segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Paris by foot (ou Paris para pedestres)

Uma das coisas que adoro na França é que aqui praticar esportes não é considerado coisa de rico, nem de esquerda, nem é coisa de quem não tem o que fazer.

Você pode ir em cidades do interior onde não existe hospital, praticamente não tem médico em um raio de muitos quilômetros, mas com certeza você encontra uma piscina pública (coberta e aquecida), além de muitas atividades esportivas para crianças e adolescentes.

Inclusive sempre fico impressionada com os velhinhos com mais de 80 anos, firmes e fortes praticando esportes!

Sabemos que a prática de atividade física regular e adaptada desempenha um papel importante na prevenção de diversas doenças (inclusive cancer!). As principais causas de morte no Rio Grande do Sul (de onde eu venho) são o câncer e problemas cardiovasculares, cuja melhor prevenção é a prática de atividades fisicas (assim como uma alimentação com menos sal, menos carnes vermelhas, etc, ou seja, coisas que estão ao alcance de qualquer um). Estima-se de 4 de cada 10 câncers poderiam ser evitados com uma boa higiene de vida.

Se as pessoas tivessem uma vida menos sedentária ficariam menos doentes e os gastos com saúde (médicos, medicamentos, etc) seriam muito menores. Simples assim. Todo mundo sai ganhando, não acham?

Já o Brasil tem fama de todo um culto e preocupação com o corpo, e realmente vimos muitas academias de Norte à Sul, 
Mas eu também já vi muita gente que vive em academia, com um corpo lindo, mas que não consegue subir as escadarias da Basílica do Sacre-Coeur ou mesmo do metrô e que não conseguem ficar muito tempo sem sentar. Cansamos muito mais após uma jornada na frente do computador, e 12 horas de sono nos deixam menos dispostos do que 7! Não estamos geralmente mortos de fome sem ter queimado muitas calorias?

Hoje fiz um vídeo para compartilhar sobre como foi o dia "Paris sem carros", mas não sou jornalista nem tenho experiência em falar para a câmera, tenham um pouco de paciência.



Não foi em toda a cidade, somente algumas zonas foram delimitadas entre 11h e 18h, e em outras a velocidade estava limitada em 20km/h. Mas para muitos adictos ao petróleo e em velocidade esse tipo de proposta não é bem-vinda.

E eu que não gostava de correr, comecei no ano passado timidamente e foi a segunda vez que corri a "Parisienne", uma corrida somente para mulheres em Paris, há duas semanas. Emagreci? Não, mas me sinto muito melhor no meu próprio corpo, muito mais disposta e menos cansada no dia a dia.

Mas não se iludam, não corro com um imenso prazer. Para mim o melhor momento de uma corrida é quando ela termina! Nada melhor do que a sensação de ter cumprido um objetivo, de ter ultrapassado a linha de chegada! A cada vez que corro, durmo com a maior facilidade, me sinto realizada. A cada vez é uma vitória.

No ano passado fiz só pelo "prazer" e nem me importei com o tempo. Desta vez não estava muito motivada, o dia amanheceu feio, com previsão de chuva, e eu sabia que não tinha me preparado como deveria. Esse ano não pude evitar de ficar um pouquinho decepcionada com o meu desempenho, mesmo tendo terminado 3 minutos mais rapido que há um ano. Fica o desejo de fazer melhor da próxima vez, com ou sem chuva!



 No trem, ainda me preparando antes de corrida e depois, com a agradável sensação de ser uma vencedora.

Paris merece mais do que somente carros e poluição. A sua cidade também!

8 comentários:

Sandra disse...

Eu nunca fui "rata de academia" e esses ambientes tão pouco me inspiram em praticar atividade física, rs.. sou muito mais fazer caminhadas ao ar livre (adoro fazer hikking nas montanhas por exemplo) do que viver em cima de aparelhos de ginástica. Aqui na Suíça há bastante preocupação por parte da população em se manter ativos. Suíços, na sua maioria, são super esportistas, sem necessariamente frquentarem academias: correm, nadam, andam, sobem montanhas... além de se preocuparem muito com a qualidade do que comem! Parabéns pela corrida!!
ps: gente, cadê o seu sotaque do sul?? :-). hahaha.

Luana disse...

"Uma das coisas que adoro na França é que aqui praticar esportes não é considerado coisa de rico, nem de esquerda, nem é coisa de quem não tem o que fazer." - Ue, no Brasil quem pratica esporte eh visto como rico/esquerda/atoa?

Milena F. disse...

Sandra, ontem eu comentei com o meu marido que deveria ter nascido na Suiça, pois adoro montanha (fiquei impressionada com o filme Everest!). O meu sotaque acho que perdi nesses 7 anos de França...

Luana, você perdeu o ba-fa-fa? No Brasil anda circulando que "bicicleta é coisa de pobre ou então de comunista"!!! Nessa onda de prostestos tudo vira ato plitico!
Ah, e na cidade de onde venho do Brasil, parece que a prefeitura decidiu comprar uns aparelhos e fazer uma "academia ao ar livre". A população estah indignada, os comentarios são de que os moradores não têm tempo e tem mais o que fazer do que praticar esportes.
Bom, na minha opinião (mas jah não moro mais no Brasil ha 7 anos) é que quem pratica muito esporte no Brasil acaba sendo quem pode pagar por uma academia. A população mais simples e que trabalha mais "pesado" estah muito cansada para sair da frente da televisão.

Luana disse...

Milena, eu vi alguns comentarios "aqui e ali" sobre as ciclovias, mas dentre os meus amigos eu vejo que a grande esmagadora maioria acha a ideia maravilhosa. Sou de Sao Paulo, como voce deve saber e eu fico muito feliz de ver tanta gente comecando a ir trabalhar de bicicleta, como eh tao comum aqui na Belgica (mesmo com o frio e a chuva).
Meu pai foi jogador profissional de basquete... entao voce deve imaginar que eu cresci em volta de esportistas... E nunca tinha visto nada sobre ser rico, ou ser de esquerda, muito menos de ser atoa.
Sera que essas pessoas que reclamam das ciclovias ou da compra de aparelhos realmente podem ser vistas como estatisticamente relevantes?
Na minha opiniao (e eu estou fora ha mais de 8 anos) as pessoas estao cada vez mais interessadas em fazer espostes, sem qualquer bandeira politica ou classe social relacionada... Existem sim alguns poucos que fazem muito barulho, mas esses nao passarao...
Parques publicos, como o Ibirapuera em Sao Paulo, ficam lotados aos finais de semana, com gente de todas as classes fazendo exercicios... Correr, por exemplo nao custa nada... Lemrando sempre que o esporte nacional eh o futebol, que vem das classes mais baixas.
beijos

Bruxa do 203 disse...

O vídeo ficou ótimo! Seria ótimo um mundo com menos carros. Basta ter mais ônibus (para não ir todo mundo amontoado) e menos preguiça de caminhar. Faço quase tudo a pé, ando bastante, mas é necessário muito cuidado, pois os carros adoram subir na calçada, não respeitam sinal, só atrapalham.

Ana disse...

Parabéns, Milena, pela corrida!
E, sim, eu moro em Porto Alegre, e a amargura dos viciados em automóvel com as ciclovias é de lascar! Ser ciclista é ser automaticamente petista, que é, automaticamente, ser comunista! hahahaha! E em São Paulo, a situação é bem pior. A classe média/alta brasileira deveria se mirar nos exemplos bons do primeiro mundo!

Aminah Luiza disse...

Milena, dois anos atrás comecei a fazer caminhadas e aos poucos fui intercalando com corridas...mas tive um problema sério com meu joelho que perdurou por dois anos até descobrir que o joelho doía muito também por conta da coluna...desde então nunca mais corri...sinto falta!

RENATA RZ disse...

Adoro acompanhar o seu blog!
Sou de São Paulo e achei bem impactante a implantação das ciclovias por aqui. Já utilizei uma vez só para experimentar e fiquei surpresa em saber que o serviço é gratuito se você devolver a bike em 30 minutos.
O prefeito está enfrentando ofensivas bem raivosas de paulistanos que acham ciclovia uma coisa legalzinha só na Europa.
Outra iniciativa é a de fechar a Av. Paulista aos Domingos, mas também está sofrendo resistência.
Saudações verdes!