 1 mês em Paris e não tive problema algum. As questões colocadas são problemas normais de grandes cidades, os atentados preocupam. Amo Paris!