quarta-feira, 1 de abril de 2015

Costumes franceses que me irritam

Quem acompanha um pouco o blog sabe que já "defendi" muito os franceses e seus costumes e que já me acostumei com muitas coisas que atualmente fazem parte da minha conduta.

Porém hoje quero falar de alguns hábitos franceses com os quais não consigo que acostumar e que (alguns deles!) me irritam. Vamos lá:

- A mania das francesas não divulgarem o nome do bebê antes do nascimento
Na maioria dos casos que acompanhei, o nome do bebê é segredo! Ninguém soube me explicar bem, em alguns casos é para criar a expectativa mesmo, para que todo mundo fique curioso e conjecturando "qual será o nome do bebê?", em outros casos é por "medo" mesmo, medo de que a gravidez não chegue ao final. 
Sei lá, para mim é importante o bebê já ter um nome, e mesmo se realmente os pais venham a perdê-lo faz parte do processo do luto, mas parece que os franceses não pensam assim.

Recentemente, na família do meu marido um bebê nasceu com 25 semanas e 950 gramas, eainda está no hospital, lutando pela sobrevivência, e ninguém quer nos falar o nome pois não sabem se o bebê vai sobreviver. Cada dia eu pergunto como vai o bebê, mas eu preferia perguntar "como vai o "Fulaninho"? Imaginem, um serzinho que apesar de frágil ele está ali, respirando, vivendo!!! Eh um ser e merece ser chamado pelo seu nome...
Bom, já fiz tanta gafe... Quantas vezes o bebê nascia, eu perguntava "correu tudo bem? a Fulana(mãe) está bem? E o bebê está bem? Então tá..." E aí as pessoas me olhavam chocadas: "você não vai perguntar o nome do bebê?"
Talvez de tanto chamar o bebê de "bebê" eu tenha perdido completamente o interesse pelo nome.
E se o objetivo é causar expectativas, comigo não funciona, não fico morrendo de curiosidade!

- De uma forma geral os franceses fumam e inclusive os jovens acham bonito! Uma coisa que no Brasil está ficando fora de moda.
(Porém, mesmo se eu odeio cigarro, cheiro e fumaça de cigarro, além de todos os problemas de saúde que estão CONFIRMADOS que ele causa, eu respeito quem fuma e acho que o fumante tem que ter o direito de fumar em algum lugar.)

O problema é que aqui na França fumar ganha toda uma dimenção social e se você não fuma meio que fica de fora do grupo, da panelinha...
Quando fui promovida e fui convidada para um Seminário da empresa, a minha chefe me deu algumas "dicas" e disse que no Seminário todo mundo é "cool", todo mundo fuma... Hein? Como assim? Eu disse que fora de questão de fumar, eu que nunca coloquei um cigarro na boca e tenho horror disso. Ela disse que cada um fazia o que queria, mas que era uma forma de estar mais próxima das "conversas" e das pessoas. Ela que não fuma estava lá fumando com os "poderosos" na "pause cigarrette" (pausa cigarro) e é claro que a pessoa que não fuma não vai ficar ali do lado e aí as pessoas se aproximam mais se elas fumam... Felizmente acabei me aproximando de duas pessoas que são muito respeitadas e que não fumam, mas cujos cargos não são nada estratégicos.


- No início me irritava o costume dos franceses de cumprimentarem com beijinhos (geralmente 2, 4 para os mais velhos, para as pessoas do interior ou para os gourmands). Acho um saco ter que chegar no trabalho e sair beijando todo mundo... Mas não é que fiz um esforço enorme para ser beijoqueira, afinal temos que ser "cool" e aí, volta e meia chego querendo beijar as pessoas e sempre tem alguém para dizer "não, não vou te beijar pois estou doente". A primeira vez senti como se fosse um tapa na cara, uma "cortada". Mas não, parece que é normal, as pessoas evitam de sair por aí distribuindo micróbios e acham que os beijinhos no rosto são muito perigosos para isso. O jeito é me acostumar, temos que sair beijando todo mundo, mas sabendo que alguem vai te dizer não pois está doente. Não podemos levar para o lado pessoal!

- Na França ser prolixo é considerado uma qualidade e as pessoas adoram um monologo! As vezes pego um trem e tem alguém falando durante 2 horas e seus companheiros de viagem soh escutando e invervenindo ocasionalmente.
Se eu estou de acordo que é falta de educação sair interrompendo as pessoas, para mim também faz parte de um dialogo uma boa interação, e todo mundo pode falar. Geralmente a gente costuma interremper as pessoas no Brasil para dizer que não estamos de acordo, ou para dar a nossa opinião, ou compartilhar uma experiência semelhante... Mas aqui isso é um pecado mortal!
Resultado: depois de 15 minutos da pessoa falando sozinha eu jah não consigo mais me concentrar ao tom monotono do dialogo e não consigo evitar de pensar em outra coisa.

- Mania de "discutir" sobre tudo... Francês adora uma discussão acirrada! Para mim fica parecendo que é briga mesmo, com exposição de opiniões bem fortes, emoções exaltadas, as pessoas dizem o que pensam sem medo... Mas ai a discussão termina e ninguém ficou de mal, tudo isso faz parte, ninguém leva para o lado pessoal. Eu fico muito cansada com esse tipo de discussão, parece que não me sobra nenhuma energia (uma das coisas mais dificeis para mim é discutir em uma lingua estrangeira!)
Porém na França existem duas palavras diferentes: "Discuter" tem o sentido de um debate, troca de pontos de vista (o que para eles é normal) e "se disputer" seria o conflito, briga (e esse sim é negativo). Na pratica não sei onde termina um e começa o outro.
Mas o pior é que até sou meio assim também e costumo agir dessa forma no meu circulo de brasileiros... Mas o problema é que depois os brasileiros ficam brabinhos e não falam mais comigo!!!

E você, tem algum costume que incomoda onde você mora?

11 comentários:

Karla Gê disse...

oi, Milena!
Aqui no RJ as pessoas tem o costume de chegar atrasadas a tudo e isso me irrita profundamente!! Acho que tenho alma suíça! rsssrsrs
Vc marca as 17h com um amigo na porta do cinema e, na maioria das vezes, ele tá saindo de casa a essa hora! Lógico que aquela sessão que eu queria ver vai pro espaço e eu acabo vendo outra pau da vida pq a criatura me fez esperar mais de 2 horas e nem pedir desculpas, pede! Por essas e outras que parei de marcar com as pessoas nos lugares. Agora ou marco na casa delas e saímos juntos ou nem marco mais. Cansa essa coisa da gente sempre ser o primeiro a chegar, de sempre passar 1 a 2 horas esperando e as pessoas não terem nem a educação de dar uma desculpa (mesmo esfarrapada) como se o meu tempo não valesse nada.
Parabéns pelo post!
beijos

Helô Righetto disse...

olha, gostei do tema! vou pensar nos costumes daqui que me incomodam!
(cara, nao da pra crer que tem gente que ainda fuma né?)

Simone disse...

Eu odeio:
- a falta de educação do povo, jogam lixo nas ruas e não pensam no dia de amanhã. Depois reclamam porque a casa alagou.
- a falta de educação no trânsito. Basta ligar a sinalização para mudar de mão, que o distinto ao lado se apressa em acelerar como se tivéssemos que conduzir sem poder ir para a direita ou esquerda.
- essa falsa simpatia do brasileiro. Atualmente acho que brasileiro é um grande panaca, pois acontecendo tantos fatos, nada faz.
- assim como a Karla disse, também odeio atrasos. 15min ainda vai, mas 1 hora, não dá!
- também odeio motoristas mal educados que trafegam na esquerda que é a pista de velocidade a 50km/h e não saem da frente. Odeio também essa mania de deixar o braço para fora ao dirigir. Perde o braço e ainda vai culpar o outro.
- a mania de querer levar vantagem em absolutamente tudo.
- falta de ética e corrupção no país (aqui entra o povo panaca).
- a mania que brasileiro tem de tomar conta da vida alheia. Por isso gosto muito da Europa. As pessoas nem notam se estiver de azul com penas na cabeça!!
Enfim, são muitas coisas a odiar na terrinha brasileira!!

Eliana disse...

Milena, oh me surpreendeu,pois os holandeses nestes quesitos aí são praticamente irmãos dos franceses.
A mulher tá grávida mas parece que a gente tem que fazer de conta que nada está acontecendo. Ué...a criança tá lá, consumada, um ser em crescimento e não pode nem falar o nome e nem o sexo? Pelo amor, né? Aiii que coisa mais boba.
Aqui a beijação acontece mais entre amigos e familiares...rola até os selinhos.rs
Sim, este povo fuma demais. Um horror e o que mais me assusta são os jovens entrando nessa. Fumar e beber até cair. Um horror!
Sim, é mais fácil este povo conversar "sozinho" por horas a fio...eu já presenciei vários monólogos! hahahaha A pessoa fala só dela, dela e dela...em nenhum momento pergunta do outro.
E sim, falam de assuntos diversos e criam teses e teorias de assuntos em que nada vão mudar a minha vida, a deles, nem do mundo...mas parece que isso é ser cool. Eu não tenho paciência e normalmente fico quieta, porque morro de preguiça e ainda mais em holandês...não...prefiro me abster!rs
Bjs

Andréa de Azevedo Freitas disse...

Milena, o que me chateia no Brasil é a falta de compromisso generalizada. Seja no trabalho, na família, no seu bairro. Todo mundo espera que "alguém" (quem?) resolva os problemas que são da nossa responsabilidade. Somos crianças eternas, essa infantilidade do brasileira me dá nos nervos.

vievivi.blogspot.com disse...

Milena,praticamente tudo que já falaram acima e mais essa mania de não ter preços estabelecidos pra prestação de serviços seja de médicos, veterinários,eletricistas...todos vão pedindo e testando sua possibilidade ou não de pagar o que ele quer tirar de você. O famoso jeitinho brasileiro que virou uma doença generalizada crônica pra todos os atos, OMG!!É uma mania de tirar o máximo que pode na primeira oportunidade, você que se lasque. Odeio com todas as forças!!

Allana Andrade disse...

Ainda bem que nao sou a unica "chata"! hahahhah penso exatamente como você Milena e acabo de passar por uma situação parecida. Uma amiga do meu marido está a passeio na cidade que moramos e nos convidou para jantar. Como esses jantares são o resumo de quatro itens que você falou no texto: cigarro a noite inteira, mil beijinhos, prolixidade e discussão sobre tudo...
euzinha resolvi cortar logo o mal pela raíz e recusei. Ninguém merece em plena quarta-feira ter que suportar tudo isso (além disso sou alergica a cigarro e tenho uma apresentação na universidade amanhã).

Estou realmente feliz em ter lido seu texto hoje! =D

Jorge Fortunato disse...

Aqui no Rio o que mais me irrita é o fato de as pessoas gritarem e não conversarem nos restaurantes. é raro um restaurante onde podemos apreciar o jantar e conversar com tranquilidade.
Fora isso, vamos aturando os mal educados em diversos níveis e classes.

Anônimo disse...

nossa, você que chatura. Vive em uma cultura diferente da sua e não tem flexibilidade nenhuma em ver as coisas por outro ângulo, e, claro, sofre por isso. tente aprender algo com essa experiência tão rica, em lugar de ficar irritadíssima. respeite (certamente eles acham "chatinhas" muitas coisas que você faz.

Milena F. disse...

Caro anônimo, você deve ter caido de para-quedas aqui no blo e não deve ter lido a primeira rase do texto (nem as ultimas), caso contrario não viria com essa lição de moral sem razão de ser.
Sim, eu sou a primeira a falar nesse espaço (e em outros) da riquea de se viver e frequentar outras culturas), mas serah que é por isso que temos que aceitar tudo?
Pode ser falta de respeito da minha parte, mas eu me recuso a fumar para fazer parte de um grupo, mas para você e outras pessoas isso é muito "chatinho" da minha parte :)
Onde você mora, você não se irrita com nada? Sinto muiro, mas no seu comentario você pareceu ser uma pessoa sem nenhuma flexibilidade ara ver do ponto de vista dos outros... E se se irritou tanto com o meu texto, parece ser uma pessoa bem irritadinha (=chatura? = chatinha?), e para destilar tanto fel não me passa uma imagem de alguém que esteja bem, mas de alguém que "sofre" e não estah feliz com a propria condição.

Unknown disse...

Ola, Milena!
Acabei rindo um bocado com o seu texto. Concordo plenamente com você sobre os monologos interminaveis e a adoraçao deles ao cigarro. Eu sou vista como a cafona na familia do meu marido por nao aceitar o cigarro na minha casa, ainda tenho que aturar minhas cunhadas dando risinhos com ironia. Nao tenho paciencia para tais costumes. Sem contar que muitos franceses acham que eles sao a forma de cultura mais pura da face da terra e que voce é inferior e provavelmente nao sabe nada, pobre estrageiro.
Muitos também sao racistas e a-d-o-r-a-m classificar cor de pele, isso é muito importante para eles.
Hoje em dia, nao faço mais nenhum esforço para ser agradavel quando um francês é desagradavel comigo. Tant pis!
Bom, citei acima o que mais me irrita neste pais. E claro, nem todos os franceses sao assim e ha tambem os que sao extremamente acolhedores e simpaticos. Afinal, meu marido é um francês bem gatao! (risos).
Espero ter contribuido com a minha opiniao.
Beijos e boa continuaçao com o blog!! ;-)
Anne.