quinta-feira, 3 de julho de 2014

Sobre o tempo e o nada

Há muito tempo eu reclamo que ando cansada, e sempre que ia ao médico era a mesma história. O médico não via nada de errado em mim, mas eu me sentindo sempre cansada, ele me pedia para fazer exames e com exceção da vitamina D, tudo estava bem.

Até que ele deve ter perdido a paciência e resolveu me fazer um questionário bem extenso.

E o que ele concluiu?

"A senhora trabalha mais do que a média (na França), vai à academia, segue 4 cursos pela internet ao mesmo tempo, mantém um blog, aos finais de semana acorda às 4 da manhã para pegar um avião ou trem para passar o final de semana fora e lá passa o dia inteiro batendo perna, ou quando fica em Paris trabalha como guia de turismo ou aproveita para visitar museus ou outros lugares turísticos além de ler feito uma louca (ok, exagerei, ele não usou a palavra "louca").
Quando descansa ou fica de bobeira sem fazer nada?"

Hein? O que significa ficar de bobeira?
Que palavra é essa "nada"?

Bom, não é de hoje que eu tento fazer o máximo de coisas, vivo nessa corrida contra o relógio, uma agonia de estar perdendo tempo. Quer me deixar de mal humor é ter a sensação que estou perdendo o meu tempo, um tempo preciso que poderia estar utilizando para coisas mais úteis! E isso vale no trabalho, detesto lenga-lenga, tenho que ir direto ao objetivo (o que não é bem-visto por aqui na França), e em casa fico brava com o marido quando pergunto quem ganhou o jogo e ao invés de me dar o resultado ele parte para 30 minutos de resumo dos 90 minutos!

E também não consigo dizer não. Na faculdade eu já era assim, me chamavam para tudo que era pesquisa e eu ia. Fazia todas as disciplinas eletivas, participava de todos os seminários. (Hoje reconheço que faltou foco, gostava de tudo, fazia tudo relativamente bem, mas não me tornei expert em nada). Mas na época, sem querer perder oportunidades que eu julgava preciosas e sem conseguir decidir, eu abraçava tudo.

E qual foi a última?
Como se eu já não estivesse sobrecarregada de trabalho (um cargo de mais responsabilidade que exige muito de mim e do qual serei avaliada no início de setembro), com uma viagem (que vai ser bem intensa) marcada para a próxima semana, acabei me inscrevendo para uma corrida.
Isso mesmo, eu que não consigo correr mais de 10 minutos me inscrevi para uma corrida de 6,7 km para setembro. Tenho 2 meses para tentar melhorar meu condicionamento físico, que modéstia à parte não é ruim, simplesmente ODEIO CORRER! Posso caminhar 30 km por dia, passar 2 horas em um elíptico, mas não consigo correr.
Vamos ver como vai ser, não quero ser a última a chegar 3 horas depois...

mas agora não tenho mais cara-de-pau de ir ao médico reclamar que não sei por que me sinto cansada...

6 comentários:

Morena da Mata disse...

Oi, Milena!

Eu cansei só de ler tanta coisa que vc faz, rsrs! Menina, que pique é esse??? Juro, queria ser assim tb! Que animação!
Ok, já tive um tempo que eu me metia a estar ocupada nos 3 turnos, correndo de um compromisso pro outro, mas, olha, o rendimento foi caindo junto com a minha disposição e a estafa que eu arrumei pra minha vida me fez aprender uma lição: take it easy!
Descansar e repor a energia pode parecer bem tedioso no começo, mas eu tenho visto por outra perspectiva: relaxar tb é investir numa melhor qualidade de vida ;)
Beijoooos!
M.
CaseiComOMundo.blogspot.com.br

Liza disse...

Que doida!! Tira umas horas por dia pra botar as pernas pro ar Mi. Vai te fazer bem!!

Ah eu tambem odeio correr, nem consigo. Me falta ar eu me desespero, mas meu sonho é "correr" uma maratona. Espero comecar a me preparar ano que vem.

Boa sorte pra voce e descansa mulher!!

Eliana disse...

Milena...vc vai ter um treco! Cuidado! Fazer nada também é bom. Reveja alguns conceitos, pelo seu próprio bem rs E, não acredito que, além de tudo, se inscreveu numa corrida?!?!? hahaha Fiquei me perguntando que seu marido não deve ser muito diferente. O meu já teria tido um treco se vc fosse a mulher dele! hahahahah Bjs

Allan Robert P. J. disse...

Meu sobrenome deveria ser ansiedade. Estou aprendendo a desligar. E estou gostando.

:)

Andréa de Azevedo Freitas disse...

Oi Milena, tudo bem? Eu ainda tenho uma dor no meu joelho esquerdo, que é "bichado", pelas andanças intermináveis em Paris. E olha que já fazem quase 4 semanas que eu voltei pro Brasil... Já tinha tomado a decisão de trabalhar menos, e ler/estudar mais, mas mesmo assim ainda me sinto carente de sofá e cama. Acho que o cansaço é também mental, pois sobrecarregamos nosso cérebro com informações excessivas, num espaço de tempo muito pequeno, sem que nós possamos assimilar tudo e desfrutarmos dessas novas idéias que vão surgindo. Eu sempre me cobrei muito, mas, sinceramente, hoje já não vejo muito sentido em ser meu próprio feitor.

Anônimo disse...

Menina, sou igualzinha! Eu DETESTO a sensação de que estou perdendo tempo, no sentido de que odeio achar que estou jogando fora um período de tempo que eu poderia estar vivendo intensamente. E acho que é esse o x da questão, eu quero tanto aproveitar a vida ao máximo que uma vida só é pouco para mim. Eu tinha que viver umas cinco!

Para você ter ma idéia, ao contrário de todas as pessoas que eu conheço, eu detesto dormir. Claro que eu gosto da sensação quando estou dormindo e ta, mas eu odeio o ato de passar 8 horas do meu dia inconsciente, em vez de estar aproveitando para ver tudo o que há para ser visto nesse mundo. Eu vivo tentando diminuir minhas horas de sono... Rsrs..

Beijos,
Lidia.