domingo, 14 de abril de 2013

O Brasil visto por um francês

Um assunto está dando o que falar: a visão de um francês que mora no Brasil (Belo Horizonte). Provavelmente vocês viram circulando no facebook, twitterou em outros blogs.

Eu achei o texto muito leve, não levei para o lado negativo, como muita gente, mas fiquei muito intrigada quando ele fala que o homem brasileiro não sabe fazer muita coisa, nem tarefas ditas "femininas" (nem sabe fazer uma massa, usar a máquina de lavar roupa), nem as conhecidas como masculinas.

Concordo que aqui na França, de uma forma geral os homens participam de igual para igual das atividades domésticas (apesar de algumas meninas viverem reclamando que não, então existem exceções), bem mais do que lembro do Brasil, mas a minha experiência nunca foi desses homens imprestáveis, "Deus me livre"!!!

Meu avô materno vinha de uma família de padeiros, ele mesmo teve padaria e sempre fazias tortas, bolos e cucas... Sem contar que quando a esposa faleceu, a minha mãe tinha 9 anos e ele nunca se casou novamente, sempre se virou sozinho e a educou muito bem sozinho. Quando eu era criança, durante o verão a minha irmã e eu ficávamos uma semana com ele na praia e uma semana com a minha mãe, eles se revezavam e assim as crianças ficavam 3 meses na praia!

Também lembrei (com saudades) de um colega de faculdade, militar da reserva, que também perdeu a esposa muito cedo e criou sozinho os 3 filhos. Quando nos conhecemos, os filhos já estavam crescidos e ele esperou encaminhar todos nos estudos e profissionalmente para seguir a sua própria vida. Um pai exemplar e uma pessoa incrível, do tipo que nunca faria mal para alguém, muito pelo contrário, só pensava no bem. E eu adorava quando a gente tinha trabalho para fazer e eu participava do grupo que almoçava na casa dele, uma delícia tudo o que ele preparava! Foi com ele que aprendi a colocar azeite de oliva em tudo!

Meu pai também sempre ajudou em casa. Além do churrasco que qualquer gaúcho que se preze faz de coração, o arroz de carreteiro dele é muito bom. Eh ele quem lava as panelas mais difíceis (e ajuda na louça em geral), ajuda na limpeza da casa e adora costurar e "tecer" nas máquinas da minha mãe. E se alguém acha que o meu pai  tem um lado "feminino" muito forte, ele é capaz de fazer qualquer coisa em termos de atividades "masculinas". Construção, qualquer tipo de acabamento... é com ele. Mas como a maioria dos homens, vai no ritmo dele, ou seja, não quer dizer que eles façam quando as mulheres pedem... Quem dera ter o meu pai por aqui para me ajudar nas reformas :(
A casa que o meu pai construiu para a família (a de verdade,  foi uma cópia conforme, pedido da minha mãe)

Ele gosta das camisas estilo italianas do meu marido, mas quando eu o presentei com uma écharpe ele que é muito friorento, me olhou e disse que infelizmente não iria usar... Também já era pedir demais!!!

Bem, muita gente me acusa de usar exemplos muito pessoais, do alto do meu umbigo... Mas esses exemplos se repetiam nos amigos, namorados, famílias dos namorados...  Pessoas de classes sociais diferentes e profissões diferentes. 

Sempre que a gente se depara com um homem que "não faz nada", todo mundo fofoca "o marido da fulana não sabe nem quebrar um ovo, quanto mais fritar um", ou "o beltrano é tão machista que diz que já é o suficiente pagar as fraldas, por que teria que trocar?" Para ilustrar que esse tipo de homem não é bem-visto por lá e na minha opinião está longe de ser maioria.

Bom, essa é a minha experiência, mas queria ler de vocês, o que vocês pensam dos homens brasileiros?
Realmente eles não fazem nada em casa, não cozinham nada e ainda não sabem fazer nada das tarefas tradicionalmente masculinas? Quais são as experiências de vocês?

9 comentários:

Beth Blue disse...

Tô até com medo de responder...mas vamos lá!

Na minha opinião, a sua experiência é mais exceção do que regra. Acredito que a maioria dos homens realmente não cozinha (a menos que seja hobby de fim-de-semana), muito menos faz tarefas domésticas...até porque, existe empregada para isso - ou na pior das hipóteses mãe, irmã ou esposa.

Tenho amigos formados em universidade que nem sabem fritar um ovo! Mas espero que isso esteja mudando um pouco, embora ainda ouça muitas brasileiras reclamando.

Diga-se de passagem, muitas delas acabam se casando com homens europeus (eu mesma fui casada com um inglês que cozinhava melhor do que eu, lavava banheiro, chão, vidraças, etc).

Mas vamos combinar que a culpa disso muitas vezes é a própria mãe que não deixa o menino lavar louça nem entrar na cozinha! Meu filho já está aprendendo a cozinhar e ajuda aqui e ali, embora contra sua vontade ;-)

É aquela velha estória...por trás de um homem machista, muitas vezes existe uma mãe machista (e isso sim eu vi na minha família). Então espero que isso esteja mudando nas novas gerações.

#prontofalei


Anônimo disse...

Ainda não li esse artigo que vc citou, mas essa análise do homem brasileiro que não faz nada em casa não é novidade. São machistas e muitas vezes não colocam nem o pé na cozinha, mas creio que a mentalidade tá mudando um pouco com a nova geração. Nesse quesito pelo menos os franceses estão em vantagem.

Abraços

Enaldo Soares disse...

Bom, minha amiga Milena, eu não vou contar do meu homem porque não tenho nenhum e vou falar de mim e minha geração (coincidentemente fui criado em Belo Horizonte, infância e adolescência).

Eu lamento profundamente ter me acomodado com as benesses da super-mãe, aquela que não só mastiga a comida para você.

Por esta razão, decidi estudar fora aos 15 anos, para aprender a fazer coisas como compras em supermercados, trocar um bujão, uma lâmpada,lavar a própria roupa. Foi muito importante ter acampado antes dos dezoito, aprender a montar barracas debaixo de chuvas, levar tombos, carregar mantimentos pesados, etc. Concordo que o homem brasileiro é criado querendo tudo na mão e as mães usam esta inépcia para manipular os filhos, mantê-los sob suas asas.

Mas de uma coisa eu escapuli e je vous accuse, les mères modernes qui travaillent. Vejo as minhas colegas de trabalho: sentindo-se culpadas por não poderem ficar em casa, e mais ainda quando são divorciadas, ficam, por diversas vezes ao dia, atendendo aos telefonemas de seus beberrões adolescentes e universitários, que não podem espirrar ou dar um peidinho que precisam da mamãe para se orientar. Deste inferno de mundo celular eu escapei, rs...

Estão faltando pais (do sexo masculino) que orientam estes crianções a serem menos mimados.

Jeh disse...

Bem vamos lá...

Milena, vc é do sul... sabia que os paulistas falam que os homens do sul são os mais prendados??? Eu que nasci e cresci em SP digo: conto nos dedos homens que façam faxina, lavam louça e saibam cozinhar... Meu pai pra falar que não faz nada ele lava a louça domingo de manhã, e meu irmão "sobrevive" na cozinha.
O único namorado que eu tive que sabia cozinhar era um que por ser vegetariano aprendeu na marra (e morava sozinho e adivinha, tinha faxineira).

Claro, sempre temos quem fuja da regra, o namorado da minha roomate em SP cozinha maravilhosamente bem e sempre que estavamos em dia de faxina ele nos ajudava. O mesmo com o ex de uma outra amiga que até gastronomia faz e o piso branco da cozinha é até espelhado...

Sei lá... eu sei que eu morri de rir quando li o texto, levei pelo lado positivo!

Agora vc viu que saiu a visão brasileira do francês???
http://ariquezadeviajar.blogspot.fr/2013/04/curiosidades-sobre-franca.html


grande beijo!

Ma Petite Lima disse...

Mi!!!

Ainda não li o tal artigo, mas pelo que li aqui não acho que o françês esteja assim tão errado (generalizando)... O ritmo de vida no Brasil é tão diferente, pelo ao menos la em Fortaleza tudo fica muito a cargo da mulher, sabe.
Acho o maximo ver aqui na França os pais indo aos parques, supermercado, escola, medico com as crianças. Tb vi muuuuito disso em Toronto..
Bom, essa é minha opnião.
Bju grandeeeee e quando vc vem a Nice, hein?!


http://mapetitelima01.blogspot.fr/

Deby-abelha disse...

Oi Milena,

Eu tinha lido o artigo via FB.
Muito interessante por sinal ler sobre o nosso país por olhos estrangeiros.
Os exemplos que eu tive sobre homens brasileiros é que não fazem absolutamente nada em casa´. Meu pai mesmo, nem o prato ele colocava minha mãe o servia. Fora que eu e a minha irmã ficava comtodas as tarefas domesticas da casa, eu era responsavel pelo almoco com apenas 6 anos enquanto min ha mae tinha que trabalhar fora e meu irmao 8 anos mais velho que eu que na época só estudava, passava o dia enfiando peido no cordao enquanto eu ainda crianca tinha que fazer as tarefas domesticas incluindo lavar a propia roupa no tanque. E isso eu via e vejo muuuuuuuuuuuito no Brasil. Mas eu acho que o nordeste tem uma cultura um pouco mais machista ou eu que convivi nesse ambiente. Não vou saber te responder.

Bjos

Eliana disse...

Acho tudo muito relativo...mas fico com o coment da Beth. Meus irmãos fazem alguma coisa, mas sempre escutam das respectivas mulheres que não fazem direito, ou seja, do jeito delas. Eu tb sou meio reclamona se marido faz algo e eu acho que ficou mal-feito. Ele tem o jeito de lavar louças que eu desaprovo, mas por que implicar se o que importa é o resultado final? Tem mulher que não dá espaço para o homem e depois reclama que ele não faz nada. E há os que realmente não querem fazer nada mesmo e isso eu tb vejo nos holandeses. Tem meninas aqui reclamando que o holandês que ficar livre no fim de semana porque trabalhou já a semana todinha enquanto ela ficou em casa, com filhos e na cabeça do cara a mulher tá com a vida mansa...então pra vc ver...tem gente de todo jeito aqui ou acolá.

Anônimo disse...

Oi Mi

Eu conconrdo com o Frances que escreveu o texto. Brasileiro tem muita coisa para aprender.

Se voce tiver a chance olha essa outra descricao do Brasil, feita por um alemao http://manuelschneider.blogspot.com/2012/12/whatiknowaboutbrazilians.html

bj, Ju

Josy disse...

Sou de BH e lá em casa meu costumava lavar as vasilhas depois do jantar, então depende muito da família que o sujeito foi criado.

Eu ainda não entendi o porquê desse rapaz ter escolhido Belo Horizonte, gringo normalmente gosta é de praia rsrs.

O que não gostei do texto dele é que parece que sempre tem um MAS, PORÉM de algo que é que ele elogiava.