Se um dia eu voltar voltar a morar no Brasil acredito que uma das coisas mais dificeis a me readaptar seria a mentalidade das pessoas. O Brasil é aquele pais lindo, todo mundo é alegre, amigo, hospitaleiro, ninguém nunca quer te passar a perna e não existe preconceito. Não é isso?
Uma vez jah tinha comentado aqui algo que me chocou muito e volto a bater na mesma tecla: infelizmente uma parcela significativa da sociedade brasileira soh vive para julgar os outros pelo carro que se tem, pelo meio de transporte que se usa e por ai vai.
Vocês leram a reportagem do Estadão sobre as ciclovias? Pior do que os moradores serem contra (ninguém é obrigado a ser a favor de tudo), foram alguns moradores que disseram frases do tipo:
"quem anda de bicicleta não presta"
"são pessoas não-qualificadas"
"se eu fizer um jantar na minha casa onde meus amigos irão estacionar?"
Sinceramente, quando ouço ou leio frases desse tipo em um primeiro momento não acredito, penso que deve ser uma pegadinha, devo ter entendido errado. Não é possivel esse tipo de comentario tão preconceituoso e tão centrado no seu proprio umbigo.
Então, para mim, eu não poderia morar em um pais que soh valoriza os veiculos, onde a população soh acha bonito viadutos e rodovias com uma dezena de vias e onde uma pessoa que não tem carro proprio e que anda de transporte publico (ou bicicleta) é não qualificada.
Cada vez que vou ao Brasil encontro mais carros, mais engarrafamentos, mais poluição. Mas as pessoas acham bonito. Claro que as cidades da Europa passaram por isso, mas houve um momento em que elas perceberam que não podiam continuar daquele jeito e que era necessario pensar outras formas de locomoção no meio urbano. Não digo que eu esteja certa e os brasileiros errados, mas simplesmente que nossos pontos de vista não batem e o quão seria dificil viver nesse ambiente hostil.
Aqui na Europa as pessoas usam bicicleta como lazer (inclusive a burguesia adora o patinete, eu achava muito engraçado!) e como meio de transporte, na cidade e no interior. Fazem 40km por dia para visitar os castelos de bicicleta, levam os filhos para andar de bicicleta e inclusive incluem um assento para os menorzinhos.
Mas enquanto essa "elite" brasileira acredita que quem não tem carro não presta, a não qualificada aqui prefere continuar andando de bicicleta (ou de ônibus/metrô/trem) pelo mundo afora.
10 comentários:
oi, Milena!
Adorei o post! É bem isso mesmo....aqui ninguém pensa no coletivo, no que é melhor para o planeta. Impressionante o egoísmo das pessoas! Quantas e quantas pessoas a gente vê nos carros sozinhas! Custava uma carona solidária com o colega de trabalho?
Mas o mais triste é ver que essa mentalidade da ciclovia vai demorar muito a ser incutida por aqui. Só pra te dar um exemplo: eu moro perto do Maracanã, onde construíram uma ciclovia (meia-bomba) no entorno e agora colocaram bicicletas de aluguel (estilo Vélib, só que são do Itaú) e um dia, lá fui eu andar de bike pela ciclovia. Qual não foi a minha surpresa ao ver que a ciclovia tinha sido invadida por corredores que achavam que EU, que estava de biclicleta numa ciclovia, estava errada! Eu é que tinha que desviar! Um chegou a resmungar "a preferência é do pedestre"....oi?? Na ciclovia a preferência é do pedestre??? Realmente, só fugindo para as colinas!
Parabéns pelo blog!
beijos
NOssa concordo com vc! Pra mim o mais difícil de lidar no Brasil é mentalidade das pessoas no sentindo de valorizar taaaanto coisas estúpidas. E está tão enraizado na nossa cabeça e nas coisas que nos cercam que é difícil sair desse ciclo.
Eu sei que eu mesma já fiz parte disso ainda que me considerassem "a diferente que não liga pra nada", infelizmente eu tinha algo dessa mentalidade.
Não acho que no Brasil tudo é ruim e tals... mas com certeza o mais greve é essa elite preconceituosa que só enxerga o próprio umbigo.
Bjs
Milena, é assim mesmo! A gente escuta cada absurdo e de pessoas próximas. Muitos se armam da desculpa que transporte público no Brasil não presta, é ruim. Que andar de bike é "coisa de pobre" e, vamos combinar, o povo adora mostrar o status! Pode até ser que o transporte público ainda não tenha atingido níveis de excelência por lá, mas pô...é cada um pensando sim no seu próprio umbigo. Lamentável!
Eu moro no Grajaú, um agradável bairro residencial do Rio de Janeiro, super tranquilo, mas com poucos usuários de bicicleta. As ruas são estreitas, repletas de carros estacionados dos dois lados das pistas. Quem se aventura a pedalar corre o risco de ser imprensado por um carro. Há placas que indicam que é uma via compartilhada por carros e bicicletas, mas a lei do mais forte impera. Algumas pessoas colocam as cadeirinhas pra levar as crianças pra escola, principalmente os mais pobres, mas vejo os mais abastados fazendo isso também. Alguns ciclistas tem realmente receio de serem massacrados por um carro e trafegam livremente pelas calçadas, aí sim criando um problema entre ciclistas e pedestres, que ficam sem espaço. Criança de bicicleta pouco vejo, devem estar todas diante dos computadores em casa. Resumindo: ainda falta muito pra que as magrelas conquistem o seu espaço na cidade.
Oi Milena concordo com tudo que v0cê escreveu.
Apesar de aqui na nossa cidade ter algumas ciclovias poucos a usam, e quando usam é por lazer, nos fins de semana, não como meio de transportes.
Hoje, dia 11 de dezembro de 2014, foi divulgada uma pesquisa sobre o nº de carros em Porto Alegre, 1 carro para cada 2 habitantes, agora você imagina como está o trânsito por aqui ... Um verdadeiro caos, como fala o gaúcho é uma "tranqueira" só.
Infelizmente vamos ter que esperar muito para que as bicicletas tenham seu devido valor.
Bisous chérie !!!
Oi Milena, espero que você nunca precise voltar a morar aqui, realmente esse e muitas outras diferenças de mentalidade dificultam demais a readaptação, eu só de visitar, quando volto sinto uma enorme diferença, com o que é bom nos acostumamos rápido...Aqui eu larguei o carro acho que de vez,embora faça falta quando se quer comprar coisas de peso maior e distante, bicicleta não tenho coragem porque ninguém respeita mesmo e é um risco de vida, ando a pé tropeçando nos buracos das calçadas e de transporte público me sujeitando aos riscos de um mal motoristas e até de assaltos que Graças nunca vivenciei. Não é fácil ser brasileira quando se sabe que poderia ser muito melhor...mas espero que esteja se dando os primeiros passos pra daqui mais duas gerações... Adoro seu blog e não comento sempre pq a conexão não permite, outro problema,rsrsrrss
Infelizmente a mentalidade do nosso povo não evolui. Os valores estão cada vez mais deturpados. Trocaria tranquilo deixar de andar de carro aqui no Brasil pra andar de metrô. . Bus e bike em Paris.
Beijo querida.
Otimo post, tambem me incomodo muito com esta mentalidade brasileira...tanto que uma vez postei sobre "choque cultural reverso"! Nao que aqui seja o paraiso mas uma coisa que sempre admirei nos holandeses é justamente que eles nao ligam pra carro, andam de bicicleta mesmo (ou de transporte publico, que aqui é mesmo de primeiro mundo).
Confesso que sinto pena das criancas que vao de bicicleta pra escola o ano inteiro, debaixo de chuva, ventania, etc.
Ai, Milena, esse tipo de notícia acaba comigo, viu? Adorei como você colocou a situação: "eu não conseguiria viver nesse ambiente hostil". Faz 1 ano e meio que não visito o Brasil e confesso que por enquanto não estou com vontade de voltar. E parece que esse tipo de notícia, mostrando a mentalidade das pessoas diminuiu ainda mais a pouca vontade que tenho...
Para contribuir com exemplos, aqui a batalha dos habitantes da cidade é outra: as pessoas estão protestando para que a prefeitura da cidade tire a neve das ciclovias, assim como faz com as calçadas, para que elas possam continuar andando de bike para todo canto no inverno também! ;)
Beijos,
Lidia.
Irei comentar exclusivamente porque você mencionou as bicicletas e os preconceitos que a cercam. Realmente é algo lamentável. Andar de bicicleta no Brasil é pedir para ser considerado um ser de casta inferior. Eu, particularmente, vejo a bicicleta como um estilo de vida, da mesma forma que os europeus também veem, no entanto encontro muito preconceito no dia-a-dia, não me sinto respeitado como ciclista; como disse acima você é visto como um ser inferior, e isso me cansa. Mas enfim, não vou deixar de andar de bicicleta por isso. Obrigado por mencionar as bicicletas, eu como ciclista sempre fico lisonjeado quando alguém faz isso.
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